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Histórias da Bola
Histórias da Bola

Gol mil de Pelé

Aconteceu na data 19 de novembro, há meio século, diante do Vasco da Gama, no Maracanã

Willian Matos

19/11/2019 14h32

Atualizada 29/11/2019 11h09

Era a noite de 19 de novembro de 1969, no Maracanã. Aos 33 minutos do segundo tempo, Pelé partiu para dentro da área vascaína, com a bola dominada. Os zagueiros Renê e Fernando lhe deram combate e, ao ver o atacante caído no gramado, o árbitro pernambucano Manoel Amaro de Lima marcou o pênalti.

Renê jura que não o fez. Até hoje garante não ter tocado um dedo em Sua Majestade, o Camisa 10.

Às 23h11, Pelé correu para a bola (de marca Drible) e a chutou, para o canto esquerdo das balizas defendidas pelo goleiro argentino Edgar Norberto Andrada. A partida valia pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa, embrião do atual Campeonato Brasileiro, e o Santos, com o gol do Rei do Futebol, igualava o placar, aberto pelo Vasco da Gama, aos 17 minutos do primeiro tempo, por intermédio do meia Benetti.

Depois de esperar que os fotógrafos escolherem o melhor ângulo para eternizar aquele momento – os demais atletas santistas se colocaram no meio do campo –, Pelé atendeu os gritos de “Pelé, Pelé”, dos torcedores que pediam para ele cobrar o pênalti, e correu para a bola. De nada adiantou o lateral-direito vascaíno Fidélis fazer buracos na marca do pênalti. Com o pé direito, o Rei transformou aquela noite na mais importante do ano, para os brasileiros, até “maior” do que a da descida do homem na Lua, três meses antes.

Marcado o gol, Pelé apanhou a bola no fundo das redes e a beijou. Rapidamente, o roupeiro vascaíno Chico o vestiu com uma camisa, do seu clube, com o número mil às costas.

 O goleiro Agnaldo o colocou nos ombros – Pelé tinha a pelota sempre levantada para o alto –, e com ele deu uma volta olímpica pelo estádio, com a partida paralisada, fato inédito na história do futebol. “Naquele dia, eu enfrentei o mundo. Em campo, não dava para escutar nem a respiração dos torcedores. Até a torcida do Vasco torceu contra mim”, declarou Andrade, tempos depois.

 De sua parte, Pelé confessou, também, muito depois, que tremeu, daquele vez: “O jogo parado, o estádio inteiro calado. Eu, a bola e o Andrada. Naquela hora tive um terrível medo de falhar. Fiquei nervoso. Sabia que todos esperavam o gol. Pouca gente viu, mas fiz o sinal da cruz antes de cobrar o pênalti”.

 Depois de colocado no chão, diante de um “mar de microfones”, Pelé pediu: “Pensem no Natal. Pensem nas criancinhas”. Antes, dissera ao repórter Geraldo Blota, da Rádio Gazeta, o primeiro a ouvi-lo: “Dedico este gol às criancinhas do Brasil”.

FICHA TÉCNICA – 19.11.1969 – Vasco 1 x 2 Santos. Estádio: Maracanã. Juiz: Manoel Amaro de Lima-PE. Públic0o: 65.157 pagantes e cerca de 100 mil presentes. Renda: NCr$ 253 mil 275 novos cruzeiros e 25 centavos. Gols: Benetti, Renê (contra) e Pelé. VASCO: Andrada; Fidélis, Moacir, Fernando e Eberval; Renê, Bougleux e Acelino (Raimundinho) e Adílson; Benetti e Danilo Menezes (Silvinho). SANTOS: Agnaldo; Carlos Alberto Torres, Ramos Delgado, Djalma Dias (Joel Camargo) e Rildo; Clodoaldo, Lima, Manoel Maria e Edu; Pelé (Jair Bala) e Abel.

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