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Histórias da Bola
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Chico quase mil

Em 1978, o Gama andava em busca do segundo recorde do futebol candango

Gustavo Mariani

13/10/2021 10h08

O candidato ao novo recorde era o goleiro Chico, em 1978. A primeira grande marca alviverde havia sido batida pelo centroavante Mazinho, com 15 gols, em partida do Campeonato Brasiliense Infanto-Juvenil.

Chico, na busca pelos mil minutos de invencibilidade, era sujeito obstinado. Tentava aquela meta pela segunda vez. Antes, chegara aos 840 minutos invicto, até ser vencido aos 25 do segundo tempo de um amistoso contra a Anapolina. Casa caída, empenhou-se, ao máximo, nos treinamentos e conseguiu obter o melhor estado físico do grupo, o que ajudou-o a chegar aos 600 minutos inexpugnáveis.

Era 24 de setembro de 1978 e a grande motivação gamense para o jogo daquele domingo, contra o seu maior rival, o Taguatinga, nem era o placar, mas Chico subir para 690 a sua minutagem invicta. Na véspera, ele concedia entrevistas afirmando que a invencibilidade caída ante a Anapolina fora algo surgido sem a pretensão de “milar”. Apenas consequência de jogar protegido por uma defesa “muito bem entrosada, com entendimento certinho”, porque era constante, nunca mudava. “O time do Gama vem jogando com a mesma forçação, há um ano”, lembrava.

Como todo Francisco, o Chico gamense ganhou o apelido natural de todo xará pouco depois de nascer, em 16 de setembro de 1957, na piauiense Parnaíba. Na certidão de batismo, constava Francisco das Chagas F. Lima, mas, quando rolava a bola, ninguém se ligava no que continha o documento. Vindo para o Planalto Central do país, o DF ganhou mais um Chico, que foi defender o time juvenil do Brasília Esporte Clube, em 1975. Na temporada seguinte, o Gama o convidou a mudar de camisa. Topou e, no mesmo 1976, foi convocado, pelo treinador Ayrton Nogueira, para a seleção juvenil candanga. Mesmo tendo se destacado nos treinamentos, pediu dispensa, por ter sido aprovado em um concurso para atuar em órgão público. Comunicou ao técnico de que iria abandonar o futebol.

Chico, no entanto, não suportou ficar por muito tempo longe da bola. Aceitou o convite do Gama para voltar, em 1977. Recuperou a posição de titular, mas chegou a um ponto em que o seu chefe no órgão público encheu o saco de tanto ele pedir para sair mais cedo para treinar. E, um dia, sugeriu que ele se decidisse entre ser goleiro ou servidor público. Como o Gama não tinha condições de cobrir o que ele ganhava fora dos gramados, os 1.000 minutos invictos ficaram no sonho. Iria tentar atingi-los no futebol amador, com a minutagem acumulada. No entanto, para o massagista gamense, Baianinho, tentando demovê-lo de ir embora, daquela forma não valia. Só valia se fosse com a camisa do Gama.

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