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Histórias da Bola
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Os sem tri

A Seleção que acabou fracassando após as conquistas de 1958 e 1962

Willian Matos

30/09/2019 11h37

Gente de rádio, jornais e TV havia muita. Torcedores, uma meia dúzia. Era o que esperava pela Seleção Brasileira no carioca Aeroporto do Galeão, quando a turma chegou às 5h50 de uma manhã cinzenta e garoenta do 25 de julho de 1966.

Eliminada na primeira fase da Copa do Mundo da Inglaterra, por 1 x 3 Hungria e 1 x 3 Portugal, os candidatos ao tri só conseguiram vencer a Bulgária: 2 x 0

O zagueiro Brito, do Vasco da Gama, foi o primeiro a pisar em solo pátrio, sem sorrisos e braços levantados. Cartolas e comissão técnica cabisbaixos, e aplausos só para o atacante Jairzinho e para o lateral flamenguista Paulo Henrique (por parte de amigos da imprensa, evidentemente), que foram os mais requisitados para entrevista, juntamente com um outro botafoguense, o goleiro Manga.

O que faltou de futebol, em Liverpool, onde a galera jogou, sobrou de bagagem. Alguns atletas traziam até cinco maletas nas mãos. Os paulistas escaparam dos repórteres. O arqueiro santista Gilmar ainda acenou para quem estava no Galeão, mas assim que desceram do avião DC-8 da Varig, no final da pista, eles entraram, em seguida, em um Convair que os levaria para casa.

Para os jornalistas presentes, pegou mal a ausência do treinador Vicente Feola, que não viajou com a delegação, ficando pela Europa. O fato foi visto como falta de coragem de enfrentar quem lhe deu crédito.

Em São Paulo, Pelé e sua patota contaram com mais de 300 policiais para protegê-los. Assim como no Rio de Janeiro, foram poucos os torcedores presentes ao desembarque.

Para a revista carioca O Cruzeiro, o vexame canarinho foi causa da falta de comando da comissão técnica;  do excesso de preparo físico por parte de um professor de judô, (Rudolfo Hermany) e da falta de preparo psicológico. A semanária criticou, também, a atitude do presidente da Confederação Basileira de Desportos (CBD), atual CBF), João Havelange, que decidiu chefiar a delegação, e terminou deixando tudo por conta da CT, que contava com  dois massagistas, dois médicos, um preparador físico e um treinador de campo. A desculpa pela falta de um psicólogo, fora a falta de lugar na delegação, mesmo que numerosa.

Mas as críticas não foram só estes quatro itens citados. Culpou-se, ainda, a não definição de um time-base e a falta de entrosamento das equipes que jogaram amistosos durante três meses de preparativos. Foi o contrário das campanhas dos títulos de 1958, na Suécia, e de 1962, no Chile, quando buscou-se a familiaridade entre os setores do time.

Deu-se um desconto para o fato de o time de 1966 ser inferior aos das outras duas Copas, bem como para os prejuízos causados pelas contusões que fizeram o grupo perder o apoiador e líder santista Zito, além do ex-botafoguense Amarildo, defendendo o italiano Milan, além dos problemas de última hora com o meia botafoguense Gérson,e o ponta-esquerda são-paulino Paraná e o lateral banguense Fidélis.

No entanto, na verdade, para O Cruzeiro, o futebol sul-americano não evoluíra muito em relação ao europeu (exceto o italiano), de 1962 em diante. Exibia lentidão, posições fixas e muita retenção de bola, enquanto os adversários eram mais vigorosas e eficientes. Mais: o Brasil não tinha plano tático. Nenhuma fórmula dera certo.

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