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Entrevista com Ithuriana, criadora de conteúdo brasiliense que vem conquistando espaço no cenário de games

Em um bate-papo com a coluna, a gamer conta sua trajetória até a participação no palco da BGS e deixa uma dica importante para os iniciantes

Karol Scott Lucena

17/11/2022 15h18

Foto: Divulgação

Bruna Gabriela, mais conhecida como Ithuriana, tem 25 anos e é daqui de Brasília. Hoje tiktoker, começou a criar conteúdo em 2020 em função da pandemia. Foi dando tudo muito certo e, então, Ithuriana expandiu-se para o YouTube e para a Twitch. Hoje, criadora de conteúdo em tempo integral, com foco em vídeos mais curtos, a jovem fala de tudo um pouco, mas o jogo mais presente em sua rotina tem sido o Valorant.

Em um bate-papo com a coluna, a gamer conta sua trajetória até a participação no palco da Brasil Game Show (BGS). Ithuriana deixa ainda uma dica importante para você que está começando ou quer começar. Confira:

Karol: Sabemos que você começou bem cedo, lá com seus 3 aninhos, por influência do seu irmão, no Nintendo 64, jogando Pokémon Stadium. Depois disso, com quais jogos que você teve contato?
Ithu: Os jogos da vez eram Super Mario World, eu amava! Aladdin, que meu irmão já tinha zerado, então ele tinha um planador liberado já e eu zerei do jeito fácil, só ia planando tudo. Também tinha Donkey Kong Country 2 e Mario Kart, que eu jogava com meu pai. Já no Nintendo 64, tinha o 007 GoldenEye, que eu só jogava a primeira fase porque era um jogo mais violento; tinha o Rush, de corrida, muito legal, que dava pra personalizar tudo e eu só queria deixar tudo rosa e correr; e tinha The Legend of Zelda Marjora’s Mask. No GameBoy foi só Pokémon, ali da primeira geração.

Karol: Você teve vários consoles, como Nintendo 64, SNES, Playstation 3, Nintendo Wii, entre outros. Qual foi o que mais te marcou? Por quê?
Ithu: Eu costumo falar que foi o SNES, por ter sido um dos primeiros, entre meus 3 e 8 anos de idade. Só passei a jogar outros jogos quando eu ganhei o Nintendo Wii – eu já tinha 12 anos. A Nintendo foi o início da construção da pessoa gamer, me marcou muito. E atualmente, meu xodó tem sido o meu PS5. Eu tenho um Switch, Zelda é meu jogo favorito da vida, mas o Play 5 é meu símbolo de conquista.

Karol: Você é formada em Direito, na UnB, até trabalhou no ramo, mas começou a gravar e fazer lives durante a pandemia. Já tinha os equipamentos desde 2017, mas nunca havia usado, mesmo tendo eloquência graças às aulas de teatro. Você começou a gravar já pensando no crescimento ou foi só para passar o tempo?
Ithu: Eu comecei de rolê. Quando eu pensei, lá com 17 anos, eu tinha essa ideia de fazer algo que estourasse. Só que eu não tinha nenhum tipo de experiência com essa alta exposição, então acabei não fazendo. Eu tinha muito medo de não poder ou fazer alguma coisa errada, sabe? Quando eu estava prestes a fazer 22 anos, ali no começo da pandemia, em 2020, eu comecei a fazer pelo rolê, como se não quisesse nada, sem expectativas. Às vezes eu gravava cinco vezes a mesma coisa e ia vendo onde podia melhorar. Só comecei a fazer as coisas para ter muitos views quando meu TitkTok bateu mais ou menos 20K de seguidores, foi quando eu pensei: “Tá, a parada está começando a pegar uma tração, então vou tentar profissionalizar mais”. Fiz um cursinho para entender como fazer o conteúdo engajar e foi dando certo!

Karol: Você não imaginava que estaria onde está agora, né? Mas você teve pessoas próximas que fizeram a diferença para que isso acontecesse. Essa galera falou sobre TikTok, Twitch e sobre a Stream Battle do Banco do Brasil. Você tinha noção que seus amigos iriam te apoiar tanto?
Ithu: Eu fui percebendo isso aos poucos. O mais curioso disso é que as pessoas que me deram essas dicas não eram pessoas muito próximas. Antes da pandemia eu tinha um círculo de amizades totalmente diferente do que tenho hoje. Rolou um afastamento dessa galera antiga, porque éramos muito de ir em festas.

Três pessoas me indicaram as plataformas. Uma delas é a Yasmin (@yasgraeml), vlogger de viagem que começou no TikTok. Ela me mandou mensagem falando: “Entra no TikTok porque eu acho que é sua cara”. E eu: “Nossa, não, não vou entrar nesse negócio esquisito”. Ela insistiu para que eu desse pelo menos uma olhada. Ela não mora na mesma cidade que eu, nos conhecemos no intercâmbio, foi uma coisa muito do nada.

O outro foi o Marcelo (@sombrezacsgo), que era da minha faculdade, fizemos estágio juntos. A live dele está bombando, porque ele faz transmissão de CS. Um dia, vi que ele estava fazendo live e acessei para ver como que era. Depois eu perguntei a opinião dele, e ele me incentivou a tentar. Era uma pessoa com quem eu tinha passado muito tempo sem ter contato.

E a outra pessoa foi o David (@davidpotolski), um amigo meu do Ensino Médio com quem eu não falava há muitos anos. Nos seguíamos ali no Instagram e, um dia, começamos a trocar ideia, porque ele viu que eu estava postando. Ele é youtuber, então conversamos sobre criação e tal. Um dia ele me falou do concurso Stream Battle e pediu para eu dar uma olhada, já que eu estava criando muito conteúdo no último ano. Entrei no concurso e ganhei! Foi coisa de maluco.

Karol: Falando em Stream Battle, sei que lá você teve muitas experiências legais, conheceu muita gente, teve mentoria com o gigante Gaules! Quais foram os desafios? O que você pode contar sobre esse período que mudou sua vida?
Ithu: Isso é muito curioso, o que achei difícil foi criar vídeos, mas tem um porém. Quando a gente cria vídeos para o TikTok é um vídeo curto, na vertical, eu tenho um modelo de vídeo mais simples que é meio vlog. Só que as atividades da Stream Battle elas eram muito específicas. Então principalmente quando os vídeos começaram a ficar mais longos ali nas últimas etapas, que era vídeo de 10 minutos, eu entrava em pânico. Eu olhava e pensava “eu não vou postar, porque eu não sei editar vídeo, como eu construo uma narrativa interessante que dure 10 minutos”. Me batia o desespero, mas ai eu corri atrás pra aprender, coisas simples mesmo sabe, tipo buscar tutorial de como deixar o vídeo preto e branco. Um amigo meu, que conheci pelo TikTok, o P3, da GameLore (excelente conteúdo, recomendo), ele me ajudou com as edições, as vezes ficávamos até 3h da madrugada em call, eu dizendo o que eu queria fazer e ele me instruindo e me passando tutoriais para eu assistir. Então com certeza o desafio foi essa construção de narrativa, mas que fez eu aprender muito, então hoje em dia eu tenho uma facilidade muito maior de fazer isso. E o que foi mais legal foi o estreitamento com a minha comunidade e a aproximação com outros streamers que hoje virou amigão.

Karol: Ouviu teu nome, ganhou! Naquele momento deve ter passado muita coisa pela sua cabeça, mas o que você imaginou que aconteceria? Era mais ou menos o que tem acontecido hoje?
Ithu: Mais ou menos. Eu acho que quando eu ganhei, eu tinha uma expectativa de crescimento de números, que não foi uma coisa que aconteceu. Porém, eu não tinha expectativa nenhuma de fazer campanha nacional, de ter a cara estampada em totens de propaganda como foi com a publicidade da BGS que tinha eu e a Ana Xisdê para a compra dos ingressos. Eu não achava que iria a tantos eventos presenciais, esse ano viajei muito por conta disso. E eu acho que essas coisas agregaram muito para mim como criadora de conteúdo, porque ai eu passei de saber fazer o conteúdo só dentro do meu estúdio de um jeito muito específico, pra estar ali no evento e ter que criar na hora algo interessante. Hoje esses conteúdos de evento engajam mais do que os normais.

Karol: A BGS deste ano contou com sua presença,e foi sua primeira vez como visitante e como criadora de conteúdo, que também foi junto com o Squad do BB. Como foi a experiência e o que você não vai esquecer de jeito nenhum?
Ithu: A minha experiência foi muito diferente do que eu imaginava. As pessoas falaram “ah você vai ver muita gente que te segue, vai tirar muita foto, vai trabalhar muito” só que na minha cabeça eu pensava “que nada, eu sou uma criadora pequena ainda, vou ficar de boas”. Só que as coisas começaram a pipocar na semana anterior, quando começou a chegar proposta de entrevistas, de Meet & Greet, de apresentação de palco. Foi quando parei e organizei meus pensamentos porque realmente seria diferente do que eu estava imaginando. Mas ainda assim, eu não estava preparada por contato como meu público sabe? Muita gente pedindo foto e eu ficava meio assim, porque eu queria dar muita atenção para todo mundo, mas às vezes eu estava correndo de um lado para o outro e depois eu ficava pensando se a pessoa não tinha ficado chateada comigo por não ter falado mais tempo. Lembro até que comentei isso como meu namorado, o Thamás, que estava me sentindo mal por não conseguir dar atenção para todo mundo, mas muito feliz por estar tendo o feedback das pessoas vindo falar comigo. E sobre o que não vou esquecer de jeito nenhum, é justamente um encontro com um fã, ele é daqui de Brasília, ele foi para o M&G, e quando ele foi tirar a foto, ele chorava, a mãe dele chorava, o pai, todo mundo chorava! A mãe falou que tinham ido só para me ver e que ele era muito meu fã e do meu namorado. Ele pediu pra eu assinar a caixinha de Zelda dele, e eu assinando bem pequeninho pra não estragar a caixa, isso foi muito louco, acabei chorando junto. Era uma criança, devia ter uns 11 anos, e isso me marcou muito, todo o feeling do momento e que eu nunca tinha passado por isso nesse trabalho.

Karol: Você tem ido a muitos eventos, principalmente nos últimos dias. Qual seu top 3?
Ithu: Eu não consigo estabelecer o primeiro, segundo, terceiro por eles serem muito diferentes. Mas em termos profissionais de crescimento e feedback de comunidade foi a BGS, com certeza, por ter sido muito intensa e diferente do que eu esperava, pelas oportunidades também que tive por lá. A Formula 1 por questão mais pessoal, por ter sido algo com meu pai. Lembro que meu pai sempre falou muito sobre a paddock, sobre os boxes, e ele nunca tinha conseguido ir lá. Lembro que quando recebi os ingressos, me emocionei quando falei para ele “ta vendo pai, pelo menos isso eu consegui fazer para você, nós vamos pelo Banco do Brasil”.
E o SBT, que teve a primeira ArenaGamer em uma emissora de TV, no Teleton, porque foi a primeira vez que trabalhei como comentarista de Valorant e isso foi marcante para mim. E menção honrosa para o evento de God of War Ragnarok, porque foi uma coisa que eu não esperava. Sou muito fã de jogos da PlayStation, de jogos de console no geral, mas quando me chamaram fiquei um pouco descrente, não entendi por que estava sendo chamada para um evento tão grande. Eu fui acompanhar, como influencer. Os outros foram mais significativos no sentido da minha inclusão mais ativa como comentarista, apresentadora, na questão da linha de crescimento profissional, no sentido de ser apresentadora e casting. Esses 3, com a participação do banco, gosto sempre de frisar, porque o banco que proporciona essas coisas. Como falei, achei que eles iriam só me dar uma assistenciazinha, mas ai aparece essas coisas grandes assim. A menção honrosa pra PlayStation pelo reconhecimento, fiquei muito feliz!

Karol: Continuando nos eventos da elite, o The Game Awards tá vindo aí. Qual sua aposta para o Melhor Jogo do Ano e por quê?
Ithu: Eu acertei o do ano retrasado, e do ano passado, mas vamos lá! Acho muito difícil Horizon e Xenoblade ganharem. Muito mesmo. Dos que sobram, se eu falar do que acho, do feeling, do que as pessoas estão destacando dos games, eu diria que A Plague Tale seria a minha aposta, vi muita gente elogiando aspectos do jogo que são pontos que são muito focadas quando se escolhe um jogo do ano. Performace, momentos marcantes, experiência do jogador. Porém tem os hypes supremos: Elden Ring e GOD Ragnarok. Apesar da minha aposta, acho que tem muita chance de Elden Ring ganhar. GOD eu acho que é um jogo excelente, mas pelo que vi ele é muito parecido com o de 2018 e o TGA foca muito na parte de inovação e em questões de trazer o “tompero” no jogo. Stray é meu xodó, eu amei muito e quando joguei ele eu pensei “esse jogo vai ser o jogo do ano”, mas estou achando muito forte a disputa, mas se ele ganhar eu vou ficar muito feliz.

Karol: Você é fã da Ana Xisdê, da Nyvi estephan, Diana Zambrozuski. Não tem como não ser também, né?! Você acompanhava streams e conteúdo de outras meninas?
Ithu: Isso é curioso porque eu não tinha o hábito de assistir streams. Eu não via stream como uma oportunidade viável, na minha cabeça era só YouTuber, e eu passei a assistir só depois que virei streamer, daí eu assistia pessoas que eu conheço. Você falou sobre streamers meninas, e eu acho que uma das que mais assisto é da SupremaOnika, que está até na segunda edição da SBBB. Mas de início eu só acompanhava o instagram mesmo. De conteúdo longo eu acompanhava o BRKsEdu, o objetivo era ser A BRKsEdua! Assistia muito, quando comecei ele era meu referencial de conteúdo no Youtuber. Mas depois fui procurar conteúdo que parecia mais com o que eu estava começando a criar. Hoje em dia acompanho pessoas incríveis no cenário de casting e apresentação como a Anyazita, que é narradora, ela é incrível, se não for a melhor narradora do Brasil. A Bárbara Gutierrez que é apresentadora, conheci pessoalmente e que é uma inspiração. A Evelynn que é da Riot, que entrevista os jogadores. Tem a Shun, narradora. A Leticia Mota e muitas outras. Eu fui mais para esse lado de pessoas que puxam para o lado de casting e apresentação.

Karol: E para quem está te conhecendo agora, como você chegou ao nome Ithuriana?
Ithu: Eu leio muito, comecei com essa febre de leitura lendo Crepúsculo, que foi minha primeira série que eu li inteira. E minha série favorita de livros é As Crônicas do Matador do Rei, e o nome vem de Feluriana que é uma personagem dessa série, e Ithuriel que é um anjo da série Instrumentos Mortais. E ai juntei esses dois nomes. Os personagens são totalmente opostos, mas que deu o equilíbrio perfeito! Meu irmão sempre teve um nick dele, um dia eu estava falando com ele que sempre eu tinha que usar um nick diferente, porque eu tentava pegar uns nomes muito usados também. Comecei com Eraumavezumanerd, mas eu precisava de um nick único, que eu iria usar em todos os jogos, ai comecei a pensar e veio esse nome. No início eu não gostava, comecei a usar só porque era o que tinha, mas no final deu certo e hoje gosto.

Karol: Mas nem de jogos vive Ithuriana. Fiquei sabendo que também gosta de animes. Quais seus favoritos e quais tem assistido ultimamente?
Ithu: Meu top 3 é One Piece, Jujutsu Kaisen e My Hero Academia. O último que tenho assistido é Demon Slayer, que está fortemente concorrendo entrar nos favoritos também, porque ele é o muito lindo, os traços, os efeitos, um dos animes mais bonitos que assisti na minha vida.

Karol: Para finalizarmos, qual seu recado para as meninas que querem ou estão começando a criar conteúdo no cenário de game?
Ithu: O cenário game e a criação de conteúdo em geral, é sobre resiliência e persistência. É um cenário que não é muito acolhedor para mulheres, mas existe espaço. Costumo falar que videogames foram feitos para todas as pessoas que querem jogar. A gente tem que ir abrindo esse caminho mesmo, ir conquistando esse espaço. Talvez não seja fácil, talvez te coloquem em uma base de comparação que não pareça seja justa, mas o lance é você continuar fazendo e dando o seu melhor. Em algum momento as oportunidades aparecem, então persistência para isso, para manter seu trabalho. Pesquisa, procura referência, faz seu conteúdo de forma contínua, estabeleça horários. Não precisa se drenar, pensando “nossa, vou fazer isso 24h por dia, todos os dias”, mas estabeleça uma rotina confortável para você, que vai ser mais fácil. E resiliência, para você saber o que vale ou não vale a pena você discutir. Eu ainda caio no erro de entrar nessas discursões que não valem a pena, principalmente em questões de haters e de auto afirmação. Não vale. Coragem, energia, e sabe a história do coração das cartas”? Então, segue o coração. A gente gosta muito de jogos então usa isso de combustível.

Esse foi o bate-papo com a Ithuriana, se você não a conhecia, aproveite para seguir em todas as redes sociais e apoiar! @ithuriana

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