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Histórias da Bola
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Marquinho, o descentimetrado

Ele era baixinho, mas subiu mais do que os grandões e marcou gol que valeu título

Gustavo Mariani

09/04/2023 12h06

Foto: arquivo pessoal

Que tal o seu time ter jogador com mil e uma utilidades, só não titular por falta de centimetragem? Acontecia no Vasco da Gama de 1983, com Marquinho. Bom domínio de bola; drible seguro; chute forte; inteligência no cumprimento de função tática; rapidez na armação de contra-ataques e exímio cruzador de bolas para os finalizadores. Com tudo isso, o que lhe faltava para ser titular? Segundo o treinador Antônio Lopes, apenas quatro centímetros. Se medisse 1m72cm, a estatura de Zico, o maior ídolo da história do Flamengo, a conversa seria diferente, garantia o técnico.

Esquisito, pois o Vasco da Gama já tivera titular mais baixo do que Marquinho, caso do ponta-esquerda Djayr Mazzoni, campeão carioca-1950, participando de 16 os 20 jogos que valeram o título da temporada ao Almirante. Desde outubro de 1980, quando fez sua primeira partida pelo time principal da Colina, e até ser emprestado ao Fortaleza-CE, em 1983, das 109 partidas em que ele havia vascaínado, 30 foram entrando no decorrer das partidas. Mas o Marquinho não se importava com as manhas dos treinadores, pois volta e meia estava entrando em campo, fosse como volante, meia-armador, centroavante ou ponteiro-direito/esquerdo.

O treinador que inaugurou a moda do senta-levanta do banco dos reservas para o Marquinho foi Mário Jorge Lobo Zagallo, seguido por Célio de Souza e sequenciado por Antônio Lopes, que declarou à revista Placar – Nº 672, de 8 de abril de 1983: “Se ele (Marquinho) tivesse mais altura seria um belo jogador”. Já que era um “patinho feio” na Colina, em duas tempordas e meia de futebol, Marquinho sempre perdia a vaga quando o Vasco da Gama contratava um jogador de meio-de-campo com mais nome do que ele. Saiu para abrir vaga para Paulo César “Caju”, Cláudio Adão, Silvinho, Renato Sá, Elói e Dudu Coelhão, para quem o Marquinho era imprescindível ao time vascaíno, fazendo o quarto-homem de meio-de-campo, ou jogando aberto pelas pontas.

Por ter a admiração dos companheiros de time e do treinador Antônio Lopes, certa vez, Marquinho pediu ao chefe uma chance pra disputar vaga no meio-de-campo, como o camisa 8 ou o 10. Lopes o atendeu, mas ele terminou ficando sem vaga no meio e na ponta. Levou um tempo para voltar a jogar. Marquinho -nascido no oito de agosto de 960, em São João de Meriti-RJ – um dia,mostrou que nem sempre altura é documento. Em 5 de dezembro de 1982, diante de 113.271 pagantes, no Maracanã, decidindo o título estadual carioca, Pedrinho Gaúcho cobrou escanteio procurando, preferencialmente, Roberto Dinamite na pequenas área, onde ele tinha a marcação de Figueiredo e de Marinho, trio com mais de 1m80 cm de altura, cada um. No entanto, com 1m68cm, foi Marco Antonio Rodrigues Henriques, com a sua impulsão, que chegou na bola e a colocou na rede: Vasco 1 x 0 e campeão, com o Marquinho saindo do banco dos reservas, substituindo o Coelhão. ”Eu não tinha altura para disputar lances aéreos com os zagueirões. Então, tive de procurar o tempo certo da bola”, explicou ele, na época, quando bateu na rede, aos três minutos do segundo tempo.

Mesmo com as restrições de alguns treinadores vascaínos, Marquinho jogou por outros cinco grandes clubes: Fluminense, Flamengo, Atlético-MG, Coritiba e Internacional-RS.

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