Menu
Fala, Torcida
Fala, Torcida

Hegemonia

A hegemonia de Flamengo e Palmeiras nos últimos anos no futebol brasileiro preocupa a muitos, mas estamos próximo de uma espanholização?

Thiago Henrique de Morais

28/10/2022 5h00

Atualizada 11/11/2022 10h01

Gilvan de Souza/Flamengo

Muito se fala de uma ‘espanholização’ do futebol brasileiro após Flamengo e Palmeiras começarem a serem hegemônicos no futebol brasileiro e na América do Sul. Desde 2016, as duas equipes, cada uma à sua maneira, mostraram o predomínio nas competições nacionais ou das Américas. Ou eram campeões ou ficavam, ao menos, entre os quatro melhores na classificação final.

Nos últimos tempos, esses números ficaram ainda mais evidentes. Em 2018 e neste ano, o Palmeiras ficou com a taça (ok, o troféu de 2022 ainda não foi levantado, mas é questão de tempo e provavelmente virá na próxima quarta-feira). Em 2019 e 2020 foi a vez do Flamengo ficar com o Brasileirão. Ambos ainda conquistaram uma Copa do Brasil, cada um. Caso o Flamengo cumpra o seu favoritismo amanhã, empatará, também, no número de Libertadores vencidas – duas para cada.

Mas isso é de fato preocupante? Nem um pouco. Isso mostra apenas que as duas equipes conseguiram montar bons elencos, foram sérios administrativamente e controlaram suas dívidas. Essa balela de espanholização é apenas uma ‘passagem de pano’ para as equipes que não conseguem controlar suas contas. Inclusive, há alguns desses que pregam que Flamengo e Palmeiras deveriam ajudar os seus rivais financeiramente. Ridículos.

Como dito, essas duas equipes demoraram alguns anos para chegar aonde estão. O Palmeiras foi até um pouco mais célere, graças ao investimento de Leila Pereira através da Crefisa – há quem diga que a conta ainda vai chegar, já que se trata de um investimento privado e com conflito de interesses da licenciada dona da casa de empréstimos e a atual presidente do Verdão. O Flamengo, por sua vez, preferiu a austeridade financeira entre 2013 e 2016 para começar a abrir o cofre e, finalmente, conseguir contratar um esquadrão, como o de 2019. Não foi de um dia para o outro. Essas equipes decidiram ser os ‘magnatas’ do país. E conseguiram, após muito trabalho. Enquanto isso, outros clubes não pensavam em sanar dívidas, só aumentá-las. O Cruzeiro é um grande exemplo disso e pagou com três anos jogando a Série B do futebol Brasileiro.

Essa balela de espanholização cai por terra principalmente quando colocamos o nosso foco para uma equipe que pouco possui audiência: o Athletico Paranaense. Apesar de não possuir o mesmo tamanho da torcida das duas citadas, a equipe rubro-negra vem demonstrando um bom equilíbrio financeiro e esportivo nos últimos anos. Nesse mesmo período da hegemonia iniciada por paulistas e cariocas, o Furacão conquistou duas Copas Sul-Americanas e amanhã estará em campo na final da Libertadores. Em 2019, diga-se, parou o próprio Flamengo de Jorge Jesus na Copa do Brasil, conquistando o título sobre o Internacional logo na sequência. Um belo feito.

Tudo bem que é difícil crer na promessa do presidente do clube paranaense Mario Celso Petraglia de que a equipe será a maior do país em alguns anos, principalmente por conta do tamanho da torcida – o principal patrimônio de um clube. Mas tem tudo para ser uma das equipes que podem atrapalhar a vida dos atuais gigantes do futebol brasileiro. Neste ano, inclusive, já conseguiu fazê-lo, eliminado o Palmeiras nas semifinais da Libertadores. Se bater o rubro-negro amanhã, consegue ratificar a ideia de ser uma pedra no sapato do ‘Real Madrid e Barcelona’ atuais do futebol brasileiro.

Além disso, temos que ficar de olho com a chegada das Sociedades Anônimas de Futebol (SAFs). Diversos clubes já iniciaram o processo de ‘ve n d a’ para empresários, que injetarão uma boa quantia financeira nos cofres para contratar jogadores e, consequentemente, sanarem as dívidas. Botafogo, Vasco, Bahia e Cruzeiro precisam ser observados de perto nos próximos anos, pois tais equipes têm tudo para evitar que essa hegemonia persista em crescimento.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado