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Fala, Torcida
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Estágio probatório

A CBF não definiu até hoje o técnico da Seleção Brasileira. Com compromisso marcado em março, quem deve assumir interinamente é o treinador do Sub-20, Ramon Menezes. Com isso, o Brasil pode seguir o exemplo da maior rival e acabar efetivando um nome que antes era pouco provável

Thiago Henrique de Morais

17/02/2023 10h51

Foto: Lucas Figueiredo/CBF

A promessa de Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, de contratar um novo técnico para a seleção brasileira em janeiro deste ano ficou apenas na palavra. Ainda com receios por parte de dirigentes para escolher um ou outro treinador, a definição do substituto de Tite segue a passos lentos. Tanto que para o primeiro amistoso da temporada, em março, contra o Marrocos, em Tânger, no mesmo país, a ideia foi de colocar um interino no cargo: Ramon Menezes, ex-jogador do Vasco da Gama e que atualmente está no comando do time Sub-20, que obteve, no último fim de semana, o título do sul-americano da categoria.

Não ficarei impressionado se a diretoria da CBF mantê-lo no cargo após o amistoso do dia 25 de março. Ainda que com pouca experiência no cargo de treinador, Ramon Menezes possui bons números com o time sub-20. Desde que assumiu o comando, há onze meses, foram 16 partidas, com apenas duas derrotas. Além disso, a conquista invicta no Sul-Americano da base após 12 anos de hiato fez com que a CBF acreditasse no trabalho dele. Será uma espécie de ‘teste probatório’, situação bem parecida com o técnico Lionel Scaloni, da Argentina, atual campeã do Mundo.

Scaloni nunca havia sido treinador de um time profissional. O seu principal trabalho havia sido em 2018, na seleção sub-20 da Argentina, quando disputou um torneio em Alcudia, na Espanha, e obteve o título com quatro vitórias, um empate e uma derrota, em julho e agosto daquele ano. Então membro da comissão técnica de Jorge Sampoli, que deixou o cargo dos hermanos após o fracasso na Copa da Rússia-2018, Scaloni foi convidado para comandar a alviceleste nos amistosos até o fim daquele ano. A Associação de Futebol Argentino (AFA) sonhava em contratar Marcelo Gallardo, então no River Plate; ou Diego Simeone, do Atlético de Madrid, o que acabou não acontecendo. Nos amistosos daquele ano, os hermanos venceram as frágeis seleções de Guatemala e Iraque, além de bater duas vezes o México. Empataram com a Colômbia em 0 a 0, no segundo jogo de Lionel Scaloni como comandante, e perdeu para o Brasil por 1 a 0. Após esses seis jogos e sem nenhum técnico querer o cargo, ele foi efetivado como o novo comandante.

Vieram novos amistosos, com direito a uma vergonhosa derrota da Argentina para a Venezuela, em Madrid, por 3 a 1, a terceira colocação na Copa América-2019. E, novamente em função de ninguém querer aquele cargo, permaneceu ali. O resto é história. Desde a derrota para o Brasil nas semifinais da competição de 2019, a Argentina ficou 36 partidas sem perder. Terminou as Eliminatórias invicto, venceu a Copa América-2021, assim como a Finalíssima contra a Itália, no ano passado, e a sua maior glória, a Copa do Mundo. Esse número de invencibilidade até poderia ser maior, não fosse a derrota para a Arábia Saudita, na estreia do Mundial-2022.

Diferentemente de Scaloni, Ramon tem uma carreira como treinador. Chegou a comandar o Vasco da Gama em 2020, quando a torcida dizia que estava “Ramonizada”, em função dos resultados iniciais. Bem parecido com Scaloni, que teve seu time apelidado de “Scaloneta”. Mas não conseguiu títulos com os times em que passou. A sua maior glória foi justamente o título com o time Sub-20 do Brasil. Ainda existem outras diferenças: diferentemente da Argentina, que ninguém queria o cargo, o Brasil possui vários nomes nacionais que almejam o posto. O problema é que a CBF quer um estrangeiro – mais precisamente Carlo Ancelotti, atualmente no Real Madrid.

Ainda no Catar, Ednaldo Rodrigues chegou a declarar que gostaria de um treinador que “trabalhasse com os jovens, dando prosseguimento à reformulação feita pelo Tite”. Hoje, Ramon Menezes segue essa linha. E se tudo der errado na tentativa de contratar um técnico gringo, é provável que o ex-ídolo do Vasco da Gama assuma o posto de técnico da amerlinha até 2026, seguindo os passos dos nossos vizinhos.

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