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Histórias da Bola
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Time da estrada de ferro

Arquivo Geral

27/11/2016 15h25

Durante a década-1960, um dos times mais chatos para os “grandes” do Campeonato Paulista era a Ferroviária, de Araraquara. Vencê-la dentro de casa era trabalho para super-heróis. Formou times que, hoje, seriam de primeira linha no Brasileirão da Série A, sobressaindo–se o meia Bazzani, o seu maior astro de todos os tempos.

Certa vez, em 8 de dezembro de 1963, a Ferroviária visitou o Estádio Urbano Caldeira, a chamada Vila Belmiro, pelo Paulistão (ainda não era chamado assim), e não tomou conhecimento do dono da casa.. Mandou 5 x 1 pra cima do Santos, diante de incrédulos 3.358 pagantes, que assistiram à marcação de três gols pelo ponteiro Peixinho, mais tarde contratado pelos santistas, e dois por parte de Tales, levado pelo Corinthians.

Naqueles 5 x 1, o Santos não teve Pelé. Mas isso não invalidou o feito da “Ferro”, pois, mesmo sem o “Rei do Futebol”, o time que o treinador Luís Alonso Peres, o Lula, mandou à luta era fortíssimo – Laércio; Olavo, Joel e Hamilton; Lima e Calvet; Dorval, Rossi, Coutinho, Batista e Pepe. Além do mais, dois meses antes, em 1º de setembro, jogando em casa, no Estádio Adhemar Pereira de Barros”, a Fonte Luminosa, em Araraquara, a Ferroviária havia mandado 4 x 1, com Pelé em campo – Gilmar; Dalmo, Joel e Geraldino; Zito e Calvet; Dorval, Lima, Coutinho, Pelé e Rossi. Assim como em dezembro, Peixinho foi, também, o cara, marcando dois tentos – Toninho; Geraldo, Fogueira e Zé Maria; Dudu (futuro astro do Palmeiras) e Mario; Peixinho, Tales, Lio, Capitão e Ari foi a escalação.

Antes daqueles dois prélios, a “Ferro” havia travado um dos mais emocionantes do Campeonato Paulista-1963, empatando, em casa, por 3 x 3, com o Corinthians. Daquela vez, o nome do jogo foi Paulo Bim, que o Vasco da Gama levou. Na época, o maior ídolo da torcida araraquarense, Bazzani, estava corintiano – Heitor; Augusto, Eduardo e Ari; Ferreirinha e Claudio; Davi, Nei, Silva, Bazzani e Lima. Dessa rapaziada, Eduardo, Ari Nei e Silva chegaram à Seleção Brasileira.

No mês seguinte, em novembro daquele 1963, para não deixar dúvidas da sua força, a Ferroviária recebeu a visita da então grande Portuguesa de Desportos, e a despachou, por 2 x 0, com dois gols de Tales. Sua escalação era constante: Aparecido; Geraldo, Fogueira e Galhardo; Dudu e Rodrigues; Peixinho, Paulo Bim, Tales, Capitão e Ari. Na Lusa do Canindé, despontavam Félix, o goleiro canarinho na Copa do Mundo-1970, e o meia Ivair, chamado por “Príncipe”, em alusão ao “Rei Pelé”. Além desses dois, também passaram pelo escrete nacional os laterais Cacá e Edílson e o centroavante Gino.

Fundada em 12 de abril de 1950, por engenheiros e servidores da Estrada de Ferro Araraquara, a Ferroviária, jogando no meio dos “grandes”, foi campeão do interior paulista-1967/68/69, e a sua maior goleada foi dos tempos de Segunda Divisão (campeã em 1955/56), quando mandou 15 x 1 Velo Clube, em 1955, com sete gols marcados por João Carlos Cardoso.

Em seus anos de glórias da década-1960, a “Ferro” fez excursões vitoriosas pelos continentes americano, europeu e africano, tendo, neste último, o seu treinador, Bauer (zagueiro da Seleção Brasileira da Copa do Mundo-1950) descoberto Eusébio, o maior craque da história do futebol português. Hoje, a Ferroviária é, apenas, um time modesto do interior paulista.

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