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Histórias da Bola
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Célio, o persistente

Atacante que passou por Vasco da Gama e Corinthians não deixou cartolas lhe darem o golpe

Redação Jornal de Brasília

31/12/2019 12h15

Célio (e) ao lado de Saulzinh (D), reproduzido de Revista do Esporte

Por Gustavo Mariani

Ídolo da torcida do Vasco da Gama, de 1963 a 1966, o atacante Célio Taveira Filho ganhou títulos – Pentagonal do México-1963; I Taça Guanabara-1965; I Torneio Internacional do IV Centenário do Rio de Janeiro-1965 e Torneio Rio-São Paulo-1966 – em época de entressafra em São Januario, marcou cerca de 100 gols durante as quatro temporadas e chegou à Seleção Brasileira. Negociado com o uruguaio Nacional, em Monteviedéo, ele não foi só ídolo naquela cidade, mas um semideus. Tinha até programa de rádio.

Tudo isso desmoronou depois de repatriado, pelo Corinthians, em 1970. Mas porquê um brilhante artilheiro furava a bola no futebol paulista?

Tudo começou quando Célio não aceitou a proposta do presidente corintiano Miguel Martinez, de ter o seu passe negociado para um clube peruano, por 15 mil dólares. Achou pouquíssimo, por quem tinha um tremendo nome no Peru. Dali por diante a sua vida virou um inferno. Foi até proibido de pisar no gramado do “Timão”, que só lhe permitia bater bola em um espaço de um metro do lado de fora.

A situação era tão feia que não havia material de treinamento para Célio. Durou meses aquela situação, que esforçava-se para suportar, evitando criar motivos para os cartolas usarem todos os direitos corintianos possíveis contra ele, que já tinha 31 de idade.

Arrasado, Célio saía do clube e seguia a pé para casa, a fim de esfriar a acabeça e não brigar com mulher e filhos. Em um daqueles dias, ele recebeu uma carta dos cartolas alvinegros, desobrigando-o de teinar. Entendeu que desobrigar não era proibir, e continuou comparecendo aos horários dos treinamentos.

Célio havia aprendido no Uruguai que os atletas deveriam estar unidos para enfrentar os problemas da profissão. Ao chegar ao Corinthians e ver o tanto de problemas, chamou Rivelino e o goleiro Ado, que haviam voltado tricampeões mundiais do México, para discutir o que se poderia fazer e mudar o clima.

Naquele Corinthinans, a bola teria que passar, obrigatoriamente, pelo ídolo Rivellino, o único que poderia errar e não perder a posição. A instabilidade do time fazia os demais jogadores se esconderam na partida. Terminou não aconecendo nada. Célio vii uma coluna de cimento pela frente de suas intenções.

Lá pelas tantas, o Corintians ofereceu-lhe passe livre. Ela não aceitou, achando que aquilo seria proposta para apresentar a um ninguém. O seu orgulho falou mais alto, em nome do seu passado, que fizera até mesmo Pelé pedir ao Santos para tira-lo do Nacional e fazê-lo de seu parceiro de ataque – haviam sido colegas durante o serviço militar.

Um dia, o Corinthians contatou Almir de Almeida para ser o supervisor do Departamenteo de Futebol. Este tirou, logo, a responsabilidade dos atletas sobre os insucessos e não acredito de ver um golador como Célio naquela situação. O reintegrou ao grupo, levando-o a vencer os catolas pela persistência de mostrar o seu valor.

Célio, no entanto, esteve corintiano por apenas 26 partidas, vencendo 10, empatando 8, perdendo 8 e marcando 4 gols. Depois, passou pelo Operário, de Campo Grande-MS, mas ele considera a fase, puramente, de exibição, juntamente com outros já considerados veteranos. E não demoru a pedir a sua reversão a amador.

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