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Histórias da Bola
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Maracalivalente

De luta livre a a show religioso, o Maracanã já sediou várias programações, “até de futebol” de alto nível técnico

Willian Matos

06/12/2019 11h22

Pra que serve um estádio de futebol, no Rio de Janeiro? ”Oxente! Pra jogar futebol”, responderia o baiano Bebeto, artilheiro de Flamengo, Vasco da Gama, Botafogo e da Seleção Brasileira, que cansou de balançar redes do Maracanã e de São Januário, a casa vascaína.

Se respondesse assim, o glorioso José Roberto Gama de Oliveira faria o seu chute bater na trave, pois estádios cariocas já foram usados, também, por cantores , bandas de rock, equipes de voleibol, lutadores de jiu jiutsu e até pelo Papa. Isso mesmo! Outros lances já rolaram onde o que sempre rola é a maricota  que aninha-se onde a coruja dorme, como bordoavam os antigo speakers esportivos.  

 Nesses tempos mais modernos da geração que ainda está por aí, quem abriu as portas do Maraca para os  espetáculos extra bola  foi o cantor norte-americano Frank Sinatra, em janeiro de 1981, levando 140 mil fãs ao delírio; em julho de 1983, a seleção brasileira masculina de vôlei atraiu  95.887 torcedores a um amistoso contra a antiga União Soviética (atual Rússia); em abril de 1991, o beatle Paul McCartney carregou mais 130 mil pra lá; em fevereiro de 1995, a banda inglesa Rolling Stones tirou de 80 mil de casa – show repetido, em 2016,  para  66 mil almas -;  em outubro de 1997, o Papa João Paulo Segundo recebeu 120 mil fieis para uma missa, e, em outubro de 1999, uma programação das Arquidiocese do Rio de Janeiro/Renovação Carismática – com os padres cantores Marcelo Rossi, Zeca, Zezinho, Jorjão, Jonas Abib e Antônio Maria, entre outros, 12 bandas católicas e coral de 2.000 vozes – movimentou 161.722 mil almas.

Interessante! No caso cantoria dos padres, antes de cada um se apresentar, os presentes, muito animados, gritavam: “Ê, ô, ê, ô, Jesus Cristo é um terror!”, o que era o grito de guerra dos torcedores, quando o atacante Bebeto balançava a rede.

O Maracanã já teve muitas brigas entre jogadores (dentro) e torcedores (nas arquibancadas). E muitos cartolas querendo bater no juiz. Mas só um tipo de pancadaria foi permitida pela polícia dentro de suas quatro linhas: lutas de jiu-jitsu. A primeira rolou em 6 de setembro 1951, quando Hélio Grace empatou com o japonês Jukio Kato, o qual venceu, em 29 do mesmo mês, no paulistano Pacaembu. A intenção do Grace era lutar contra o lendário Masahiko Kimura, maior nome da história japonesa da modalidade e 35 quilos mais pesado – estava no Brasil divulgando o judô e o jiu-jitsu. Este era imbatível e só topou por que Hélio vencera Kato.

Marcaram a luta par 23 de outubro e milhares de desportistas foram ao Maracanã, até mesmo o vice-presidente da república, Café Filho. O imbatível Kimura venceu, diante de 40 mil espectadores, mas reconheceu a valentia de Hélio e o chamou por “O homem que nunca desiste’.

Passadas um tempinho, o Rio de Janeiro-1953 tinha valentões famosos nos ringues, como Cirandinha, Belleza e Passarito, este uma lenda da luta livra brazuca. Como Hélio Grace, aos 38 não lutava mais e a região Nordeste, passava por tremenda seca,  o continuador da fama da família – Carlson -e sobrinho dele, foi ao Maracanã arrumar grana para os nordestinos famintos e vencer Passarito, diante de 35 mil pessoas, público que o futebol carioca de hoje pena para conseguir – Carlson e Passarito lutaram, também, em São Januário, diante de 30 mil desportistas.

Assim, um estádio de futebol – pelo menos no caso do Mário Filho, mais conhecido por Maracanã – não é papo só pra o ludopédio.

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