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Histórias da Bola
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Linha média famosa

Zagueiros do Flamengo ganharam apelido de estátuas famosas

Gustavo Mariani

21/12/2020 9h06

Atualizada 08/01/2021 11h46

Pelo final da década-1950, o artista mineiro Alfredo Cesciatti, filho de italianos, nascido em Belo Horizonte e vivo entre 1918 a 1989, entregou ao Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, uma de suas principais criações, o Monumento aos Pracinhas que lutaram durante a II Guerra Mundial. Os representou por um marinheiro, um soldado e um aviador.

Arte belíssima, aplaudidíssima. No entanto, os malandros torcedores rubro-negros, rapidamente, apelidaram os três militares por Jadir, Dequinha e Jordan, que formavam uma respeitada linha média flamenguista, o que seria hoje uma esquematização tática com dois zagueiros e um lateral jogando defensivamente.

Torcedores do Vasco da Gama (campeão carioca-1956/1958); do Botafogo (1957) e do Fluminense (1959) bobearam, deixando que os homenageados fossem atletas do maior rival, um trio que estava junto desde 1953, mas com Jadir só se tornando titular definitivo a partir de 1954, e assim ficando para a conquista do tri, em 1955, no grupo montado pelo presidente Gilberto Cardoso e trabalhado pelo treinador Fleitas Solich. Quem eram aqueles guerreiros?

Jadir Egídio de Souza nasceu na capital paulista, em 9 de abril de 1930, e jogava pelo Paraguaçu, disputante do Campeonato da Segunda Divisão da Federação Paulista de Futebol. Levado para o Flamengo, em 1951, para substituir o ídolo Modesto Bria, ganhou a vaga de titular na temporada seguinte, mas a perdeu, devido fratura em uma das pernas, na véspera de partida contra o Botafogo. O infortúnio lhe fez participar só de oito dos 27 jogos do primeiro título do tri estadual rubro-negro, quando a linha média teve mais vezes Servílio, Dequinha e Jordan.

No entanto, quando veio a campanha do bi, Jadir foi titular em 22 dos mesmos 27 compromissos, e na do tri atuou em 30 dos 28 prélios. Entre 1952 a 1962, zagueirou na defesa rubro-negra, por 472 jogos, com 270- vitórias, 91 empates e 101 derrotas. Chegou a fazer cinco gols.

Marcador firme e muito eficiente nas bolas aéreas, media 1m75cm e jogava pesando 72 kg. Disputou seis jogos pela Seleção Brasileira, entre 1957 a 1961, vencendo cinco – 2 x 1 e 3 x 0 Portugal; 2 x 0 Argentina; 3 x 1 Bulgária; 3 x 2 Paraguai – e só perdendo um – 1 x 2 Argentina.

Além do tri estadual-1953 a 1955, o torcedor nunca o esquece em jornadas memoráveis, como do Torneio Início do Campeonato Carioca-1952; do Torneio Rio-São Paulo-1961; do Torneio Octogonal de Verão do Uruguai-1961 e da Taça Magalhães Piuto-MG-1961. Viveu até 1977.

Dequinha tinha por nome de registro José Mendonça dos Santos, segundo certidão de nascimento, datada de 19 de março de 1929, pelo cartório de Mossoró, no Rio Grande do Norte.

Em 1946, ele começou a mostrar o seu veneno no futebol amador de sua cidade. Em 1947, já estava em um dos maiores clubes do seu Estado, o ABC, de Natal, ajudando-o a ser o campeão potiguar da temporada. Em 1949, o pernambucano América, de Recife, foi busca-lo. Mas ficou com ele por pouco tempo, pois o Flamengo o carregou, em 1950, para ser um dos grandes astros do futebol brasileiro da década. Exibia estilo clássico, lances de virtuosismos.

Dequinha era baixinho – 1m67cm – e magro – 63 kg. Mas isso não o impediu de disputar oito paridas pela Seleção Brasileira, a qual ajudou a conquistar a Taça Bernardo O´Higgins-1955, contra os chilenos. Totalizou oito jogos canarinhos, entre 1955 e 1956, com quatro vitórias, dois empates e duas derrotas: 2 x 0 Combinado Colombiano; 1 x 0 Chile; 1 x 0 Paraguai; 3 x 2 Áustria; 3 x 2 Tchecoeslováquia; 0 x 3 Itália; 1 x 0 Turquia; 2 x 4 Inglaterra.

Pelo Flamengo, Dequinha disputou 374 jogos, vencendo 234, empatando 20 e caindo em 70. Marcou oito gols. Era capaz de roubar a bola e passa-la com a mesma categoria, tendo sido o ponto de equilíbrio da linha média rubro-negra. Pesquisadores registram m,ais de 20 títulos em sua carreira, a maioria flamenguista por torneios rápidos, sendo 10 internacionais. Incluem, também, os Estaduais-RJ de Aspirantes-1955/1956 e fazem questão de citar o Torneio Gilberto Cardoso-1955, contra o Vasco da Gama e os argentinos Independiente e Racing.

Um outro tri de Dequinha rolou, em -1970/71/72, por campeonatos sergipano, dirigindo o Sergipe Esporte Clube. Treinou, ainda, Desportiva Ferroviária-ES, Uberaba-MG, Comercial, de Ribeirão Preto-SP, Itabaiana-SE e Confiança-SE. Viveu até 23 de julho de 1997.

Jordan da Costa não foi só atleta do Flamengo, mas um torcedor apaixonado. Rejeitou várias propostas quando se destacava pelo São Cristóvão, que o revelou, como juvenil, em 1949, por desejar vestir a camisa clube do coração, pelo qual disputou 352 jogos, com 104 vitórias, 104 empates, 133 derrotas e três gols na conta.

Em quase 12 temporadas de carreira, Jordan jamais foi expulso de campo e, ainda, era considerado um dos melhoras marcadores do botafoguense Garrincha, que desmoralizava laterais.

Carioca, nascido em 24 de novembro de 1932, tinha 1m71cm de altura, jogava pesando 72 kg e viveu até 17 de fevereiro de 2012. Totalizou 589 jogos flamenguistas, entre 1952 a 1963, e tendo ajudado a levar títulos importantes para a Gávea, além do tri carioca-1953/54/55, como os dos Torneio Início-1952 e 1959; Rio-São Paulo-1961 e dos Campeões Estaduais Rio-São Paulo-1965.

Foi o único da linha média flamenguista a não defender a Seleção Brasileira, embora tenha sido convocado disputar a Taça Oswaldo Cruz, em novembro de 1955, contra o Paraguai. Media 1m71cm e jogava pesando 72kg. Durante a campanha do tri carioca, atuou em todos os 27 jogos de 1953; em 25 dos 27 de 1954 e em todos os 30 de 1955

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