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Histórias da Bola
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Johnson

Primeiro massagista do futebol brasileiro foi um flamenguista

Gustavo Mariani

26/10/2021 11h20

Se os alto-falantes do Maracanã falassem do massagista Ovídio Dionísio, certamente a torcida rubro-negra não saberia de quem se tratava. Mas, se noticiassem Johnson, aplaudiria.

Nascido duas temporadas antes do Flamengo, ele tinha tudo para ser torcedor do rival Fluminense. Trabalhava, como pedreiro, durante a construção do estádio tricolor, no bairro de Laranjeiras e, tempinho depois, mordia uma graninha como garoto do placar. Por sugestão do atacante inglês Hary Welfare, goleador da casa, ele aprendeu a fazer massagens e trocou de nome. Se a Inglaterra tinha o famoso Fred Brown, o Fluminense, agora, tinha Johnson, o primeiro massagista do futebol brazuca.

De pedreiro e garoto do placar, Johnson foi parar no grupo tricampeão carioca-1917/18/19, como o massagista do Fluminense. Com nome nos jornais e fama espalhando-se pelos meios futebolísticos do Rio de Janeiro, ele achou que ganhava pouco massageando atletas, pediu demissão e decidiu sair à cata de quem poderia lhe pagar melhor. Arrumou clientela vip e, entre os bacanas, Alberto Santos Dumont, que os brasileiros consideram o Pai da Aviação.

Beleza! Johnson mordia a sua boa grana junto aos endinheirados. Estava ele em seu ofício, quando três clientes – Carlos Reis, Edgard Vasconcelos e José Augusto Santos Silva – lhe fizeram uma proposta indecorosa: jogar aquele trabalho com os bacanas pro alto e ser massagistas exclusivo dos atletas do Flamengo.

Se já havia deixado o futebol do Fluminense para ganhar mais trabalhando por conta própria, porquê voltar ao que fazia antes? Mas Johnson, no fundo, sentia saudade dos tempos em que corria atrás de jogador de futebol, quando estes caíam nos gramados. Era mais emocionante. E riscou do seu caderninho os horários marcados com Santos Dumont e todos os demais bacanas. Disse sim aos rubro-negros. Fechou o boteco e foi para a Gávea, sem sentir nenhuma culpa, nenhuma sensação de traição ao Fluminense.

Massageando flamenguistas, o cidadão nascido, em Barra Mansa-RJ, no 15 de junho de 1897, ajudou o clube a ser campeão carioca de atletismo-1928/29/30/36; de basquetebol-1927/29/ 30/32/33/34/35/48/49/51; de natação-1928/30/31/37/38/39/40; de remo-1932/33/34/35/36/37/40/41/42/43 e no futebol-1939/42/43/44. Isso, sem falar de outros títulos em outras categorias, como o boxe, e em com a garotada infantil, juvenil e amadores.

Os serviços de Johnson foram requisitado, também, pela Confederação Brasileira de Desportos-CBD (atual CBF), desde 1930 e ele participou da Copa do Mundo-1950. Trabalhou até 1953, quando o Flamengo conquistou o seu segundo tri no futebol carioca.

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