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Histórias da Bola
Histórias da Bola

O desportista Pedro I

Em tempos de brasileiros preguiçosos, ele cavalgava, nadava e escalava montanhas

Gustavo Mariani

20/07/2022 11h21

Desde o Segundo Império (1840 a 1889), nos chegavam da Europa teorias sobre a higienização corporal. Por ali, o brasileiro era tido por vindo de séculos de inércia e preguiça. Bom motivo para os primeiros tempos da República virem acompanhados por propostas incluindo melhorias dos nossos meios de alimentação e de moradia, reforçada por ventos já assoprados na década-1830 e que cobrava tornar a Educação Física obrigatória nas escolas primária e secundária da então Corte dos Orleans e Bragança.

Grande sacada! Mas ela só chegou à Câmara dos Deputados em 1879 e só recebeu parecer favorável do que seria, hoje, o relator da peça (Ruy Barbosa), em 1882. Gente de peso, como o Barão do Rio Branco, apoiava tais ideias europeia e levava filhos para caminhadas diárias, o que entrava na conta da ginástica para desenvolvimento do físico.

Mas, até o final do século 19, a educação física ainda era vista de revestré pela maioria da população brazuca, incomodando médicos que gostariam de vê-la levada às crianças, sobretudo. Quem publicava algo sobre o tema anunciava por revistas esportivas, recomendando a professores e pais que ajudassem a “formar uma nação sadia e forte”. Não dava, no entanto, para ser propaganda de grandes proporções, pois revistas esportivas mesma na Corte só havia sobre o turfe, que fez nascer a Vida Sportiva e O Sport, entre outros que só viam corridas de cavalo por esporte – com torcedores torcendo só pelo seu dinheiro apostado.

No meio do rolo, os poucos clubes ginásticos que apareciam no Rio de Janeiro, na verdade, eram, fachada para tentar enganar a polícia sobre os jogos proibidos. Por volta de 1894, as publicações turfísticas passaram a noticiar esportes que pediam passagem, como o jogo da pelota, o remo e as corridas a pé, e o crescimento deles levou círculos letrados, como o frequentado pelo poeta Olavo Bilac, em 1907, a saudar os exercícios físicos, vendo-os caminhos para nos salvar da degeneração física.

A leitura avançada da história da prática física e desportiva por aqui leva a crer que o primeiro desportista brasileiro foi um português: Dom Pedro I. Nascido no 12 de outubro de 1798, ele foi criado pela ralé de aias e amas de leite, além de preceptores e mestres do Palácio de Queluz, e pela avó louca, Dona Maria I. Medindo entre 1m64cm a 1m67cm, Dom Pedro exibia tórax e ombro largos, braço fortes e mãos grandes. Gostava de nadar nas praias cariocas, para exercitar o corpo e, também, por recomendação médica,

Não ficava só pela natação a desportividade e a exercitividade do Pedro. Ele praticava, ainda, escaladas de montanhas (percussor do alpinismo brazuca) e cavalgadas. Era cavaleiro tão intrépido e ousado que, pelas suas contas, chegara a levar 36 tombos dos cavalos. Mais: foi o percussor dos nossos pilotos de velocidade, saindo à todas pelas ruas do Rio de Janeiro, pilotando carruagens a quatro cavalos. Por causa dessa sua hiperatividade, a sua mulher, a Princesa Leopoldina, beliscou, também, a inclusão do seu nome na história desportiva brazuca, como primeiro amazona e caçadora desportiva. Quem diria! Dom Pedro I, o nosso primeiro desportista. E, quando se atirava aos mares cariocas – nadava nu.

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