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Histórias da Bola
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O Lobo não mordeu

Zagallo não ditou os seus conceitos táticos durante a campanha do tri

Gustavo Mariani

13/10/2020 8h36

Atualizada 11/11/2020 16h19

Foto: Divulgação/CBF

Embora treinador, no futebol brasileiro, seja quem determine a escalação do time, Zagallo não ditava a sua vontade na definição dos canarinhos que entravam em campo durante a Copa do Mundo-1970, no México.

Alinhar os 11 atletas passava por ponderações de uma comissão técnica, que tinha normas. Por exemplo, Piazza e Tostão não seriam titulares com o Lobo, que daria as respectivas vagas para Fontana e Dario. No entanto, ele aceitou ponderações.

Para escalar Piazza, o colegiado o convenceu de que este raciocinaria melhor em uma linha de zagueiros; saía jogando acima do potencial da dupla Fontana/Joel Camargo; sabia dar opções de ataque ao time, no contra-ataque; tinha mais espírito de equipe e aparecia melhor durante as coberturas.

No caso da escalação de Tostão, os argumentos foram: era um craque fora de série que não poderia ficar fora de nenhum time brasileiro; durante as Eliminatórias, quando a Seleção Brasileira ainda não estava tão entrosada, Tostão ao lado de Pelé fora uma das melhores armas, com o time apoiando as suas ações em cima deles; por ser craque extraordinário.

Tostão adaptava-se a qualquer sistema de jogo, podendo, até mesmo, ajudar a defesa, em casos de sufocos.

Um outro ponto em que Zagallo teve de ceder foi trocar Paulo César Lima, que ele queria pela esquerda do ataque, jogando como ele o fez durante os Mundiais de 1958/1962. O PC não era bem um ponteiro e, inicialmente, Zagallo temia, de repente, ter que fazer o 4-3-4-3 pelo meio, recuando um ponta sem experiência nisso.

Mário Jorge Lobo Zagallo sustentava que o fato de PC Lima procurar muito o meio não deixava o time capenga. Para ele, criava opções ofensivas, com Pelé e Tostão caindo para a extrema esquerda e abrindo claros no meio da zaga adversária.

Zagallo pregava, ainda, que por contar com o poder de ofensividade de Jairzinho, Tostão e Pelé, poderia usar o PC Lima na cobertura da defesa.

Antes de querer Dario no comando do ataque do escrete-1970, Zagallo queria o centroavante botafoguense Roberto “Cabra Macho” Miranda. Mas só ele e o preparador físico Admildo Chirol – dois eram do Botafogo – votavam na opção. Os demais membros da comissão técnica defendiam que Jairzinho, Tostão, Pelé e Edu Américo (santista) seria o ataque ideal.

Zagallo terminou tirando Paulo César, mas colocando no lugar do “Caju” (apelido do craque, por ter tingido, tempos antes, os cabelos naquele tom) um outro meia, o cracaço corintiano Roberto Rivellino, que foi titular durante toda a campanha do tri. PC Lima entrou no decorrer de duas partidas e começou e terminou outros duas.

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