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Histórias da Bola
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Artilheiro vira pessoa espiritual

Saulzinho foi astro e goleador da ‘Turma da Colina’ durante a década-1960

Gustavo Mariani

28/07/2023 12h38

Atualizada 31/07/2023 6h42

A “Seleção do Céu” ganhou mais um reforço. Neste recente dia 25, sábado passado, o técnico do time “Lá de Cima” convocou o antigo artilheiro do Vasco da Gama, o gaúcho Saul Santos Silva, para usar a camisa 9, ao lado de outros craques que por lá já estão, casos de Vavá (Edvaldo Izídio Neto), Almir (Moraes de Albuquerque), Célio (Taveira Filho), Ademir (Marques de Menezes) e muitos outros.

O “tchê” foi levado por um acidente vascular cerebral, quando estava em Florianópolis-SC, visitando uma fiha, gênero e um neto. Ele deixou, ainda, mais uma filha, a diplomata Cláudia Vieira Santos, diretora do Departamento de Energia do Ministério das Relações Exteriores, o Itamaraty. A suas esposa, Luana, é cantora com discos gravados que fazem sucessos no Rio Grande do Sul e em cidades fronteiriças com o Uruguai. Até conhecê-la, o Saulzinho era viúvo.

Saulzinho foi o atleta mais caro dos contratados pelo Vasco da Gama, pelos inícios das década-1960. Custou mais do que Pinga, o quarto maior goleador da história cruzmaltina – Roberto Dinamite, Romário e Ademir Menezes são os três primeiros. Foi indicado ao Clube da Colina carioca pelo treinador Martim Francisco (um dos principais do futebol brasileiro da época), porque fazia gols em cima do Grêmio e do Internacional (os maiorais do futebol gaúcho) e dos temíveis becões dos times do interior dos Pampas.

Em 1962, a sua segunda temporada vascaína, ele tornou-se o principal goleador do Campeonato Carioca, que era o mais charmoso do país, deixando para trás feras como Garrincha, Amarildo e Quarentinha, do Botafogo; Dida e Henrique Frade, do Flamengo, Rodrigo, do Fluminense, e Jaburu, do Olaria.

Pelas suas grandes atuações de 1962, com os seus 18 gols, em 24 partidas, Saulzinho quase ajudou o Vasco da Gama a ganhar o título carioca da temporada (quebraria tabu, de quatro temporadas), o que não rolou devido a duas surpreendentes zebras ante o Olaria, que mandou 1 x 0 na Rua Bariri (sua casa) e 3 x 1 dentro de São Januário, com três gols do assombrante Jaburu. Se tivesse vencido – Saulzinho marcou gol em um dos confrontos -, o “Almirante” empataria com o (campeão) Botafogo, em pontos e número de vitórias, provocando decisão em jogo extra.

Mas bem pior para ele, naquela temporada, foi perder a chance de disputar a vaga de parceiro de Pelé na Copa do Mundo do Chile. Aparecia em todas apostas de revistas, jornais e rádios. No entanto, esforço excessivo em uma de suas partidas, provocou-lhe alongamento exagerado, rompendo músculo na virilha e deixando-o por quatro messes sem poder calçar chuteiras. Com aquilo, Vavá (Palmeiras) e Coutinho (Santos) ficaram com as vagas de centroavante.

Saulzinho formou, com Célio Taveira, uma as duplas mais notáveis do futebol carioca, a partir e 1963, Por ali, eles ganharam o Torneio Pentagonal Internacional do México (em cima do Dukla, base a seleção da Techeoeslováquia que havia decidido a Copa-62, com o Brasil, seis meses antes) e o Torneio Quadrangular Internacional de Santiago do Chile. No entanto, o título que eles mais levantaram a torcidas cruzmaltina foi a do I Torneio Internacional o IV Centenário do Rio de Janeiro, em 1965.

Com dois gols de cada um, golearam o Flamengo, na decisão, por 4 x 1. Com tamanho sucesso, teve convite para defender o português Benfica, de Lisboa. Ainda, ajudou o Vasco da Gama a conquistar a I Taça Guanabara-1965, mas depois decidiu voltar para a sua terra gaúcha, porque a sua esposa nunca se dera bem com o clima quente do Rio e Janeiro.

Nascido no 31 de outubro de 1937, em Bagé-RS, Saulzinho começou a carreira como juvenil do Grêmio Esportivo Bagé. Passou pelo rival Guarany Futebol Clube (foi campeão municipal-1956/58/60) e chegou a interessar a Grêmio e Inter-RS, mas o Vasco da Gama teve mais grana para levá-lo e vê lo ajudando-o a conquistara, também, o Torneio Cinquentenário da Federação Pernambucana de Futebol-1965.

Com lua distensão muscular o impediu de brigar por vagas no time canarinho da Copa de 62, ele não ficou se vestir a camisa da Seleção Brasileira. Em 1966, quando havia voltado para o Guarany bajeense, ajudou a trazer a Taça O´Higgins, contra o Chile, com o selecionado gaúcho representando o Brasil.

Encerrada a carreira, estudou Direito e, sem mais ter que enfrentar os becões malvados, encarou muitos ladrões de cavalo. Botou muito marginal na cadeia, por “crimes de abigeato”, como falava em seu linguajar de advogado das fronteiras dos Pampas com o Uruguai. Com certeza, mesmo com as pragas lhe jogadas pelos goleiros, foi bem recebido pelo técnico do time “Lá de Cima!”

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