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Histórias da Bola
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O goleiro frangueiro

O botafoguense Cao era frangueiro, mas jogava em time de craques

Gustavo Mariani

11/11/2021 11h25

Atualizada 12/11/2021 12h00

O maior senso de seriedade, hoje, da imprensa esportiva brasileira tirou uma graça marcante nas publicações das décadas-1960 e 1970. A geração de torcedores de agora não conheceu a Revista do Esporte, lançada pelo jornalista/empresário Anselmo Duarte – mandou para as bancas, também, as Revista do Rádio, Vamos Rir, Vamos Cantar, Radiolândia e Chico e Chica. Uma marca registrada daquela semanária era a irreverência. Pintando uma brecha, a manchete engraçadinha estava garantida.

Quem comprou, por exemplo, o Nº 453, de 13.11.1967, encontrou duas chamadas curiosíssimas: “O goleiro mais franqueiro do Brasil” e “São Paulo tem goleiro que quase foi padre”.

No primeiro caso, enfocava um atleta criador de frangos. “Cao (do Botafogo) cuida da bola e dos frangos), explicava o subtítulo, informando que o alvinegro era o único goleiro praticante de tal atividade comercial no país, desenvolvida em uma granja, no km-19 da estrada Rio-Petrópolis, onde vendia, também, ovos. Ali, montou três galpões, em uma área de mais de um alqueire. Quando os colegas Manga e Gérson souberam, não de outra. Virou “goleiro franqueiro”. E a revista do Anselmo foi em cima.

Luís Carlos Queirós, o verdadeiro nome de Cao, foi bicampeão carioca e da Taça Guanabara (era uma disputa à parte), em 1967/1968. Gaúcho, de Pelotas (26.09.1945), tinha uma boa altura (1m82cm) para o seu tempo. Hoje, seria considerado baixo para a posição. Ganhou o apelido dos colegas de peladas devido ser muito brancão.

De inicio, Cao atuou no futebol de praia. Depois, mandou-se para os gramados e o São Cristóvão e disputou um campeonato estadual de juvenis, voltando a interessar ao Flamengo, que o tivera por duas temporadas. Sem acordo financeiro, pintou no Botafogo, que pagou-lhe NCr$ 8 mil e mais NCr$ 12 mil ao “Santo”. Para ele, Castilho, do Fluminense, fora o maior dos goleiros brasileiros. Entre os de sua época, alinhava Manga (de quem fora reserva, no Botafogo), Ubirajara (Bangu), Arlindo (Grêmio-RS), Valdir (Palmeiras), Picasso (São Paulo) e Gilmar (Santos) os melhores.

Enquanto isso, se Cao era o maior frangueiro, Emerson Leão era o que mais entendia de frango. Na verdade, ele jamais fora um granjeiro. Ganhara “sabedoria” avícola de uma agência de publicidade, ao fazer anúncio comercial de uma marca de frango.

Um dos maiores goleiros brasileiros entre 1969 e 1986 – defendeu Comercial de Ribeirão Preto (1967), São José (1968), Palmeiras (1968-1978, 1984-1986), Vasco da Gama (1978 – 1980), Grêmio (1981 – 1983), Corinthians (1983) e Sport-PE (1987). Leão ganhou muitos títulos e foi o segundo atleta que mais jogou pelo Palmeiras, 617 vezes, só perdendo para Ademir da Guia, com 915. Pela seleção canarinha, fez 105 partidas. Durante a Copa do Mundo-1978, era o terceiro jogador brasileiro com maior salário, só perdendo para Zico e Rivellino.

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