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Histórias da Bola
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Piolho na cabeça

Arquivo Geral

05/08/2016 18h27

O futebol baiano surpreendia os torcedores de todo o país com os apelidos dos seus jogadores. Pelas décadas de 60/70, formava uma seleção de nomes incomuns. Por exemplo: Mamoeiro (goleiro do São Cristovão-BA); Gato Preto (lateral-direito do Bahia); Onça (zagueiro central do Galícia), Luís de Dão (zagueiro do Bahia) e Pão (lateral-esquerdo do Bahia; Baiaco (volante do Bahia) e Dendê (meia do Atlético de Alagoinhas); Gagé (ponta-direita do Bahia), Beijoca (centroavante do Bahia), Ventilador (centroavante do São Cristóvão) e Canhoteiro (ponta-esquerda do Bahia).

Por aquela época, surgiu mais um atleta com um apelido esquisito: Piolho. O carinha era bom de bola, artilheiro, e caiu nas graças da imprensa baiana, principalmente de França Teixeira, o mais famoso radialista de Salvador. O seu nome verdadeiro estava na certidão de nascimento como Antônio Jesuíno da Silva, nascido em Vitória da Conquista, em 10 de julho de 1948. Media 1,72m, uma boa altura para os atacantes brasileiros da época, e jogava pesando 65 quilos.

Rápido nos deslocamentos, Piolho era bom controlador de bola e tinha grande impulsão. Jogava de cabeça erguida. Sendo lapidado pelo treinador Raul Betancourt, driblava só o necessário e formava, com Naldo, uma das melhores duplas ofensivas do futebol da Boa Terra. Tabelavam a partir do meio do campo. Em velocidade e com poucas passadas apareciam na cara do goleiro, o que fez de Piolho o grande goleador do primeiro Campeonato Estadual da Bahia, em 1967.

Garoto humilde do interior, Piolho sentiu-se mais feliz do que pinto no lixo quando viu, pela primeira vez, o nome dele escrito no jornal “A Tarde”, de Salvador. Guardou o exemplar para mostrar à sua mãe, em Conquista. No dia seguinte, marcou dois golaços na Fonte Nova. Entrevistado pela Rádio Sociedade de Bahia, ao final do prélio, o repórter o indagou sobre a categoria que ele demonstrara nos dois lances. Ele respondeu: “Não fiz nada de mais. Só driblei alguns adversários e balancei a rede. Não sabia que isso era muita coisa”.

Com a grande divulgação que Piolho passou a ter, foi amplamente divulgado pelas rádios de Salvador que o Cruzeiro de Tostão e Dirceu Lopes queria tirá-lo do Conquista Esporte Clube. Porém, havia um grande empecilho: a mãe dele não queria deixa-lo ir embora. Para ela, tratava-se, apenas, de um garoto de 19 anos de idade (já casado, mas sem filhos), que não podia deixara de ir à sua casa lhe pedir a bênção. Nenhum dia.

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