Ministro do Supremo Tribunal Federal por 17 anos, Ricardo Lewandowski não tem, nem poderia ter, filiação partidária. Antes de virar juiz, porém, foi secretário de Governo e de Assuntos Jurídicos de São Bernardo do Campo de 1984 a 1988 e presidiu a Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano, a Emplasa, de 1988 a 1989, sempre em governos petistas.
Sintomaticamente, o PT não chiou quando se falou em sua nomeação para o Ministério da Justiça, no lugar de Flávio Dino, do PSB. Embora a pasta envolva também – hoje principalmente – a segurança pública, desconhece-se seu pensamento a respeito.
Sabe-se apenas que, quando ministro garantista, insurgiu-se contra a expressão “bandido bom é bandido morto” dizendo que isso contrariava o que defendeu durante toda a sua vida. Sua ida para a Justiça cria, em primeiro lugar, dúvidas a respeito da manutenção do time atual.
Nele estão muitos petistas de carteirinha, como o ex-deputado Wadih Damous, mas os principais integrantes do time estão mais próximos do PSB. E o PT, claro, quer um ministério de porteira fechada. Só o diretor-geral da Polícia Federal tem a permanência garantida.
Não se tem ainda ideia do destino secretário executivo Ricardo Cappelli, visto como o braço direito de Flávio Dino e principal articulador da área de segurança na pasta, que nesta quinta-feira, 11, deixou Brasília.
Interventor na segurança pública do Distrito Federal depois do 8 de janeiro, tem sido citado frequentemente como candidato eventual a governador, em um esforço para salvar o PT brasiliense dos desastres que se acumulam em todas as eleições depois de 2010. A provável saída de Cappelli mexe com todo esse processo.
Caso seja alojado pelo presidente em outro cargo, a candidatura pode até subsistir. Caso saia, deixará uma outra dúvida atroz: como a administração de Lewandowski lidará com a segurança, que afinal é hoje a principal missão do Ministério da Justiça.
Cappelli avisou que não pediu demissão. “Vou sair de férias com a minha família e voltar para colaborar com a transição no Ministério da Justiça e Segurança Pública”, comunicou. Não disse quando. Mas avisou: “vou cuidar da vida”