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Coluna Marcelo Chaves
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Artista plástico Paulino Aversa e o filho Antonio promovem mostra pelos 60 anos da capital

Marcelo Chaves

21/04/2020 7h00

ARTISTA PLÁSTICO PAULINO AVERSA E O FILHO ANTONIO: AMOR POR BRASÍLIA DE PAI PARA FILHO

Nome conhecido e respeitado no mercado artístico do Centro-Oeste, Paulino Aversa nasceu em meio às artes e junto com a capital em 1960. Seu pai, José Salvador Aversa, que foi diretor da Novacap, da Dasp e Codebras, entre outros órgãos, era engenheiro e veio para construção de Brasília no final dos anos 1950, trazendo o filho Paulinho com mais dois irmãos.

Nos primórdios da cidade materializada por JK e com traços de Niemeyer, José Salvador fez amizade com renomados arquitetos e artistas, como Oscar Niemeyer, Lúcio Costa e Alfredo Ceschiatti. Desse convívio quase que diário, nasceu a paixão pelas artes do patriarca da família.

Um dia como rei, de Paulino Aversa

José Salvador iniciou sua coleção adquirindo obras diretamente de artistas, tais como Athos Bulcão, Glênio Bianchetti, Alfredo Ceschiatti e Farnese de Andrade, sendo também muitas vezes presenteado com importantes trabalhos de arte. Esse gosto do pai pelo mundo das artes foi influenciando Paulino Aversa, que desde criança gostava de desenhar, motivando-o a ingressar no curso de Arquitetura, pois era o que achava mais próximo do que ele gostava de fazer. Após dois anos de estudos, Paulino abandonou a Arquitetura e ingressou, sem o consentimento da família, nos cursos de Artes Plásticas e Desenho. Formado pela UnB, onde integrou o grupo de intervenção urbana Raul de Athayde, promoveu continuamente ações culturais junto à comunidade de Brasília e coordenou projetos de inserção social na Fundação Educacional do DF.

Visão da QI 25, de Paulino Aversa

Premiado em salões de arte, participou no Brasil e exterior de inúmeras mostras coletivas. Ao todo, já realizou 16 exposições individuais de temática e técnicas diversas, de acordo com a evolução de suas fases artísticas. Seus trabalhos integram shows, peças de teatro e publicidade, sempre na busca de “contrabandear” sua pintura para outros espaços públicos e da mídia, estabelecendo um diálogo com as outras artes. Paulino possui obras em acervos e coleções particulares no Brasil, Colômbia, Estados Unidos, Inglaterra e França. “Brasília é o norte do meu trabalho, aqui nasci e aqui me reconheci como artista, e levarei isso por toda a minha carreira”, diz.

Iaras, de Alfredo Ceschiatti

Filho de Paulino, Antonio Aversa também cresceu convivendo no ambiente das artes, tendo uma grande admiração pelo pai. Ele seguiu o mesmo caminho das artes, a princípio negociando obras e antiguidades aos 16 anos. Antonio estreou vendendo parte de um acervo de uma amiga da família e hoje possui um escritório no Gilberto Salomão, voltado para compra e venda de antiguidades e de obras de arte. Atualmente com 22 anos, já é considerado expert no assunto.

Guanabara, de Alfredo Ceschiatti

“Eu amo Brasília e a ligação da minha família com a capital. Essa cidade é uma obra de arte viva, desde os monumentos projetados por Niemeyer aos jardins desenhados por Burle Marx. Acho interessante que tanto eu como meu pai e meu avô nos envolvemos com a arte. Meu avô colecionando, meu pai produzindo e eu agora negociando. Fico feliz em fazer parte de Brasília e em ver minha família fazer parte dessa história”, destacou Antonio.

Brasília espalhada, de Paulino Aversa

Para comemorar os 60 anos de Brasília, a Galeria Élepê, localizada no Gilberto Salomão, no Lago Sul, convidou o artista para a apresentação de trabalhos representativos e que retratam na visão de Paulino, a sua Brasília. A mostra, que por conta da pandemia está sendo programada para o segundo semestre em data ainda a ser definida, contará com histórias e até lendas urbanas envolvendo a capital, como a dos graminhas. “Os graminhas eram polícias pagos para proibir as crianças de jogar futebol nos gramados recém plantados da capital. Eles apareciam de repente em uma grande correria, tomavam a bola da criançada e furavam com uma faca, além de confiscarem tudo. Vestidos de verde eram chamados pelas crianças de abacates do governo”, conta Paulino dando muitas gargalhadas. Essa e muitas outras histórias estarão presentes na exposição de pai e filho tendo os 60 anos de Brasília como foco principal.

Fotos: César Rebouças e Arquivo Pessoal

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