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Do Alto da Torre
Do Alto da Torre

Rui Costa tenta corrigir sua gafe

Segundo ele, suas declarações criticavam o momento político brasileiro, e usou Brasília como uma metáfora

Eduardo Brito

05/06/2023 18h50

Ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa – Foto: Agência Brasil

Após as críticas a Brasília, feitas em evento público no interior baiano na última sexta-feira, 2, o ministro Rui Costa tentou corrigir a gafe ao receber a família do fundador da capital na tarde desta segunda-feira, 5.

Acompanhada pelo líder do PT no Senado, Jaques Wagner, pelo filho André Octávio Kubitschek e pelo marido Paulo Octávio, a presidente do Memorial JK, Anna Christina Kubitschek, entregou ao chefe da Casa Civil o livro “Por que construí Brasília?”, de autoria do ex-presidente.

E ouviu dele as explicações sobre as frases infelizes sobre a capital. Rui Costa afirmou aos interlocutores que suas palavras foram “interpretadas de maneira equivocada” e garantiu que não queria fazer nenhum ataque à cidade ou à população que nela vive. Segundo ele, suas declarações criticavam o momento político brasileiro, e usou Brasília como uma metáfora.

O ministro disse ainda admirar o governo desenvolvimentista que JK fez no País, nos anos 1950, e que mais de 250 mil baianos vivem hoje em Brasília graças ao sonho de um Brasil grande, que o ex-presidente plantou no País.

Por fim, garantiu a Paulo Octávio, presidente do PSD-DF, que não partiu dele e nem do Palácio do Planalto a emenda feita pelo relator do Novo Arcabouço Fiscal na Câmara dos Deputados, Cláudio Cajado, que mudou as regras de distribuição dos recursos ao Fundo Constitucional do Distrito Federal, dispositivo pode causar um prejuízo de R$ 87 bilhões em dez anos aos cofres públicos da capital.

Reação a ministro se reforça e complica clima político

Não ficará apenas em palavras a reação aos infelizes e preconceituosos comentários do ministro Rui Costa contra Brasília. O presidente da Câmara Legislativa, Wellington Luiz, convocou para esta terça-feira, 6, uma sessão em que se deve aprovar voto de repúdio às declarações.

A quase totalidade dos distritais associou-se às críticas. Mesmo os petistas criticaram Rui Costa. Até Érika Kokay, muito afinada com o partido, afirmou que “a declaração do ministro Rui Costa sobre Brasília é típica de quem não conhece a cidade e o DF, pois, se existe uma ‘ilha da fantasia’, ela é habitada justamente por quem só consegue enxergar aqui tapetes e gabinetes”.

Acrescentou que, “se ele quisesse criticar o sistema político, composto majoritariamente por pessoas de fora de Brasília, que o fizesse diretamente, sem ofender a cidade”. Chico Vigilante, decano da Câmara, reiterou as críticas, ainda que considerasse exagerada a primeira reação do governador.

Ricardo Vale comentou que “infelizmente, o ministro Rui Costa não conhece Brasília e acha que nossa cidade se resume ao Congresso Nacional; por isso o presidente Lula deveria obrigar todos os ministros, antes de assumirem os ministérios, a andarem por nossas regiões e conhecerem nossas cidades e o Entorno do DF”.

Disse também que “é preciso que pessoas como o ministro saibam como vivem os mais de 3 milhões de habitantes daqui. Já passou da hora de pararem de associar os erros de políticos a nossa cidade”. Em outras palavras, houve unanimidade na cidade.

Problemas nas relações com o Planalto

A preocupação maior, agora, é com as relações entre o poder local e o Planalto. O governador Ibaneis Rocha e o ministro Rui Costa vinham até conversando bem.

Há duas semanas eles e suas equipes reuniram-se para debater projetos para Brasília que precisam de verbas federais. Mas a infelicidade da fala do ministro reforça o mal-estar. Em plena inauguração do Túnel de Taguatinga, Ibaneis não deixou de alfinetar: disse que “apesar das pessoas que não gostam de Brasília, nós e nossa população vamos fazer cada vez mais pelo Distrito Federal”.

Ibaneis disse anda que “é triste ver que alguns políticos não têm a menor noção do que Brasília representa para o Brasil” e que “declarações infelizes só servem para aumentar o clima de animosidade que devemos combater no país”.

Mas fez um aceno, ao lembrar que “o Brasil pede paz para que possamos trabalhar em benefício de todos”.

Afinal, mesmo o deputado oposicionista Alberto Fraga lembrou que “essa relação de inimizade ou de disputa entre o governo federal e o governo do DF não pode continuar, isso numa aconteceu, pois independente dos partidos políticos que comandavam a União ou o DF a relação sempre foi muito boa”. Mas Fraga não deixou de cutucar o ministro.

Com certeza é para esconder a sua incompetência no governo da Bahia, basta ver o estado que ele deixou a educação no estado.

Distritais querem a cabeça do ministro

Os distritais Pastor Daniel de Castro, Joaquim Roriz Neto e Thiago Manzoni enviaram ofício para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva solicitando a demissão do ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa. De acordo com o pedido dos deputados distritais, todos de partidos de oposição a Lula, as declarações de Rui Costa levantam “sérias questões sobre sua competência e seu compromisso com a governança responsável”.

O documento ressalta a “falta de respeito” para com a capital federal e questiona a “capacidade de desempenhar suas funções de forma adequada”. Daniel de Castro afirmou que o ministro agiu de maneira preconceituosa e precisa “urgentemente” sair do cargo.

“Reforço o convite, saia dos palácios, Rui, misture-se ao povo do Distrito Federal o senhor deveria ter a exata noção da responsabilidade que o alto cargo público para o qual foi nomeado exige e nos poupe das suas falas preconceituosas”, afirmou.

A distrital Paula Belmonte foi uma das primeiras a cobrar a imediata demissão do chefe da Casa Civil. Rui Costa foi alvo até de conselho psiquiátrico.

“A Brasília do ministro Rui Costa não é a Brasília dos brasilienses, é a Brasília da qual ele faz parte e é protagonista – e o ministro esqueceu de fazer uma autoanálise”, disparou Gutemberg Fialho, presidente do Sindicato dos Médicos do DF.

Crise chega ao Congresso com força

O presidente da Câmara, Arthur Lira, disparou nesta segunda-feira, 5, contra o ministro Rui Costa, avisando que sua declaração causou “muito rebuliço” entre partidos da esquerda à direita. Lira defendeu que é preciso “comedimento” por parte desses ministros e disse que “essas coisas não ajudam”, em meio à crise na articulação. “O presidente da República, homem experiente, está literalmente a par de tudo que vem acontecendo e sabe das dificuldades e facilidades do processo como está a se desenrolar”, disse Lira.

“Ele sai ouvindo sugestões e opiniões, lógico que isso é uma questão de cunho e escolha pessoal, ninguém está querendo indicar ninguém, ninguém está querendo escolher ninguém, mas há de se ter um comedimento por parte desses ministros, principalmente com declarações”, afirmou, em referência a declaração dada por Rui Costa.

Ainda nesta segunda-feira começou a circular no Congresso um dossiê informando que após oito anos de governo de Rui Costa o desemprego na Bahia ficou em 14,4%, quando a taxa média brasileira foi de 8,8%. Em 2022, o PIB da Bahia registrou expansão de 2,6% na comparação com ano de 2021, enquanto o PIB brasileiro cresceu 2,9% – e o do DF, 4,6%.

Além disso, a Bahia aparece novamente entre as últimas posições do Brasil nas áreas de educação e segurança pública, conforme o Ranking de Competitividade dos Estados. Afinal, a Bahia ficou em 24º lugar na educação e em 23º na segurança pública.

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