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Histórias da Bola
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O zagueiro remador

Tinho foi campeão de terra e mar, mas não chegou às nuvens da glória por causa de tantas lesões

Willian Matos

10/12/2019 12h17

Nascido, em Salvador, – 18 de janeiro de 1943 – Nilton Ferreira de Souza fez fama no futebol baiano, apelidado por Tinho e que aparece em pé nesta foto de quando jogava pelo Flamengo.

Ele foi um zagueiraço, desde os tempos de juvenil do Bahia. Profissionalizou-se, pelo Leônico, numa época em que era, também,  remador do Vitória, pelo qual foi campeão da Copa Norte de Remo. 

Em 1971, um torcedor do Vitória levantou-se da arquibancada, na Fonte Nova, apontou e disse:  “Quero ver este aí na Seleção Brasileira, em 1974” – pensando na Copa do Mundo da então Alemanha Ocidental.

Voltemos um pouco no tempo.  Com certeza, aquele grito do torcedor já tinha sido ouvido pelo Flamengo-1968, quando levou Tinho para a sua zaga, o que leremos adiante. Antes, vale dizer que não fora pacífica a troca que ele fizera, do Leônico pelo Vitória, em 1962. O caso parou na Justiça, com o segundo obrigado a pagar indenização e Tinho castigado com estágio (parado, por determinado tempo).

Valeu, porém, a briga, para o Vitória. Com Tinho em sua zaga, seu time sobrou pelos Campeonatos Baianos-1964/1965. No primeiro – em 30.05.1965 -, na Fonte, o Vitória mandou 2 x 1 Bahia e ficou campeão,  no terceiro jogo decisivo (dois gols de Itamar). Com o xerifão  Romenil foi expulso de campo, Tinho se desdobrou na zaga, ao lado do veterano Nelinho, de ex-antigos Flamengos.

Em 1965, a final foi contra o alvirrubro Botafogo-BA. O primeiro e o último jogo foram 0 x 0 e o segundo Vitória 1 x 0, com gol por Tinho. Bicampeão baiano e ídolo da torcida do Vitória, Tinho seguiu escorando tudo na zaga, inclusive, durante a Taça Brasil, entre campeões estaduais.

Vamos, então, para 1968, quando Tinho foi vestir a jaqueta do Fla. Totalizou 27 refregas, nove vitórias, um gol, 11 empates 11 e 7 escorregadas. Só isso? Se as donas contusões não o tivessem castigado tanto , certamente, a zaga baiana formada com  Onça, isto é, Mário Felipe, devoraria, por muito mais tempos, os ataques que pintassem.

Tinho estreou flamenguista (06.10.1968) no 0 x 2 Palmeiras, no Maracanã, pelo Torneio Rio-São Paulo, diante de 29.730 almas. Naquele que foi o jogo 2. 316 do clube, Ubirajara Alcântara; Murilo, Onça, Tinho e França; Carlinhos, Luís Cláudio (Cardosinho) e Zezinho; Fio Maravilha (ainda não chamado assim), Dionísio (Diogo) e Arílson foi o seu primeiro Fla. Em seguida, fez mais quatro jogos – 2 x 2 São Paulo; 0 x 1 Fluminense ; 0 x 0 Atlético-MG  e 0 x 0 Botafogo,  e reapareceu (30.06.1969) quando já rolava a Taça Guanabara.    

O jogo (2.362) Flamengo 3 x 0 Campo Grande  (05.07.1969), no Maracanã, foi a primeira vitória do Tinho rubro-negro carioca, com 23.417 pagantes, pela mesma Taça GB – Dominguez; Murilo, Onça, Guilherme e Tinho; Liminha e Rodrigue Neto; Doval, Fio, Dionísio e Arílson (Luís Henrique) foi a turma. Se havia atuado pela esquerda diante do Campusca, no jogo seguinte – 1 x 1 Botafogo – , trocou de lado, mostrando-se polivalente – Sidnei; Tinho, Onça, Manicera e Paulo Henrique: Liminha e Rodrigues Neto; Doval, Cabinho (Ismael), Dionísio e Arílson, a escalação.      

O primeiro Tinho vitorioso (2 x 1) em clássico carioca foi no Fla-Flu (27.07.1969), também, da Taça GB (jogo Fla 2.366), formando dupla de zaga com Manicera, repetida no clássico seguinte – 2 x 1 Vasco da Gama, fazendo parte de sequência de nove jogos seguidos. Saiu do time e voltou em mais um grande resultado ( 3 x 1)  Vasco da Gama, pelo Rio-São Paulo, oficialmente, Torneio Roberto Gomes Pedrosa.

No 12 de outubro do mesmo 1969, Tinho, que já tinha formado zagas com Onça, Manicera e Guilherme, atuou ao lado de Brito, que seria o dono de sua posição pela Copa do Mundo-1970, no México. Rolou (1 x 1) ante o Coritiba, ainda do chamado Robertão, em Curitiba. Em 16.11, ele foi substituído por um outro baiano, o lateral-direito Ubaldo, contra o América (1 x 1)  – Onça, Tinho, Ademir  Oliveira, Ubaldo e Nevínton, ponta-esquerda que saíra do Fluminense de Feira de Santana, onde era Neves, era a colônia baiana n Gávea.

Veio a década-1970 e Tinho teve o seu quarto parceiro de zaga rubro-negra, Washington, durante o amistoso Fla 4 x 2 Rio Branco-ES, em Vitória. Também (15.02.1970), o seu primeiro jogo internacional  (Fla 2.400) nos  4 x 1 Seleção da Romênia, no Maracanã, pelo Torneio Internacional de Verão, diante de 74.472 pagantes – Sidnei; Murilo, Washington (Onça), Tinho e Paulo Henrique; Zanata e Liminha; Doval (Ademir), Dionísio, Fio (Nei Oliveira) e Arílson foi o time.  Em março de 1971, substituiu Onça no amistoso (1 x 1) com a Desportiva-ES e teve seu quinto parceiro de zaga, o paraguaio Reyes.

Depois, só jogou  em maio (28), em Fla 3 x 0 Bonsucess o, pelo Estadual-RJ, no Maracanã, com só 1.571 pagantes. Em Fla 1 x 0 Portuguesa-RJ (08.04.1972), pelo Estadual-RJ, teve em Fred o sexto parceiro de zaga. Pela mesma temporada,  participou de sua maior galeada em clássicos cariocas – 5 x 2 Fluminense (23.04.1972), formando com Renato Valle; Aloísio, Fred, Tinho e Rodrigues Neto; Liminha e Zé Mario; Rogério Hetmanek, Caio, Doval e Paulo César Lima. Mais: ajudou a derrubar um outro grande – Botafogo 2 x 1, em 16.07.1972, pelo Estadual. Em setmbro (29), Tinho reviveu uma velha emoção: venceu o Bahia, na Fonte Nova, pelo já chamado Campeonato Nacional.

Em 1972, também, formou sua sétima dupla de zaga, com Chiqinho Pastor, durante o Campeonato Carioca. Em 1973, teve mais dois outros colegas do lado: Rondinelli e Jaime de Almeida Filho. E aparece (15.11.1973), pela ultima vez, em uma escalação do Flamengo, diante do Cruzeiro (1 x 2) , no Maracanã – Ubirajara Mota; Moeira, Rolndinelli, Tinho e  Rodigues Neto;  Liminha e Afonsinho (Geraldo); Rogério Hetmanek,  Toninho (Dario), Zico e Paulo César  Lima foi o time.

Títulos

No início de 1970, treinado por Yustrich (Dorival Knipell), Tinho ficou campeão do Torneio Internacional de Verão,  com 4 x 1 Seleção da Romênia (15.01); 6 x 1 Independiente-ARG (18.01) e 2 x 0 Vasco da Gama (22.01), este diante de 114. 928 pagantes,  no Maracanã – Sidnei; Murilo, Washington , Tinho e Tinteiro; Zanatta e Liminha; Doval (Ademir)(Bianchini), Dionísio, Fio (Nei Oliveira) e Arílson foi o time do último jogo.  

Pelo mesmo 1970, pela Taça Guanabara, Tinho estreou (07.03) titular (0 x 0 Botaogo), mas só voltou ao time a seios jogos do final, em 0 x 0 e 2 x 0 Vasco da Gama (01 e 10.05). Portanto, campeão com três participações. Em   1972, atuou eme 13 dos 27 jogos do título etasdual, fomando zaga com Fred (12 jogos) e Chiquio Pastor (17) , no time-base: Renato Valle; Moeira, Chiquinho (Tinho), Reyes e Rodrigues Neto;  Zé Mário e Liminha; Rogério Hetmanek, Caio,  Doval e Paulo Césr Lima.  Em 1973, esteve só em duas partidas da invicta conquista da Taça Guanabara, quando o time só mudou com Vicentinho, pela ponta-direita, e Dario formando dupla fatal com Doval.

No  melhor Vitória de todos os tempos, Tinho ganhou a  mesma consideração de Nelinho, um dos maiores ídolos da torcida rubro-negra baiana. O time teria: Detinho; Rodrigo (Seleção Brasileira-1995); Romenil (1963 a 1970); Tinho ou Nelinho formando dupla com Romenil e França (1972); Bigu (1985 a 1989); Ramon Menezes (1994 e de 2008 a 2010; Petkovic (1997 a 1999); Ricky (nigeriano, 1984 e 85); André Catimba (1972); Mário Sérgio (1971 a 1975).      

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