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Histórias da Bola
Histórias da Bola

A graça da galera

O maior senso de seriedade da atual da imprensa esportiva brasileira tirou das publicações esportivas uma graça marcante das décadas-1960 e 1970

Gustavo Mariani

15/06/2020 12h21

Atualizada 11/11/2020 16h24

A geração de torcedores de hoje não conheceu a Revista do Esporte, lançada pelo jornalista/empresário Anselmo Domingos, que às bancas, também, as Revista do Rádio, Vamos Rir, Vamos Cantar, Radiolândia e Chico e Chica.

Uma marca registrada da semanária RE era a irreverência. Pintando uma brecha, a manchete engraçadinha estava garantida. Quem comprou, por exemplo, o Nº 453, de 13.11.1967, encontrou duas chamadas curiosíssimas: “O goleiro mais frangueiro do Brasil” e “São Paulo tem goleiro que quase foi padre”.

A primeira manchete enfocava um atleta criador de frangos. “Cao (do Botafogo) cuida da bola e dos frangos), explicava o subtítulo, informando que  o alvinegro era o único camisa 1 praticante de tal atividade comercial no país, desenvolvida em uma granja, no km-19 da estrada Rio-Petrópolis, onde vendia, também, ovos. Ali, segundo o texto, Cao havia montado três galpões,  em uma área de mais de um alqueire. Prossegue o repórter contando que, quando os colegas Manga e Gérson souberam da história, não dera outra. Cao virou “goleiro frangueiro”. E a revista do Anselmo foi em cima.

Luís Carlos Queirós, o verdadeiro nome de Cao, foi bicampeão carioca e da Taça Guanabara (era uma disputa à parte), em 1967/1968. Gaúcho, de Pelotas (26.09.1945), tinha uma boa altura (1m82cm) para o seu tempo. Hoje, seria considerado baixo para a posição. Ganhou o apelido dos colegas de peladas devido ser muito brancão.

De início, Cao atuou no futebol de praia. Depois, mandou-se para os gramados e o São Cristóvão e disputou um campeonato estadual de juvenis, voltando a interessar ao Flamengo, que o tivera por duas temporadas. Sem acordo financeiro, pintou no Botafogo, que pagou-lhe NCr$ 8 mil e mais NCr$ 12 mil ao “Santo”. Para ele, Castilho, do Fluminense, fora o maior dos goleiros brasileiros. Entre os de sua época, alinhava Manga (de quem fora reserva, no Botafogo), Ubirajara (Bangu), Arlindo (Grêmio-RS), Valdir (Palmeiras), Picasso (São Paulo) e Gilmar (Santos) os melhores.

Enquanto isso, se Cao era o maior frangueiro, Emerson Leão era o que mais entendia de frango. Na verdade, ele jamais fora um granjeiro. Ganhara “sabedoria” avícola de uma agência de publicidade, ao fazer anúncio comercial de uma marca de frango.

Um dos maiores goleiros brasileiros entre 1969 e 1986 – defendeu Comercial de Ribeirão Preto (1967), São José (1968), Palmeiras (1968-1978, 1984-1986), Vasco da Gama (1978 – 1980), Grêmio (1981 – 1983), Corinthians (1983) e Sport-PE (1987). Leão ganhou muitos títulos e foi o segundo atleta que mais jogou pelo Palmeiras, 617 vezes, só perdendo para Ademir da Guia, com 915. Pela seleção canarinha, fez 105 partidas. 

 Durante a Copa do Mundo-1978, Leão era o terceiro jogador brasileiro com maior salário, só perdendo para Zico e Rivellino.

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