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Histórias da Bola
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Gama arrepia da Gama

Gama, chamado de “time fraco” pela imprensa carioca, não deixou Romário “milar” e eliminou Vasco da Gama da Copa do Brasil

Willian Matos

30/10/2019 13h50

No dia 22 de agosto de 2002, o Almirante faria a sua navegação 4.900. E tinha por obrigação desembarcar do placar com uma grande vitória, pois o adversário…o adversário!

Depois da ancoragem, em porto do Campeonato Brasileiro, um jornal carioca escreveu: “A torcida do Vasco nunca poderia imaginar que, um dia, a sua equipe seria derrotada por um time de Brasília. em pleno São Januário”.

A bola candanga, jogada por times de cidades satélites, como o do Gama daquela noite – Pitarelli; Paulo Henrique, Vinícius, Jaiuro e Rochinha; Deda, Nem, Jackson (Anderson) e Lindomar (Rafael); Paulo Nunes (Romualdo) e Dimba – era das menos cheias do país. Vencer o Vasco da Gama – Helton; Wellingron, Geder, Emerson e Jorginho (Wederson); Haroldo, Bruno Lazaroni, Rodrigo Souto e Andrezinho; Souza (Washinton) e Léo Guerra (Ely Thadeu) – no RJ, realmente, seria inimaginável. Assim esperava o treinador Antônio Lopes.

Diante daquilo, além de ver o grupo visitante “modesto”, o diário carioca lembrou, ainda, que o gol de Gama 1 x 0  Vasco saíra – aos 40 minutos do segundo tempo -, de chute por Dimba, “aquele que foi reserva do Botafogo”.

Ao apito final de Leonardo Gaciba, o repórter do jornal carioca escreveu: “O time de Brasília mostrou futebol mais competitivo, ganhando a maioria das jogadas….”.

Passadas cinco temporadas, na quinta-feira noturna do 21/03/2007, o Gama aprontou mais uma para cima do o “Almirante”, daquela vez, no (velho) Mané Garrincha.

Para aquela noitada, a grande atração era o esperado gol-999 de Romário (pelas contas dele). Bom público – este e renda não foram divulgados – foi ao jogo, mas o técnico vascaíno, Renato Gaúcho, sacaneou a galera, só usando o Baixinho por 37 minutos, justificando que seus 41 de idade não lhe permitiam fazer muito esforço.

Enquanto jogou, Romário, armou e e até beijou a trave dos gamenses – Juninho; Ciro, Dênis e Cléber Carioca; Márcio Goiano (Flávio Mineiro), Ricardo Araújo, Maracelo Uberaba, Valdeir e Rodrigo Ninja; Neto Potiguar (Índio) e André Borges, treinador por Gílson Kleina –  Mas teve de adiar o seu gol mil.

Valdeir, aos 6, e Neto Potiguar, aos 16, abriram 2 x 0 de frente Gama, com Fábio Braz descontando, aos 33. Só aos 45 do segundo tempo, Bruno Meneghel deixou tudo nos 2 x 2, salvando os vascaínos – Cássio; Thiago Maciel, Fábio Braz, Jorge Luiz e Sandro (Rubens Júnior); Coutinho Bruno Meneghel), Amaral, Abedi e Renato: André Dias e Marcelinho (Romário).

Assim que o árbitro Elvécio Zequetto-MS apitou fim de bola, Romário prometeu para a o jogo de volta o que ficara devendo em Brasília – mas naquela pugna foi bem pior.  

Veio, então, a  noite do 4 de abril, preparada para a torcida vascaína assistir ao gol mil; mil e um; mil e dois (etc) de Romário. E uma balaiada. Seria o segundo Vasco da Gama x Gama, pela Copa do Brasil, tendo o primeiro, em Brasília, ficado nos 2 x 2.

Rola a bola, com a equipe vascaína adentrada às quatro linhas para servir ao Baixinho. Leia-se: tudo pelo individual do artilheiro, nada pelo social grupal. 

No primeiro minuto, no entanto, Rodrigo Ninja mandou uma cacetada para a cozinha do goleiro Cássio, que cozinhou um frangaço: Gama 1 x 0.

O Vasco ficou perturbado e complicando armações de jogadas. O Gama marcava legal e não deixava Romário tocar na maricota. Bobeou, porém, aos 15 minutos, quando Morais, cruzou bola, da direita, e Renato empatou: 1 x 1, placar da etapa inicial.

No segundo tempo, e Neto Potiguar, pelos inícios da contenda, cabeceou bola perigosíssima e que, daquela vez, Cássio não frangou. Mas foi o sustaço.

As moçadas seguiram açodadas, em buscas de mais um na caçapa, mas, dali por diante, a coisa ficou mesmo em cima do muro. Só pelos minutos finais o Vasco se assanhou e Romário até poderia ter visitado o filó. Lançado pelo zagueiro Fábio Braz, ele chutou fraco, uma  atrasada de bola para o goleiro gamense.

Mas, como quem não faz leva (dizem), aos 48 minutos, em cobrança de falta, da intermediária, Marcelo Uberaba mandou bola lá na caçapa.

Aconteceu diante de 32.681 torcedores, que pagaram R$ 490.955,00 para não verem Romário balança a rede e escutar o apito do árbitro Evandro Rogério Roman-PR, em Gama 2 x 1, eliminando o Vasco do Copão.    Gama da vez: Juninho; Cléber Carioca, Agusto e Denis; Márcio Goiano, Ricardo Araújo, Marcelo Uberaba, Valdeir (Lei) e Rodrigo Ninja; Neto Potiguar (Dendel) e André Borges. Técnico: Gílson Kleina. Vasco da Gama: Cássio; Wagner Diniz, Dudar, Fábio Braz e Rubens Júnior (Guilherme); Roberto Lopes, Amaral, Renato (Abedi) e Morais (Conca); Leandro Amaral e Romário. Técnico: Renato Portaluppi.

No dia seguinte, um jornal carioca escreveu: “Time de Brasilia…calou o Maracanã lotado…” –  até então, só o atacante uruguaio Gigghia, durante o encerramento da Copa do Mundo-1950, e o Papa João Paulo II o haviam feito.       

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