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Fala, Torcida
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Brasileirão desprestigiado é culpa da CBF

Enquanto a Libertadores é obsessão e a Copa do Brasil seduz pelos mais de R$ 50 milhões em premiação, o Campeonato Brasileiro é preterido

Thiago Henrique de Morais

11/08/2023 12h05

Foto: Patricy Alburquerque/Staff Images Woman/CBF

A Copa Libertadores é uma obsessão para praticamente todos os times brasileiros. A Copa do Brasil passou a ser um sonho de desejo a cada ano que passa, em função da alta premiação. E o Brasileirão? É apenas mais um campeonato qualquer. Pelo menos é isso que os diversos clubes que disputam as copas demonstram aos seus torcedores ano após ano. Uma pena.

Há 20 anos, o Campeonato Brasileiro iniciou a sua fase de pontos corridos, premiando a regularidade. Por muitos anos, era o único torneio disputado ao longo do segundo semestre, o que permitia aos clubes o foco total na competição. Isso até 2013, quando a Copa do Brasil passou a dividir as atenções com o que deveria ser o principal torneio do país. À época, a premiação não era tão vultuosa, dando como recompensa principal uma vaga direta na Libertadores do ano seguinte. A partir de 2017, foi a própria Liberta que passou a contar com o calendário ao longo dos 12 meses. E o Brasileirão passou a ser deixado de lado por praticamente todas as equipes mais valiosas.

É nítido que, ao longo dos anos, as equipes dão atenção maior às Copas em relação ao que deveria ser a principal competição do país. Como se não bastasse a Conmebol decidir pelo calendário ao longo dos 12 meses, a própria CBF fez questão de descredibilizar o Brasileirão em termos financeiros. Hoje, a Copa do Brasil paga muito mais. E a Libertadores ainda paga em dólares. Como não priorizar estas duas competições?

É óbvio que os times vão preferir as Copas. Na Copa do Brasil, qual são necessários entre 10 e 14 jogos para ser campeão. Já na Libertadores, são de 13 a 17 partidas. É um menor desgaste para uma premiação maior, se comparado ao Brasileirão com suas desgastantes 38 rodadas, do ponto de vista técnico e logístico.

Por mais que existam dirigentes, jogadores e técnicos que neguem o fato de o seu time estar escolhendo uma competição, tais atos são nítidos. A postura é diferente. Até o clima na arquibancada é distinto. Por mais que a competição de pontos corridos seja mais justa, é notório que a emoção da torcida é maior em partidas eliminatórias. É disso que o povo gosta. A adrenalina é outra. Basta pedir a um torcedor que relembre um jogo que ele não consegue tirar da memória. Certamente ele irá citar uma partida de mata-mata.

Sou totalmente a favor da competição de pontos corridos, é justo para o time que se dedicou mais à competição. Mas em tempos em que a Copa do Brasil e a Libertadores pagam premiações mais vultosas do que o evento de 38 rodadas, é praticamente impossível haver um nível de competitividade decente ao longo de toda a temporada no Brasileirão. Se essas equipes das divisões superiores não fossem obrigadas a jogar os estaduais, talvez a história até seria diferente. O fato é que, por mais que estejamos na 21ª edição do Brasileirão por pontos corridos de 2023, esse modelo de competição não chegou para ficar. Pelo menos não da forma em que o calendário é formulado.

Hoje, é praticamente impensável que voltemos a ver o Brasileirão em um novo-antigo formato devido ao lobby que começa por parte dos patrocinadores e vai até os próprios clubes. Enquanto as marcas querem pagar por uma exposição maior durante as 38 rodadas e 380 partidas, os clubes lucram mais com se houver mais jogos, seja por meio de arrecadação ou simplesmente pela cota de TV, que tende a ser maior e mais garantida.

Se não fosse por isso tudo, o ideal seria repensar em como fazer uma competição mais atrativa. Talvez seja o caso de rediscutir a premiação. Seria um passo inicial para valorizar o Brasileirão. Mas se continuarmos assim, o que deveria ser a principal competição do país passa a ser aquele torneio em que se poupa jogadores para disputar partidas de Copas. E por mais que critiquemos, os clubes e jogadores estão mais do que certos. Se dá para ganhar mais trabalhando menos, por que não? Com isso, só temos a lamentar o fim lento do que deveria ser uma das principais ligas do mundo.

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