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Coluna Marcelo Chaves
Coluna Marcelo Chaves

Artista plástico Pedro Henrique Garcia apresenta trabalho em homenagem aos 60 anos de Brasília

Marcelo Chaves

16/04/2020 8h00

Designer gráfico, publicitário e artista plástico brasiliense Pedro Henrique Garcia bateu um papo descontraído com a coluna sobre um de seus recentes trabalhos, que vem ganhando muitos elogios entre os moradores do DF. São artes criadas por ele com inspiração nos monumentos e pontos turísticos mais significativos da capital. Tudo com o seu olhar e tradução.

Igrejinha de Fátima

Como surgiu o projeto de retratar os monumentos de Brasília?

Meu filho me passou um link de um movimento chamado Brinksilia. Uma espécie de desafio lançado nas redes sociais para artistas e ilustradores da cidade produzirem uma arte por dia, de 1 a 21/4 (data do aniversário de Brasília) inspirada na capital. Achei interessante a proposta mas percebi que o Brinksilia tinha uma série de regras, temas definidos por dia, que eu não queria seguir. Resolvi então fazer meu próprio desafio e criar livremente artes de certos lugares da cidade que me inspiram. Eu nasci em Brasília, quando a cidade mal completava 10 anos de idade. Costumo dizer que fui criança junto com a cidade. Cresci e virei adulto junto com ela. Poucas pessoas tem essa sorte: nascer e crescer junto com sua cidade.

Palácio da Alvorada

Foi uma homenagem aos 60 anos da cidade as suas criações?

Sem dúvida. Brasília está prestes a completar 60 anos mas não vai haver festa. Estamos em isolamento social. Então essa foi a forma que eu encontrei de homenagear a cidade. Desenhá-la, brincar com suas formas únicas neste momento único da vida, trancado dentro de casa.

Tesourinhas

Qual dos pontos turísticos da capital você mais gostou de retratar?

Eu coloquei nas artes aqueles que de alguma forma fizeram parte da minha história em Brasília. Prédios de arquitetura única como o Itamaraty ou o Palácio da Justiça. O museu, o Pombal e o Panteão na Praça dos Três Poderes, além dos azulejos de Athos Bulcão. Mas também materializei outras referências que não são exatamente monumentos ou pontos turísticos mas que são singulares e fazem parte da identidade de Brasília como os pontos de ônibus e as tesourinhas.

Memorial JK

Me fale um pouco de sua carreira? Como começou?

Sou publicitário (diretor de arte), designer gráfico e artista plástico. Tenho uma estrada longa na publicidade e no design gráfico. Já trabalhei em muitas das principais agências do Brasil. E mais recentemente as artes plásticas tomaram espaço mais relevante em minha vida. Tenho feito algumas exposições e divulgado o meu trabalho nas redes sociais. Essa série de Brasília meio que mistura todas essas linguagens. O desenho, a pintura, a estilização e simplificação da linguagem gráfica.

Catedral de Brasília

Brasília é fácil de inspirar um artista?

Eu acho. Principalmente um artista que nasceu e se criou aqui. Brasília é uma cidade de estética diferente de quase tudo que existe no resto do mundo. É uma cidade que nasceu sob o estigma do modernismo. Nasceu com o objetivo declarado de ser uma referência estética. Mas foi uma cidade que demorou a criar uma identidade própria pois a maioria de seus habitantes vinham de outros lugares. Hoje já existem gerações de brasilienses nascidos e criados aqui. E este é um momento em que essa nova identidade está começando a achar suas formas de expressão. A minha série sobre a capital tem um pouco dessa nova identidade. Brasília vista e traduzida por um brasiliense.

Ponte JK

Nossa capital completa 60 anos, consegue ver Brasília aos 100 anos? Como acha que será?

Acho muito difícil fazer esse tipo de previsão. Ainda mais no momento de pandemia que estamos vivendo. Acho que o mundo todo será diferente daqui para frente.

Ipê Amarelo

Tem uma árvore usada em uma propaganda do GDF. É criação sua?

A marca do GDF, né? Sim, é criação minha. Se você fizer um comparativo de todas as marcas de governos estaduais no Brasil verá que a maioria delas usa bandeiras, brasões e símbolos oficiais. Este tipo de elemento visual cria um distanciamento da população. Eu quis buscar um símbolo que, ao contrário, criasse proximidade, pertencimento. O ipê amarelo é quase um símbolo que foi adotado afetivamente pelo brasiliense. A cada florada do ipê se pode ver milhares de fotos dele nas redes sociais das pessoas. A população gosta, admira, fotografa, comenta, comemora o ipê. E esse tipo de identidade visual consegue criar um elo mais forte entre população e a comunicação oficial.

Placas das quadras

O que deseja para Brasília nos seus 60 anos?

Para começar eu quero ver Brasília saindo bem, na medida do possível, dessa pandemia. Para que o brasiliense consiga voltar a curtir a cidade e seus espaços. Acho uma pena não podermos comemorar essa data. Por isso encontrei essa forma simples de homenagear a cidade.

Palácio da Justiça

Fotos: Arquivo Pessoal

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