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Histórias da Bola
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Maracanã vai festejar

Estádio, que recebe jogos sem público, por ora, vai apagar 71 velinhas

Gustavo Mariani

20/05/2021 13h42

Foto: Agência Brasil

No próximo dia 16, o Maracanã estará celebrando 71 de vida. Já foi o maior estádio do mundo, mas hoje tem capacidade para receber menos da metade de alma que o visitavam pela época de inauguração.

Projetado pelos arquitetos Rafael Galvão, Pedro Paulo Bastos, Orlando Azevedo e Antônio Dias Carneiro, o estádio viu o povão não se acostumando chamá-lo por Municipal. O nome que pegou foi o do rio que banhava a suas região, onde havia muitas araras.

Inaugurado, oficialmente, no 16 de junho de 1950, o Maraca, seu brasileiríssimo apelido, teve a sua primeira rede balançando no dia seguinte, quando Didi chutou e abriu o placar para a seleção de novos do Rio de Janeiro, que terminou a contenda batida pelo time equivalente paulista, por 1 x 3, amistosamente.

O relógio marcava 16 horas do sábado 16 de junho, quando o time carioca – Ernani (Luiz Borracha), Laerte e Wilson; Mirim, Irai (Dimas), Carlyle (Simões) e Esquerdinha (Moacir Bueno) – e o paulista – Oswaldo, Homero e Dema; Djalma Santos, Brandãozinho e Alfredo; Renato, Rubens (Luizinho), Augusto, Ponce de León (Carbone) e Brandãozinho II (Leopoldo) – colocaram os primeiros atletas pisando no gramado de uma casa não terminada, repleta de andaimes. Uma semana depois, o Maracanã tinha a abertura da primeira Copa do Mundo promovida pelo Brasil – a outa foi em 2014.

No local onde construíram o estádio havia o Derby Club do Rio de Janeiro, desde 1885. É verdade que não havia mais turfe por ali, após a transferência das provas para o hipódromo da Gávea, em 1932, mas o local ficou cheio de ferraduras pelo chão, cocheiras e a pista de corridas, retidas pelos inícios das obras. Enquanto o prefeito Mendes de Moraes construía o estádio, foi surgindo, pelas imediações, a Favela do Esqueleto, que chegou a ter perto de 12 mil habitantes e quase quatro 4 mil barracos, levantados com entulhos do Maracanã e de um hospital.

Um mês após a sua inauguração, o Maracanã sediou uma das maiores comoções nacionais, a perda do título da Copa do Mundo-1950 – antes, houveram Uruguai-1930, Itália-1934 e França-1938. Mesmo assim, segundo historiadores, a tragédia futebolística não provocou terremoto na economia e no turismo carioca. Logo, a escorregada foi perdoada pelos 198. 854 torcedores presentes ao vexame, embora se afirme que mais adentaram ao recinto, que teria recebido o mesmo público, em 1963, quando o Santos venceu (1 x 0) o italiano Milan ficou campeão mundial interclubes.

Outros granes públicos anotados pelas catracas do Maraca foram em 21 de março de 1954, pelas Eliminatórias da Copa, em Brasil 4 x 1 no Paraguai, anunciando-se 195.513 presentes. Antes, em 15 de dezembro de 1969, o Fla-Flu decisivo do Campeonato Carioca levou 194.603 almas à casa, que em outro Brasil x Paraguai juntou 183.341 torcedores comemorando a vitória (1 x 0) que levou os canarinhos à Copa do Mundo-1970, quando foram buscar o tri, no México.

Hoje, após passar por grande reforma para a Copa do Mundo-2014, o Maracanã não comporta pouco mais de 60 mil presentes e perdeu a sua forma arquitetônica antiga. Que saudade da geral, onde o povão pobre ficava mais perto dos seus ídolos. Vale até dizer que o Maraca nem é mais a casa do povo, pois o preço dos ingressos (só para cadeiras) é proibitivo para a turma do time do bolso furado.

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