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Em entrevista, Castro Brothers contam detalhes da produção de “A Lenda do Herói 2”, “Enigma do Medo” e “Bagdéx”

Os irmãos Marcos e Mateus Castro, os Castro Brothers, me contam mais detalhes de seus novos projetos. Confira:

Karol Scott Lucena

21/06/2023 12h46

Foto: Karol

Para quem acompanha o mercado brasileiro de games sabe que os Castro Brothers tem sido de extrema importância para o cenário há alguns anos. Criadores de um dos jogos mais populares brasileiros, “A Lenda do Herói”, agora estão produzindo a continuação, intitulada A Lenda do Herói – A Marcha de Malaquias e também trabalhando em outras grandes produções como Enigma do Medo e Bagdéx. Marcos e Mateus me contam mais detalhes de seus projetos, confira:

Karol: A Lenda do Herói é um dos grandes sucessos dos jogos brasileiros. Agora vocês estão produzindo a continuação e aumentaram tudo que será oferecido. Como está sendo esse desafio?

Marcos: Fazer a Lenda do Herói sempre foi um desafio porque é uma mecânica inovadora, diferente que nunca tinha sido feita. Então, é meio que você apostar que tem uma luz no fim do túnel, porque você começa a desenvolver e você não sabe se aquilo, na prática, vai dar certo.

Mateus: Principalmente no 1, que literalmente a gente foi descobrindo certas coisas da mecânica musical, né? Você ter as peças se intercalando como quebra-cabeça, como um Lego, de você ter que saber botar os versos todos intercambiáveis, os versos poderem trocar um pelo outro e você nem sentir que está errado. Você sente com a música fluindo quase que dinamicamente, aleatoriamente, como um seed de Minecraft, todo aleatório, e a música muda desse jeito. 

Marcos: Para quem não sabe, o herói, ele canta tudo que ele está fazendo no jogo. Então, dependendo das suas ações, e cada jogador vai ter uma ação diferente, a música vai para um caminho diferente. E aí, dessa vez no jogo 2, o que a gente vai fazer? A gente vai estender isso além do jogador, além do herói cantando. Nós teremos outros personagens, e não só os personagens, mas também os inimigos e o mundo ao redor também reagindo com a música. A gente tem exemplos de outros jogos que já fazem isso de forma magistral, mas a gente está incorporando o nosso elemento inovador, da música dinâmica e a voz dinâmica de acordo com as ações do jogador, com todo o mundo e o ambiente, os personagens cantarolando também.

Karol: E o Bagdex? Vocês agora serão personagens do jogo. Como é para vocês terem um personagem dentro de um jogo no universo como o dele?

Mateus: É engraçado porque a gente sempre fez questão de evitar aparecer como personagem na Lenda do Herói. Parecia muito altivo, me inserir no jogo, sabe? Super Mateus, a gente não gosta muito disso. Mas quando vem o Bag e convida a gente para participar do jogo dele desse jeito, aí é diferente, né? Fica até bobo de não aceitar, né? Foi uma honra.

Marcos: A gente ficou muito feliz e eu particularmente, né? Estou muito feliz também de participar do desenvolvimento. Eu ajudei ativamente na campanha com a Dumativa, Castro Brothers, com o pessoal da Bagdex, a gente ficou muito entusiasmado de poder participar! Porque a Lenda do Herói, querendo ou não, ele é um projeto pioneiro na parte de financiamento coletivo, outros jogos claramente fizeram, mas de envolver comunidades de youtubers para fazer esse tripé: o estúdio, a comunidade e os próprios youtubers. 

Mateus: É que de certa forma a gente teve o pioneirismo em 2014 com a Lenda do Herói 1. Então, não somos mais pioneiros, mas ficam as boas práticas pelo menos. 

Marcos: Pois é, e aí a gente falou assim: “vamos fazer”. A gente fez junto também o jogo do Cellbit, Enigma do Medo. E agora com o Bagdex, a gente está querendo expandir isso e nosso objetivo, não só com o Castro Brothers, mas também com a Dumativa, é participar e fomentar que jogos brasileiros sejam impulsionados por comunidades de influenciadores, porque a gente sabe que é muito difícil fazer jogo no Brasil, a gente sabe que é um desafio enorme, ainda mais se você for um estúdio independente que não tem recursos públicos ou recursos de um investidor angel, alguma coisa desse sentido. Então, às vezes, a única solução é você recorrer à força das pessoas, da comunidade, e é isso que a gente tem tentado fazer.

Mateus: Sim, é você sentir o anseio da comunidade, por exemplo, Bagdex, foi uma thread de Twitter engraçadinha que o cara brincou de fazer pokémons brasileiros e viralizou muito e a coisa foi crescendo, crescendo, crescendo!

Marcos: Não foi nem isso aí no Twitter. Foram os vídeos no TikTok, se eu não me engano, não sei a ordem, mas viralizou no TikTok ou Twitter e é isso, o desejo das pessoas de quererem que o jogo aconteça.

Mateus: Foi isso também, em 2012, a gente fez um vídeo no YouTube que era fingindo ser um jogo, só que era um vídeo, a animação era no After Effects, Marcos e o Rony Pedra suaram sangue para fazer esse vídeo (risos). Pouco tempo viralizou, as pessoas comentando “nossa, eu achava que isso fosse um jogo”, “poxa isso devia ser um jogo”. E aí nisso a gente fez a campanha e fez o jogo! Realmente é sentir o que a comunidade quer ver se tornando um jogo e correr para fazer com o apoio dela. 

Karol: Qual foi a participação de vocês na produção do Enigma do Medo?

Marcos: A gente participou no primeiro momento da campanha, foi a nossa participação mais ativa. Então a gente ajudou com muitas informações, com estratégias, porque bem ou mal, tem muita coisa que não aparece para o público, mas se você não fizer uma campanha de financiamento coletivo do jeito certo… A gente brincava antigamente que iniciar uma campanha de financiamento coletivo é apertar o botão de um foguete. Na hora que você começou, não tem volta. Então você tem que saber exatamente o que você vai pedir, qual o valor que você quer para não assustar, mas também não ser alguma coisa que se você conseguir pouco te prejudicar, porque tem muitos profissionais envolvidos. As recompensas, porque dependendo do tipo de recompensa, recompensa física, tem envio, tem que fazer, produzir, a gente ajudou muito nessa parte. E também no desenvolvimento a gente também ajudou a fazer a ponte com a dublagem, que a dublagem é a direção do Fred Mascarenhas, que é lá do Canal Castro Brothers. 

Mateus: E tem uma coisinha que eu estou fazendo também no presente momento, eu sou encarregado da localização para o inglês.

Marcos: Assim como a Lendo do Herói, ele também localizou mais de 3 mil estrofes de português para o inglês. 

Mateus: E eu canto inglês. A versão inglês da Lenda do Herói pra PC, sou eu que canto, tudo inglês. Eu escrevi e eu canto aquilo tudo. E agora eu  estou traduzindo o Enigma do Medo pro inglês pra poder lançar internacionalmente. 

Karol: Qual a importância disso para o jogo em si e por que tem jogo brasileiro que sai primeiro em inglês?

Marcos: É necessidade. Porque o mercado interno não apoia suficiente para viralizar. E aí você pensa: “ah, beleza, temos 200 milhões de falantes no Brasil, mas potencialmente 8 bilhões de falantes em inglês”. A gente sabe que a conta não é exatamente essa. Eu tenho certeza que muitos estúdios adorariam fazer em português.

Mateus: E são tantos estúdios que fazem jogos fantásticos, por exemplo, Blazing Chrome, que é um jogo de contra, que é maravilhoso, maravilhoso! Um dos melhores jogos brasileiros já feitos e o jogo inicial é feito em inglês. Então, é complicado. É uma situação difícil de equilibrar. A gente quer fazer um contraponto a isso, mas não como uma crítica. É só como uma alternativa a isso. “Ó, a gente faz assim e a gente pode também fazer assim”. Porque aí tem para todo mundo. Acolhe mais, né? 

Esse foi nosso papo com os Castro Brothers! A Lenda do Herói 1 está disponível na Steam, e A Lenda do Herói 2 – A Marcha de Malaquias tem mais informações que vocês podem conferir clicando aqui.

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