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Histórias da Bola
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O dia que o Vasco derrubou Lula

Candidato explicitou o seu time no futebol carioca e perdeu por goleada

Gustavo Mariani

06/02/2023 11h23

Reprodução/Instagram/Ricardo Stuckert

Tempos depois de perder as eleições presidenciais de 1989, para Fernando Collor de Mello, do PRN-Partido da Reconstrução Nacional, o candidato do PT- Partido dos Trabalhadores, Luís Inácio Lula da Silva, declarou que o seu maior erro de campanha foi não ter convidado o deputado Ulysses Guimarães para o seu palanque. Nem tanto, pois Ulysses só teve 330.8702 votos, ou 1,98% da preferência eleitoral. O que o derrubou mesmo foi a sua ex-namorada Miriam Cordeiro ter ido à TV dizer que ele queria vê-la abortando o feto de Lurian, a futura filha que teriam. Lula não permitiu aos seus apoiadores de concatenação de campanha fazerem nada contra a mãe, preferindo ir para o último debate na TV (Bandeirantes), contra o Collor, sendo um trapo mental.

Pra piorar a situação do Lula, a TV Globo editou, para o principal dos seus noticiários, o Jornal Nacional, os melhores momentos do Collor em debates anteriores, derrubando-o ainda mais. Pra piorar muito, muito mais do que estava, Lula foi à decisão do Campeonato Brasileiro de Futebol, na tarde do sábado 16 de dezembro de 1989, e chutou pra fora, declarando aos repórteres que era torcedor do Vasco da Gama, no Rio de Janeiro. Logo, torceria contra o dono da casa, o clube tricolor paulista. Levou a maior vaia já ouvida naquele estádio, quase todo tomado por torcedores são-paulinos que iriam às urnas no dia seguinte – 17 de dezembro, um domingão.

Não se pode dizer que o público, de 71.552 pagantes, de maioria são-paulino, decidiu o pleito presidencial no segundo turno, mas a declaração vascainada de Lula ajudou muito na vitória do candidato Fernando Collor, pois o São Paulo era (ainda é) o segundo time com maior torcida no Estado de São Paulo (11, 5% da galera), o equivalente a 16,8 milhões de simpatizantes. No país, graças aos seus muitos títulos das três últimas décadas, só fica atrás de Flamengo (42 milhões de torcedores) e de Corinthians (29,4 milhões).

Se o Estado de São Paulo tinha 34,6 milhões de eleitores aptos a irem às urnas durante o segundo turno do pleito presidencial de 1989, e o time tricolor paulista que reunia 16,8% desse total, isso significava 5 milhões, 812 mil, 801 eleitores irados contra o Lula. Como o Vasco da Gama venceu o São Paulo, por 1 x 0, dentro do Morumbi, a casa são-paulina, e saiu de lá campeão nacional, imaginemos que nenhum torcedor do clube mandante tenha gostado do que acontecera. Certamente, o torcedor-eleitor são-paulino saiu do Estádio Cícero Pompeu de Toledo querendo esfolar o candidato petista, que vascainara na hora errada, no local errado. Imaginemos, então, que o placar do pleito paulista – Fernando Collor 9.262.553 votos, contra 6.735.560 para Lula – tenha passado pelo que Lula falara na latinha (microfones radiofônicos).

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