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Histórias da Bola
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Uruma-Kan cinquentona

Esta coluna dedica-se a histórias boleiras, mas, as vezes, passeia por outras modalidades. Como hoje!

Gustavo Mariani

03/04/2021 12h34

Atualizada 05/04/2021 16h48

Foto: Divulgação

Há 50 temporadas, na data de hoje, Brasília ganhava uma academia de karatê que jamais parou, a Uruma Kan. Tudo começou na 706 Norte e hoje continua pela 116, do mesmo lado da cidade, destacando a filosofia de ensinar crianças a líder com a modalidade.

Foi por acaso que o hoje sensei Jackson Pereira da Silva chegou ao karatê. Em 1969, ele trabalhava no Hotel Nacional, que era uma espécia de centro de Brasília, quem acontecia na cidade. Ao ajudar um japonês que mexia com medicina oriental a arrumar emprego na casa, aquele disse-lhe que lhe daria, em agradecimento, algo que lhe faria bem pelo restante de su vida. Chamava-se Takeo Hiyani e ensinou-lhe o karatê. De quebra, presenteou-lhe, também, com o nome da academia que hoje apaga 50 velinhas.

A Uruma Kan começou a despertar a curiosidade dos desportistas brasilienses a partir de quando Jackson começou a desenvolver métodos específicos para o ensino e transmissão de conhecimentos para diferentes faixas etária. Foi o grande diferencial. Ele percebeu haver uma grande diferença entre ensinar karatê para crianças e adultos. Começou a fazer um trabalho mais lúcido e pedagógico, visando desenvolver a habilidade dos jovens karatekas, por meio de brincadeiras, até que crescessem o suficiente para lutarem e ficarem aptos e aprenderem a se defender de verdade.

“Quero ser lembrado com alguém que transformou o karatê em brincadeira sadia para crianças que, a partir dos quatro, cinco de idade, comecem a estabelecr alguma forma de relação com o mundo. Alguém que criou uma lutinha, uma forma desprentenciosa de karatê, desenvolvida para tirar a criança do comodismo, do facebook do whatsapp”, explica Jackson.

Além disso, Jackson criou um método de competição exclusiva para a criançada, o kodomô, o que ele explica:

“Valoriza a base de quem começa a competir e dá forma lúdica aos jovens karatekas, bem como noções de distância, postura, limites e velocidade, sem riscos ou violência”.

Os karatekinhas trabalhados pelo método do sensei Jackson só devem ir ao dojô espontaneamente. É conscientizado da necessidade de alimentar-se bem, dormir cedo, se comportar bem em casa, ter bom rendimento escolar e se aplicar durante os treinamentos na academia. Jackson cita uma (boa) razão para o seu método ser importante na formação do karateka infantil:

Foto: arquivo pessoal

“Ele será preparado para tornar-se um faixa preta bem-sucedido não só no esporte, mas, também, no contexto social. Desde pequeno, o jovem karateka vai aprender a lutar pelos seus objetivos, perseguir metas. Pelo kodornô, a criança aprende que tudo na vidas exige esforço, luta, sacrifício. Jamais vai esperar nada chegando gratuitamente, sem empanho”.

Nas competições de kodomô, coletes-almofadas sã postos sobre quimonos, nas cores branco e vermelho, ou branco e azul, com identificadores de pontos vitais do corpo, nas regiões baixa, mediana e dorsal. Cada identificador representa um saber com pontuação. A verde fica na região da bexiga ensina que se deve preservar a natureza; a vermelha, no plexo, chama atenção para cuidados com o coração e ensina a reverenciar o Japão, que criou o karatê; a amarela, fixada nas costas, ensina a respeitar sinais de trânsito e um conceito básico do karatê: jamais dar as costas para o inimigo.

“A luta começa e termina com a reverência ao adversário. Vencer, ou perder é menos importante do que a lutinha do dia a dia”, finaliza sensei Jackson Pereira da Silva.

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