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Histórias da Bola
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Pelé e o Jornal de Brasília

Tabelinha em dois lances marcou a amizade do Rei com o JBr

Gustavo Mariani

30/12/2022 13h04

Acervo Jornal de Brasília

Nem só com o Coutinho o Rei do Futebol armou jogadas no ataque santista e da Seleção Brasileira. Ele, que tornou-se uma pessoa espiritual a partir das 15h27 deste 29/12/22, tabelou, também, com este hebdomadário, por conta de um empréstimo de camisas e de um desenho. Vejamos:

1 – Em 20 de março de 1974, o Ceub recebeu a visita de Pelé, no então chamado Estádio Hélio Prates da Silveira (coronel que governava o DF), o atual Mané Garrincha, e levou 3 x 1, pelo Campeonato Nacional, diante de oficiais 19.511 almas. Aos 23 minutos do segundo tempo, Pelé recebeu a bola pela intermediária do seu campo, venceu quem pintou pela frente e marcou o último “gol de placa” de sua carreira, na trave que fica do lado da Torre de TV. Após a partida, ele cumprimentou o zagueiro ceubense Pedro Pradera, por ter feito a sua marcação sem pontapés, e o presenteou com as suas chuteiras.

Passados mais de 20 temporadas, numa das visitas do Pelé a Brasilia, durante entrevista, lembrei-lhe do seu último “gol de placa” e pedi-lhe para ajudar-me a desenhar o lance. Pacientemente, ele atendeu-me. Depois localizei o Pradera e levei-o ao estádio para fotografá-lo e falar da jogada em que fora o último a ser batido pelo “Rei”. A matéria foi publicada à página 42 do caderno “Torcida”, do Jornal de Brasília de 24 de outubro de 2.011, e a entreguei ao Pelé durante uma outra sua vinda à cidade. Mas bem antes disso, em 2004, quando ele veio lançar o filme “Pelé Eterno”, cobrei por não haver aquele gol na fita. E ele caçoou: “Fiz o desenho de sua matéria. Então, o Jornal de Brasília fica me devendo a placa por aquele gol”.

Na noite do seu último “gol, gol, golão, golaço”, o Santos jogou com: Wilson Quiqueto; Hermes, Oberdan, Vicente e Turcão; Léo Oliveira e Nelsi; Mazinho, Nenê (Brecha), Pelé e Edu Américo (Eusébio). O Ceub alinhou: Valdir Appel; Luis Carlos “Beleza”, Pedro Pradera, Emerson Braga e Rildo (que jogara com Pelé no Santos); Alencar e Rogério Macedo (Gilberto); Renê, Cardosinho, Juraci (Carlos Roberto) e Dario “Maranhão”. O juiz foi Arnaldo César Coelho-RJ.

2 – Quanto o calendário marcava, não me lembro mais. Mas, com certeza, deve ter rolado entre 1995 a 1998, quando Pelé era o Ministro do Esporte do Governo Fernando Henrique Cardoso. Por ali, o chefe de Diagramação & Arte do Jornal de Brasília, o goiano Marcelinho Moura, perguntou-me se eu conseguiria uma camisa com a qual o Pelé tivesse jogado para ele montar uma mensagem do “JBr” no Dia das Mães, tipo “Mãe Camisa 10, Mãe Nota 10”, algo assim (foto destaque). Como eu entrevistava muito o Pelé – ele deveria andar com o saco cheio do meu gravador -, falei que iria tentar. E não foi que o “Rei” emprestou-me duas camisas, uma do Santos e a outra da Seleção Brasileira, daquelas velhonas, de algodão! Evidentemente, o anúncio bombou. Depois, o “JBr” entregou-me uma carta de agradecimento para levá-la ao “Camisa 10”, mas nunca a entreguei. No entanto, devolvi as jaquetas, que foram leiloadas, em 2016, pela Casa Julien´s, em Londres, na Inglaterra, quando o “Atleta do Século” desfez-se de mais de duas mil peças que marcaram a sua carreira.

Poderia ter havido um terceiro iten ligando Pelé e o “JBr”. Antigamente, o jornal mantinha uma sessão que registrava visitas de personalidades à casa, como governadores, ministros, senadores, deputados, artistas, escritores, etc, etc. Então, prometi ao Fernando Câmara, um dos antigos donos do jornal (e diretor comercial) levar o “Rei” para uma dessas visitas. O Pelé até concordou. Só faltou espaço em sua agenda.

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