Menu
Histórias da Bola
Histórias da Bola

Botafogo esquenta Ceub

Alvinegros vinham muito passear (e morder uma graninha) em Brasília

Gustavo Mariani

11/11/2020 8h09

A família Peres, embora fosse mineira, era torcedora do Botafogo-RJ, segundo diziam. Deveria ser verdade, pois, sempre que podia, trazia o time alvinegro carioca para amistosos, em Brasília, contra o Ceub Esporte Clube.

Um desses encontros rolou durante a noite do 21 de junho de 1975, no velho estádio Mané Garrincha, ainda Hélio Prates da Silveira, em homenagem ao seu construtor (parcial), um coronel gaúcho dos tempos em que a Ditadura dos generais-presidentes nomeava governadores por este país a fora.

Era um sábado de noite fria, como frias são todas as noites dos junhos brasilienses. Mas o Botafogo esquentou a sua torcida, no segundo tempo, após uma primeira etapa bem morna.

Até os 11 primeiros minutos, os dois times tentaram imitar o termômetro da noitada. Não acendiam emoções. Principalmente os botafoguenses, que recuavam o atacante Puruca e deixavam o parceiro Nílson Dias isoladão na frente. Aos 17, então, anfitriões se assanharam. O volante Alencar lançou o atacante Ivanir, na altura da cabeça da grande área, o cara encobriu o zagueiro alvinegro Osmar e bateu forte. O goleiro Ubirajara, porém, segurou a onda ceubenseà base de soco na mariocota.

A bola foi rolando e o Ceub passou a ver defesa botafoguense insegura e ataque bundão. Este só foi espada, aos 31, quando Ézio cobrou falta, a defesa da Acadêmica da Asa Norte (apelido que não pegou muito) ficou vendo a bola passar e Nílson Dias perdeu boa chance de bater na rede.

Sem demora, o Ceub revidou, por conta de uma pixotada do zagueiro Chiquinho Pastor, que havia barrado investida por Julinho, mas passado mal a pelota, que foi dominada por Ivanir, que repetiu lance anterior com Ubirajara.

O Ceub se animou mais e criou duas boas chances de gol, aos 39 e aos 40 minutos: Julinho venceu Valtencir, chutou , Ubirajara deu rebote e, diante do gol vazio, Alencar chutou para fora; em seguida, Moreirinha lançou, Péricles recebeu o passe, livre à entrada da área, e chutou à esquerda de Ubirajara, para fora.

Como falavam, por aquela época que, quem não faz leva, o Ceub bem que mereceu. Bom de vistas, o treinador alvinegro Mário Jorge Lobo Zagallo havia anotado que, por todo o primeiro tempo, o lateral-esquerdo ceubense Nenê vivia subindo ao ataque, deixando brechas pelo seu setor. Então, puxou Nílson Dias pra lá, e por lá, passou a jogar. Aos 12 minutos da etapa final, já dominando a refrega, Puruca tabelou com Nílson e este, da entrada da área, fez a torcida do Botafogo vibrar: 1 x 0.

Porteira brasiliense aberta, aos 16, Cremílson driblou o zagueiro Cláudio Oliveira, lançou, na medida, e gritou: “Faz, Nílson”. Com 2 x 0 e a sua cota mais do que justificada, o Botafogo ainda teve a ajuda de Cláudio Oliveira, aos 22, quando o defensor ceubense escorregou, perdeu a bola, Puruca a apanhou e fechou a conta: 3 x 0.

Por ali, eu estava começando a minha carreira de jornalista esportivo e fui ao estádio para o Editor de Esportes do Jornal de Brasília, Antônio Ottoni de Carvalho Filho, me passar as dicas de como se escrevia uma partida de futebol., o que ele o fez, naquela noite, em que o Ceub foi: Paulo Victor; Renê, Emerson Braga, Cláudio Oliveira (Nonoca) e Nenê; Alencar, Moreirinha e Péricles; Julinho, Ivanir e Xisté (Rogério). O Botafogo alinhou: Ubirajara; Miranda (Mauro Cruz), Chiquinho, Osmar e Valtencir; Carbone e Ademir; Cremílson (Marco Aurélio), Puruca, Nílson Dias e Ézio.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado