Secretário de Economia Verde do Ministério do Desenvolvimento, o ex-governador brasiliense Rodrigo Rollemberg recebeu com entusiasmo uma delegação do Vale do Javari, onde fica um dos municípios mais afastado de centros urbanos, Atalaia do Norte.
Foi um encontro descontraído e alegre, em que Rollemberg chegou a testar uma zarabatana, instrumento marcial indígena que dispara setas envenenadas pelo sopro. Animado, Rollemberg chegou a dizer que o ministro e vice-presidente Geraldo Alckmin estava comprometido com a Amazônia e aí entrou em um campo minado.
Anunciou que dava integral apoio aos programas de manejo sustentável do pirarucu, iniciativa de vários municípios da região. Faltava informação a Rollemberg. A CPI das ONGs, em investigação no Senado, descobriu que em programas do gênero, entidades não-governamentais exploram descaradamente as populações locais.
Em um dos casos, a ONG pagou R$ 158 mil em um ano para 110 famílias, a quem cabia manter os pirarucus, administrar os espaços, abatê-los e ainda fornecer os filés dos bichinhos a hotéis e restaurantes.
Fechada a conta, dá renda de R$ 119,69 por família ao mês. Se cada família tiver quatro integrantes, cada um deles ganha exatos R$ 29 ao mês. E, pior da história, a pele dos pirarucus é confiscada pela ONG e revendida nas capitais. Em uma loja do Shopping Brasília, no DF, a bolsa de pirarucu chega a custar R$ 4 mil.