Menu
Histórias da Bola
Histórias da Bola

Gualicho x Garrincha

Cavalo argentino quase vira apelido de craque brasileiro

Gustavo Mariani

10/09/2020 12h34

Atualizada 11/11/2020 16h19

Se um pássaro – por exemplo, uma garrincha –  não fosse mais rápido do que um equino – digamos um cavalo -, certamente, este teria chegado com um corpo de vantagem em uma imaginária corrida de bichos, para apelidar um demônio. Mas demônio do bem, da arte, da alegria do povo no futebol – mau só para os marcadores.

 O demônio em questão chamou-se Garrincha, foi ponta-direita, no auge da carreira, do Botafogo (de 1953 a 1965, por  581 jogos e 232 gols) e da Seleção Brasileira (16 gols, em 60 partidas, entre 1955 e 1966). Ganhou apelido passaredo por viver caçando as suas xarás pelas matas de Pau Grande, distrito de Magé-RJ.

Garrincha, ao chegar para os seus primeiros treinos no time alvinegro, andou sendo apelidado por Gualicho, por conta de um cavalo que vinha sendo o máximo no prado brasileiro.

O que era, afinal,  aquele cavalo que chegava a disputar, com as belas dondocas cariocas, capas de revistas bacanas? Pois bem! Gualicho foi uma lenda que surgiu nos páreos da década de ouro-1950, em hipódromos da Gávea e de São Paulo, onde ele travava duelaços, entre outros, com o francês Fort Napoléon, o argentino El Aragonés e o brasileiro Quiproquó.

Até hoje, homenageado pelo Jockey Club Brasileiro,  Gualicho  foi o único cavalo a vencer, por duas temporadas consecutivas (1952 e 1953), os GPs São Paulo e do Brasil (este corrido no Rio de Janeiro), e a bater o recorde dos 3.000 metros nos dois hipódromos, numa época em repleta de cavalaços e de profissionais extraordinárissimos.

Extraodrinário, o futebol do Garrincha, que foi chamado, também, por Mané Garrincha, por ser um dos tantos Manoel desse país. Ele tentou outros clubes, antes de procurar o Botafogo, mas não teve vez. Sorte dos alvinegros que o tiveram sem nada gastar, ao contrário do o Stud Almeida Prado & Assunção, o comprador de Gualicho que, em leilão, na Argentina,  desembolsou a barbaridade  de Cr$ 400 mil (cruzeiros).

Sem demora,  Gualicho levantou Cr$ 4,6 milhões pelas suas patas voadoras, que lembravam as asas de uma garrincha.  Foram grandes os lucros proporcionados por cavalo e atleta. O primeiro,  visto como “o maior espetáculo sobre a pista”,  foi aplaudido por 100 mil torcedores quando venceu o GP Brasil-1953, temporada em que Garrincha partiu para a glória – 19 de julho de 1953 -, marcando três gols (um de pênalti) em Botafogo 6 x 3 Bonsucesso, pelo Campeonato Carioca.

Nascido em 22 de outubro de 1948 e criado por Jorge A.Santamarina, Gualicho era filho do inglês The Druid, sempre foi treinado por Manoel Branco e montado por Olavo Rosa. Em 25 de janeiro 1954, quando era o franco favorito para vencer o GP do IV Centenário de São Paulo, foi  batido pelo hermano El Aragonés, ficando atrás, ainda, do brasileiro Quiproquó e do chileno Biriatou.

Garrincha foi mais longe. Ajudo o escrete brasileiro a ganhar as Copa do Mundo de 1958 e de 1962; a Copa Roca-1960 (contra os argentinos); e as Taças Oswaldo Cruz-1958/61/62 (diante dos paraguaios) e O´Higgins-1955/59/61 (encarando os chilenos).

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado