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Histórias da Bola
Histórias da Bola

Jorge Joreca

Jorge de Jesus não foi o primeiro treinador português a fazer sucesso no futebol brasileiro. Antes dele, há sete décadas, aconteceu uma história surrealista. Vamos lá!

Redação Jornal de Brasília

31/01/2020 13h26

Se o seu time andasse pra lá de perna-de-pau, necessitando de uma grande mexida, você contrataria, para comandá-lo, um sujeito que fora treinador de boxe e de esgrima? Dificilmente, convenhamos. Ainda mais se o cara fosse conhecido por Joreca. Pois o São Paulo FC fez isso, em 1943.

Rolava o Campeonato Paulista e a rapaziada tricolor vinha pisando na bola e desgastando a sua relação com o treinador uruguaio Conrado Ross. Duas temporadas antes, um português (naturalizou-se brasileiro) de muito bom nível cultural e que vinha trabalhando como jornalista em A Gazeta Esportiva, decidiu ser árbitro de futebol. Se deu bem e, em duas temporadas, a partir de 27 de julho de 1941, marchou para ser uma estrela do apito paulista.

Nascido, em Lisboa, no 7 de janeiro de 1904, Jorge de Lima, o Joreca, durante 31 jogos fora um árbitro respeitável, com cara, normalmente, fechada e olhar centrado no jogo. Quando o São Paulo estreou o seu maior astro da década-1940, o centroavante Leônida da Silva, era Joreca quem estava no apito. Em 1942, já metido a treinador, o português de feições grossas, levou o selecionado paulista a vice-campeão Brasileiro. Portanto, a invenção são-paulina do Joreca fora uma compra certeira de bilhete lotérico.

 Joreca recebeu o time, repleto de craques, como o já citado Leônidas, e mais Zezé Procópio, Noronha, Zarzur, Remo e Teixeirinha, entre outros. Foi à luta, sem inventar. Sabia conversar com a rapaziada e tentava não atrapalhar. Mas havia jogador achando que ele não entendia muito do riscado. Verdade, ou não, o certo foi que o São Paulo com o portuga comandando o seu time começou a emplacar, mostrando nível técnico muito distante dos tempos de Conrado Ross.     

Com  base definida – King, Virgílio e Piolim; Zezé Procópio, Zarzur e Noronha; Luizinho, Sastre, Leônidas, Remo e Pardal (Teixeirinha) -, o São Paulo de Joreca começou  vencer e ele a cair nas graças da galera. Afinal,  rapaziada já era capaz de proezas como mandar 6 x 1 Santos (3 gols de Lônidas), em 16 de maio daquele 1943, iniciando série de 13 jogos vitoriosos e voltando a entrar na briga pelo título de campeão paulista. Fora uma loucura, para a torcida são-paulina, ver seu time quebrar o tabu, de não vencer o Palmeiras (campeão de 1942 e com três pontos a mais), desde 1941. Por sinal, no último jogo entre os dois, Joreca fora o apitador.

Com um ponto a menos do que os palmeirenses e um turno pela frente pra tirar a diferença, o São Paulo de Joreca virou uma fera. Na antepenúltima rodada do returno, mandou 2 x 1 Corinthians (um dos favoritos ao título, ao lado do Palmeiras) e igualou-se ao então apelidado time mosqueteiro na ponta da tabela classificatória. Os corintianos perderam o jogo seguinte e o São Paulo foi para a rodada final podendo empatar,  com o Palmeiras. No 3 de outubro de 1943, empatou, por 0 x 0, e voltou  ser campeão paulista, o que não acontecia desde 1931 – viva Joreca!

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