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Histórias da Bola
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Estranho no Ninho

Presidente do Flamengo aparece no vestiário do Vasco da Gama

Gustavo Mariani

18/05/2021 8h49

Quando o Flamengo de seus primeiros tempos no futebol, jogado por estudantes da elite social carioca, se viu misturado ao Vasco da Gama, de negros e brancos pobres em seu time, não foi só adversário dele na bola, mas inimigo radical. Fez de tudo para se livrar da indesejável companhia e ajudou a fundar uma outra liga na qual vascaínos eram proibidos até de passar na caçada da sede.

O Vasco da Gama, no entanto, cresceu e o Flamengo e os seus parceiros elitistas viram que precisavam dele para o futebol carioca ser mais empolgante. Voltaram a se unir e aumentaram a rivalidade, principalmente da parte dos torcedores rubro-negros que usavam até pás de remo e pedras para agredir os vascaínos.

Até 1945, quando o Vasco da Gama formou time fortíssimo, vencedor de quase tudo o que disputava, o Flamengo já havia conquistado nove Estaduais, inclusive um tricampeonato. Para os vascaínos, sobravam só três, mas um por liga fraca, da época da debandada da patota do Flamengo.

A partir de 13 de maio de 1945, e até 25 de março de 1951, o Vasco da Gama impôs longo tabu aos rubro-negros, e os viu humilhados, sem títulos, enquanto a Turma da Colina conquistava cinco, em sete campeonatos disputados.

Para comemorar o caneco de 1952, o último da sua grande fase, o Vasco da Gama preparou festança antes do jogo final em que venceu o Olaria, por 1 x 0. Partida encerrada, a festa continuou no vestiário. Foi quando o inesperado aconteceu. O presidente do Flamengo, Gilberto Cardoso, chegou, cumprimentou o seu colega de cargo, Cyro Aranha, e demais presentes. Para ele, enquanto fosse presidente, Flamengo e Vasco da Gama deveriam ser, sempre, adversários civilizados.

Evidentemente, que Cyro Aranha e os colegas de diretoria vascaínos não perderiam a oportunidade para tripudiar flamenguistas: “Gilberto! Aceito o abraço amigo e as felicitações. Ainda mais porque o Vasco está promovendo o primeiro Fla-Flu depois do campeonato (Carioca-1952)”.

Gilberto Cardoso não entendeu, até que Cyro contou-lhe ter recebido mensagem congratulativa ao título, enviada pelo Fluminense. Caso esclarecido, Gilberto sugeriu ao festeiro vascaíno: “Pois prepara papel e caneta pra fazer a mesma coisa, depois do próximo campeonato”. E não deu outra: o Fla de Gilberto Cardoso foi tri-1953/54/55.

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