Acusado de ter determinado a abertura da Esplanada aos militantes que vandalizaram os palácios dos Três Poderes, o coronel da Polícia Militar do DF, Paulo José Bezerra, propôs à CPI dos atos antidemocráticos da Câmara Legislativa fazer uma acareação com os oficiais que mencionaram seu nome e negou também que o governador Ibaneis Rocha lhe tenha dado qualquer ordem para isso. Sobre o governador, para mim seria uma honra receber uma ligação dele.
O governador nunca me ligou, não sabe nem que eu existo”, afirmou. Paulo José era subchefe do Departamento de Operações da Polícia Militar na data dos atos e atualmente encontra-se preso junto com a cúpula da PMDF em decorrência do inquérito do Supremo Tribunal Federal que investiga o 8 de janeiro.
Interpelado pelo presidente da CPI, Chico Vigilante, e pelo relator João Hermeto, o coronel se colocou no papel de bode expiatório, até porque estava em licença médica e só voltou à ativa no dia 2 de janeiro, menos de uma semana antes da invasão.
O coronel assegurou que não foi convocado para nenhuma reunião de planejamento para contenção das manifestações antidemocráticas que vinham sendo anunciadas.
O coronel também acusou seu colega coronel da PMDF, Marcelo Casimiro, responsável pela operação naquele dia, de ter mentido em seu depoimento à CPI quando afirmou aos parlamentares que a ordem para abertura da Esplanada dos Ministérios havia partido de Paulo José.
“O coronel Casimiro mentiu aqui. Eu nunca dei a ordem ao Casimiro para abrir a Esplanada. Eu nem participei das reuniões. Ele mentiu aqui na CPI e me coloco à disposição para fazer acareação na frente dele”, disse o coronel Paulo José.
Só ele em serviço
O coronel Paulo José contou ainda como virou o chefe interino do DOP e único coronel em serviço no departamento às vésperas da manifestação antidemocrática.
“Eu tirei férias em novembro de 2022. O coronel Klepter, responsável pelas operações, me pediu para não retornar e ficar em casa. Me mandou voltar somente depois de 2 de janeiro. Quando eu voltei, o núcleo do DOP estava todo afastado. Três coronéis do núcleo operacional não estavam lá. O comum seria que se um se afasta, dois ficam. Aquilo não foi normal”, disse.
Paulo José revelou ainda que o então presidente da República, Jair Bolsonaro, teria visitado oficiais da PMDF que se formaram na mesma turma dos coronéis Fábio Augusto Vieira, que era comandante-geral no dia 8 de janeiro, Klepter Rosa, atual comandante-geral, e Jorge Naime, que atualmente encontram-se presos. Segundo Paulo José, há uma foto de Bolsonaro com os integrantes da turma no ano passado.