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Histórias da Bola
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ORLANDO FUMAÇA

Um becão de quase dois metros de altura que tinha “válvulas” fritando canelas dos atacantes

Gustavo Mariani

18/02/2024 9h09

Em 1982, quando o Vasco da Gama e o Flamengo enfrentavam o Americano, de Campos-RJ, seus astros, respectivamente, Roberto Dinamite e Zico, sofriam com a marcação do zagueirão Orlando. Sempre saíam de campo reclamando daquele beque, com 1m91cm de altura, que não perdia a viagem, soltando fogo no cangote de quem marcava.

De tanto a imprensa carioca falar do excesso de raça do becão do Americano, chegada a temporada 1983, rapidão, o Almirante foi busca-lo para a sua zaga, pois, quando os titulares Ivan e Rondinelli não atuavam, os reservas Chagas e Nei davam arrepios na torcida.

Orlando, quando desembarcou e São Januário levava a fama de marcador implacável, parente daquele dragão que soltava fogo pelas ventas.

O apelido de “Fumaça”, no entanto, não teve nada a ver com a virilidade de suas marcações. Foi porque ele tinha uma moto que espalhava muita fumaça.

Precisava de uma acerto no motor, mas ele nunca providenciava o barato. Os colegas de Vasco cobravam e ele dava uma de entendido em mecânica: “É defeito nos retentores de válvulas. O lubrificante está descendo pela haste da válvula quando o motor fica desligado. O óleo frita quando pega alta temperatura na câmara de combustão”.

Orlando Orlando Monteiro do Nascimento Filho passou uma temporada em São Januário prometendo, a cada dia, arrumar o problema da moto. Mas, como ele soltava muita fumaça combatendo na zaga e não demonstrava tantas intimidades com a pelota, foi despachado, em 1983, para emplacar no América, de Rio Preto-SP, no qual o Cruzeiro foi busca-lo, com as mesmas intenções do Vasco da Gama, que tinha, também, o trepidante Marajó em sua zaga.

Mesmo sem chamar a bola por “você”, mas por “excelência, certa vez, Orlando Fumaça teve um dia de “mais glórias”. Em 19 de dezembro de 1982, no Maracanã, jogou pela Seleção Carioca, contra a Paulista (2 x 2), ao lado dos astros Zico e Roberto Dinamite, que ele arrepiava – Paulo Sérgio (Gasperin); Perivaldo, Zedilson, Heraldo (Orlando Fumaça) e Pedrinho; Junior (Pires), Elói e Zico (Ernâni); Geraldo, Roberto Dinamite e Gilson Gênio (Luizinho das Arábias) foi o time, comandado pelos técnicos: Edu Coimbra e Zé Mário, ambos jogadores do Vasco da Gama.

Nascido em Miracema-RJ, no dia 30 de outubro de 1957, Orlando Fumaça, que era o danadinho garoto Neguinho, em seus tempos de moleque, foi descoberto para o futebol de uma forma esquisita: o Goytacaz, de Campos, jogou um amistoso em Miracema, mandou 6 x 0, mas o seu treinador, Paulo Henrique, antigo lateral-esquerdo do Flamengo e da Seleção Brasileira, achou que não mandou 12 por causa do zagueirão do time a terra. E o convidou a fazer testes no “Goyta”, em 1976.

Orlando Fumaça foi, também, um cigano da bola. Além dos times citados acima, passou por Mixto-MT; Ponte Preta-SP; Atlético-PR; Novorizontino-SP; Boavista e Amarantes, os dois de Portugal; Ceará; Matonense-SP; Bandeirante, de Birigui-SP, e pendurou as chuteiras, em 1992, em sua segunda passagem pelo América, de São José do Rio Preto, devido lesão no ligamento cruzado posterior do joelho direito.

A última notícia dele é a de que, casado, com Neuza, tem cinco filhos – Marcele, Orlando Neto, Natália, Ulisses e Mariana – e segue residido em São José do Rio Preto, onde trabalha como corretor de imóveis.

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