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Do Alto da Torre
Do Alto da Torre

Damares de olho no Buriti

Enfim, Damares mantém a proximidade com a amiga Michelle Bolsonaro que, ela também, amiudou aparições no Distrito Federal

Eduardo Brito

19/07/2023 18h29

Foto: Agência Senado

A agendada senadora brasiliense Damares Alves deu uma guinada nas últimas semanas. Primeiro, ela passou a intensificar suas visitas a cidades do Distrito Federal em que, ao que se saiba, nem na campanha do ano passado ela havia pisado. Segundo, começou a cultivar deputados distritais, para quem até hoje era uma ilustre desconhecida.

Foi o único caso de senadora a visitar a Câmara Legislativa em pleno recesso, sendo recebida pelo presidente Wellington Luiz que, em falta de distritais para a inesperada aparição, precisou reunir assessores.

A pauta de Damares na Câmara era tipicamente de aproximação: não tinha propostas concretas a fazer, mas sim listar preocupações de seu mandato, na maior parte ideias vagas sobre criminalidade e infância, além de transmitir um igualmente vago, embora lúcido, alerta sobre a retomada da ação de deputados federais contra o Fundo Constitucional.

Enfim, Damares mantém a proximidade com a amiga Michelle Bolsonaro que, ela também, amiudou aparições no Distrito Federal.

Como o título eleitoral de Michelle permanece na capital e como é quase uma regra que senador em meio de mandato lance uma candidatura para não passar oito anos longe do eleitorado, isso só pode estimular a ideia de uma coligação PL-Republicanos.

Nesse caso, fora a possibilidade de Michelle concorrer ao Planalto no lugar do maridão inelegível, poderia muito bem surgir a dobradinha com Damares para o governo e Michelle para o Senado, restando o desafio de como acomodar outra aliada de primeira hora, a deputada Bia Kicis.

Amigas são amigas

Não é só ao Legislativo que Damares destina sua ofensiva. Nos últimos dias circulou também pelo Palácio do Buriti e suas adjacências. Visitou secretários da administração do atual governador da capital federal Ibaneis Rocha (MDB), em especial o secretário de Governo, José Humberto Pires de Araújo.

Foi um encontro muito cordial, em que se comportaram, ambos, como amigos de infância. Damares aproveitou para se reunir com a governadora em exercício, Celina Leão, essa sim aliada política de longa data, o que não impede que, caso vingue a candidatura, seja sua adversária potencial.

De qualquer forma, a senadora só chama Celina de “governadora” e garante que nunca será sua adversária. Aliás, Damares nega a todos os interlocutores a intenção de se candidatar ao Buriti.

Seu partido, o Republicanos, tem uma parcela significativa de cargos no governo, inclusive duas secretaria de peso, mas no plano federal oscila muito, tendendo agora a aderir com tudo ao governo Lula.

Prioridades

Nesse capítulo, Damares moldou suas propostas ao Senado à agenda que tem mostrado nas novas visitas a cidades do Distrito Federal. Lembra que sua primeira ação como senadora foi pedir uma comissão especial para imediata discussão sobre a reforma do Código Penal, de forma a tornar mais duras as penas a criminosos e a amoldá-lo à pauta de costumes.

Além disso, lembra, costuma pedir uma Comissão Permanente da Proteção da Infância, “pois sei que a maioria dos estupros são contra crianças”. Damares mostra pressa. “No segundo semestre uma resposta aos meus pedidos o Senado Federal precisa emitir, pois não aguentamos mais tantos estupros e tanta impunidade”, adverte.

A esquerda brasiliense já se arma contra Damares. Keka Bagno, que foi candidata do PSOL ao Buriti na eleição passada, comentou que “Damares é ardilosa, com fala mansa, sempre usa a palavra ‘cuidado’ para situações diversas, não tem conteúdo programático para um Estado democrático, mas sua areia movediça a coloca como articuladora”.

O bolsonarismo não morreu

Ainda nesse capítulo, a ex-distrital Júlia Lucy, que está sem mandato mas permanece politicamente ativa, tem postado nas suas redes sociais fotos de Michelle Bolsonaro com um aviso: “Eu adoraria ver essa mulher na disputa presidencial”.

Júlia Lucy aproveita outros temas para dar seu recado básico. Acelerou as críticas ao Supremo Tribunal Federal, dizendo que “para quem ainda não entendeu o conceito de ativismo judicial, este é um exemplo, a manifestação do ministro Luís Roberto Barroso sobre seu papel na derrubada do bolsonarismo”.

Para a ex-distrital, o Judiciário deveria ser neutro politicamente e aplicar as leis feitas por políticos eleitos. Afinal, “a ideologia deveria ser a lei”. Tudo isso para dar o aviso final. “Em tempo: o bolsonarismo não morreu”, afirma.

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