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Do Alto da Torre
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Atacado pelo partido, distrital deve deixar o PL

O inquérito ainda não foi concluído, mas a executiva do PL-DF convocou a reunião para abordar a situação, que considera “delicada”

Eduardo Brito

14/08/2023 21h56

Atualizada 15/08/2023 6h07

O distrital Daniel Donizet deverá deixar o PL após a direção regional do partido emitir nota exigindo que ele preste informações a respeito das acusações de assédio que estão sendo apuradas em inquérito policial.

As acusações ganharam cunho político em julho deste ano, quando o vice-presidente da Câmara Legislativa, o petista Ricardo Vale, requereu informações sobre um inquérito aberto pela Polícia Civil que envolve Daniel Donizet, um de seus assessores e uma prostituta.

Segundo a denúncia, a garota registrou um boletim de ocorrência acusando Marco Aurélio Oliveira Barboza, assessor do deputado, de agressões físicas e sexuais. A denunciante também alega que o próprio deputado teria presenciado e conhecido os crimes, que teriam ocorrido em um motel.

O inquérito ainda não foi concluído, mas a executiva do PL-DF convocou a reunião para abordar a situação, que considera “delicada”. Conforme a nota emitida, “o partido se reserva o direito de avaliar a situação e discutir a possibilidade de expulsão do parlamentar caso as acusações sejam confirmadas ou consideradas graves”.

Antes do protesto

Divulgada tarde na noite de sábado, 11, a nota foi assinada por quase toda a cúpula do PL brasiliense incluindo a deputada Bia Kicis, presidente do partido, o secretário Agaciel Maia, 1º vice-presidente, distrital Roosevelt Vilela, 2º vice, distrital Thiago Manzoni, Secretário-Geral, mais o bispo Renato Andrade dos Santos e Mônica Neves de Almeida, ambos vogais.

Como essa nota dava prazo para Donizet se explicar, poucas horas depois o distrital divulgou sua resposta. Nela, diz que “repudia toda e qualquer violência contra a mulher” e insiste em que não é alvo de nenhuma investigação formal da Polícia ou do Ministério Público. Haveria apenas, segundo Donizet, “denúncias falaciosas e inverídicas que estão sendo exploradas por oportunismo político de seus opositores, interessados na posição que ocupa”.

Acaba avisando que está “confiante de que a verdade prevalecerá”. A defesa do distrital assegura que não há qualquer comprovação de que ele estivesse no motel, salvo a afirmação da denunciante. E diz ainda que mesmo ela não garante ter visto Donizet, mas apenas ouvido um dos rapazes do grupo falando o nome dele.

A verdade é que esse inquérito –tenha ele o caráter de comprometer Donizet ou de declarar sua inocência – até agora não foi visto por ninguém.

A procuradora dos Direitos da Mulher na Câmara, a distrital Jane Klebia, pediu à Polícia Civil cópia do inquérito, mas foi informada de que ainda não havia nada a divulgar.

Fica o registro de que um grupo marcou para as 14h30 desta terça-feira, 15, manifestação diante da Câmara Legislativa “contra o assédio e a violência contra a mulher”. Não se menciona o nome de Donizet, mas é muita coincidência.

Conflito com Bia

Em tempos passados, Donizet e Bia Kicis foram mais próximos e até fizeram campanha juntos em 2018, quando concorreram em dobradinha pelo falecido PRP, que foi um dos veículos do bolsonarismo no Distrito Federal. Donizet trocou logo o partido pelo PL, então controlado pelo casal Arruda.

Aproximou-se da também deputada federal Flávia Arruda, que presidia o partido na capital. Só bem mais tarde Bia Kicis se filiou também ao PL, acompanhando o então presidente Bolsonaro. A essa altura, Donizet e ela não estavam mais na mesma vertente política.

O primeiro suplente do PL, o ex-distrital Reginaldo Sardinha, está afinado com Bia Kicis. Donizet afirma que nem pensa em renunciar. Está, porém, acertando com o PL a prerrogativa de deixar o partido sem que a direção reclame a cadeira alegando desrespeito à fidelidade partidária.

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