Menu
Histórias da Bola
Histórias da Bola

Doutor Gosling

Brasil teve médico pé quente na seleção canarinha

Gustavo Mariani

01/06/2021 12h46

No 16 de julho de 1950, o brasileiro viveu a sua maior tragédia, perdendo a Copa do Mundo, no Maracanã, para o Uruguai. Nada doeu-lhe tanto. Naquele dia, só um brasileiro poderia comemorar: Hílton Lopes Gosling, que servira aos campeões mundiais, como médico.

O futebol uruguaio estava em crise, pouco antes do Mundial, quase não vindo para a Copa. Mas veio e só por aqui arrumou um médico, o Doutor Gosling, como era conhecido. Graduado pela Escola Nacional de Medicina, do Rio de Janeiro, ele servia ao Fluminense e a este manteve-se ligado, até 1951. Em 1956, foi convidado a trabalhar para a Confederação Brasileira de Desportos-CBD (atual CBF) e, simultaneamente, servia ao Bangu.

O Doutor Gosling nunca é mencionado como um dos maiores responsáveis pela conquista brasileira da Copa do Mundo-1958, na Suécia. Mas foi uma sua atitude que ajudou a mudar a história do nosso futebol. Era a quarta-feira 21 de maio de 1958, e rolara o jogo-treino Seleção 5 x 0 Corinthians, no Pacaembu-SP – gols por Garrincha (2), Pepe (2) e Mazola. Lá pelas tantas, o lateral-esquerdo corintiano, Ari Clemente, machucou Pelé, fazendo-o sair de campo, gravemente, lesiono. Só não foi cortado do grupo por conta do médico. Gosling bancou a permanência do garoto, de 17 de idade, garantindo haver tempo suficiente para recuperá-lo e que a sua juventude ajudaria no processo.

Eram vésperas do embarque para a Europa. Pelé não teve como participar dos amistosos contra as italianas Fiorentina e Internazionale, em 29 de maio e em 1º de junho – Brasil 4 x 0, nos dois amistosos. Mas o Doutor Gosling, com a ajuda do massagista Mário Américo, trabalhou duro para recuperá-lo, quando a comissão técnica até cogitava dispensar o garoto e convocar o vascaíno Almir Albuquerque, que excursionava, pela Europa, com o Vasco da Gama.

O Doutor Gosling seguiu intransigente em defesa de Pelé, e só assim este foi inscrito na Copa do Mundo, mesmo sem chances de entrar nos dois primeiros jogos – Brasil 3 x 0 Áustria e 0 x 0 Inglaterra. No 15 de junho de 1958, nos 2 x 0 União Soviética, lá estava o garoto com a camisa 10, ajudando a mudar a história do futebol mundial e tornando-se Rei do Futebol – por conta da insistência, competência do Doutor Hílton Gosling – e o restante dessa história todos conhecem.

Segundo bi

Bicampeão mundial, pelo escrete canarinho, no Chile-1962 – aliás, tri, juntando o título uruguaio da Copa-1950 -, o Doutor Gosling foi pé quente durante a primeira metade da década-1960. No II Campeonato Sul-Americano de Acesso, na Argentina-1964, papou o seu segundo bi.

Chamado, pela CBD, para dar suporte ao treinador Denôni, com jogadores só de clubes pequenos cariocas – Olaria, Canto do Rio, São Cristóvão, Portuguesa e Madureira -, Gosling, mais uma vez, levou a sua competência para o grupo e o selecionado brasileiro voltou carregando caneco. Fez 1 x 0 Paraguai, 4 x 1 Uruguai e 1 x 1 Argentina – igualou-se aos anfitriões, mas deu bem pelo critério gol avrage – quociente entre gols marcados e levados.

O jogo final foi no estádio do Huracan, no 2 de fevereiro, vom os brasileiros levado gol aos 15 minutos. O empate só saiu aos 44 do segundo tempo, por intermédio de Uriel, do Canto do Rio, com o time sendo: Franz (SCris)(Ari/Ola); Ari (S.Cris), Renato (SCris), Nésio (Ola) e Casemiro (Ola); Valter (SCris) e Jair (SCris)(Zé Carlos/Port)(Élton/SCris); Uriel (CanRio), Fefeu (CanRio)(Batata/(Mad), Luís Carlos (Ola) e Ivo (SCris).

O chefe da rapaziada, Denôni Pereira Alves( na foto, ao lado de Hílton Gosling) , trabalhava para o São Cristóvão. Fora jogador do América-RJ e da Portuguesa-RJ e, encerrada a carreira atlética, cursou Educação Física. Iniciou-se treinador na Portuguesa-RJ e foi auxiliar-técnico de Danilo Alvim, no São Cristóvão. No Sul-Americano, teve ótimo entrosamento com o doutor Gosling.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado