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Do Alto da Torre
Do Alto da Torre

A espera de Reguffe

A palavra final sobre as chapas pode ficar para depois de junho. As convenções só acontecerão a partir de julho

Eduardo Brito

20/04/2022 5h00

Atualizada 19/04/2022 23h41

Brasília – Senador Reguffe durante a defesa da presidenta afastada Dilma Rousseff em sessão de julgamento do impeachment, no Senado (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Definida como companheira de chapa majoritária do senador José Antonio Reguffe, a deputada brasiliense Paula Belmonte recebeu seguidas confirmações de parceria por parte dele. Em três eventos recentes, diante de correligionários, Reguffe ratificou que a deputada estará a seu lado na sucessão brasiliense. Só que nada falou sobre os cargos que disputarão. Ou seja, um será candidato ao governo e outro ao Senado. Mas qual? Nem Paula sabe. Tem inclusive cobrado elegantemente uma posição do senador. Um complicador é que não há prazo para essa definição. A palavra final sobre as chapas pode ficar para depois de junho. As convenções só acontecerão a partir de julho. Se a ideia for esperar resultados de pesquisa, pode demorar.

Mudança de endereço

As reuniões do antigo PPS brasiliense, sucessor do PCB, tinham endereço certo, a sede do partido no Conic. O Cidadania manteve essa rotina, apesar das dificuldades de acesso e do desconforto. Até uns dez dias atrás, após a posse de Paula Belmonte na sua presidência, lá ocorrida. A partir daí, houve vários encontros do partido, na maioria informais, no escritório do advogado Luís Felipe Belmonte, marido de Paula. É um espaço (foto) bem mais aprazível, no Corporate Financial Center, Asa Norte. Foi lá que o senador Reguffe reafirmou, na versão mais recente, seu compromisso com a chapa majoritária. Também sediou reuniões com o PSC, partido do anfitrião, após negociação com o presidente nacional Marcondes Gadelha.

Expectativa com Cristovam

O Cidadania ainda não finalizou sua chapa para deputados federais e distritais. Pesa nesse sentido, entre outros fatores, o prazo para transferência de domicílio eleitoral de eventuais candidatos. O ex-senador Cristovam Buarque concentra as expectativas do partido, embora tenha negado, seguidas vezes, a intenção de se candidatar este ano. O Cidadania alimenta, porém, a esperança de que venha a rever essa postura, inclusive porque todos os levantamentos de intenção de voto o colocam à frente quando citado para a Câmara. Também há esperança em uma candidatura do presidente nacional do partido, Roberto Freire, que já foi senador e deputado federal por seis mandatos, embora por outras unidades da Federação. Os especialistas do partido acreditam que, tendo os dois na nominata, certamente ultrapassará o quociente eleitoral. Além disso deve disputar a Câmara o empresário Igor Tokarski, que foi administrador de Brasília no governo Rollemberg e teve pouco menos de 8 mil votos.

Se precisar, fica com Bolsonaro

Apesar da presença desconcertante da ex-ministra Damares Alves, que só teria oportunidades eleitorais em uma chapa puro-sangue bolsonarista no Distrito Federal, o governador Ibaneis Rocha prioriza a manutenção de seu amplo arco de alianças, que hoje inclui os três partidos mais alinhados com o Planalto, PL, Republicanos e PP. Por isso insiste em que Bolsonaro não precisa de outro palanque na capital, já que toda a sua base está representada na base de apoio do próprio Ibaneis. Ele não repudia a candidata de seu MDB, a senadora Simone Tebet, mas lembra sempre que o partido está dividido, com um Nordeste lulista, Centro-Oeste e Sul bolsonaristas, e rachando de vez no Sudeste e no Norte. Por essas e outras se garante um segundo turno entre Lula e Bolsonaro. Aí, Ibaneis votará mesmo em Bolsonaro, até porque, lembra, “o PT nunca ficou comigo e nunca fez ou fará parte de minha base”.

Galeria dos Estados

Ibaneis anunciou nesta terça-feira, 19, a renovação da Galeria dos Estados, numa referência velada ao antecessor Rodrigo Rollemberg, governo em que o espaço foi duramente atingido pela queda de um viaduto. “Depois de muitos anos de descaso e um episódio de desabamento que trouxe grandes prejuízos financeiros para os comerciantes, a Galeria dos Estados ficou de cara nova”, disse. “Entregamos esse espaço mais moderno e seguro, completamente reformado, desde a parte estrutural, elétrica, hidráulica e piso, além de mais acessível, com calçadas adaptadas e elevador”, completou.

PT dará mesmo as cartas

Os nomes ainda não foram escolhidos, mas o PT terá mesmo ampla maioria na nova Assembleia Geral da federação formalizada com PCdoB e PV. Ela será o órgão máximo de decisão dos três partidos durante os próximos quatro anos e terá 60 membros. Pelos critérios previstos na ata da federação, 51 dessas cadeiras serão divididas entre eles de acordo com a votação obtida por cada um na última eleição para deputado federal. Só para lembrar, dessa vez o PT teve 10,126 milhões, sendo a segunda legenda mais votada, enquanto o PV teve 1,592 milhão e o PCdoB 1,329 milhão. Dá 40 cadeiras para o PT, seis para o PV e cinco para o PCdoB. As nove cadeiras restantes serão distribuídas de forma igualitária entre os três sócios. Assim, na soma final o PT ficará com 43, o PV com nove e o PCdoB com oito. Como a ata fixa que as decisões precisarão de 45 votos, faltarão apenas dois para os petistas terem essa maioria mais que absoluta.

Leila já vive o pós-lançamento

Já lançada candidata a governadora do Distrito Federal do PT, a senadora Leila Barros participou nesta terça-feira, 19, do programa Ciro Games, aproveitando a presença do ex-governador na capital para a festa do partido local. Aproveitou para listar seus compromissos: quer “ver a nossa cidade livre da corrupção, livre do preconceito, do machismo e da desigualdade”. De quebra, Leila lembrou do Dia do Índio e prometeu votar contra o projeto que permite mineração em terras indígenas. Afinal, acrescentou, “desde a redemocratização do País, nunca os povos originários se viram tão atacados em seus direitos como agora, inclusive com suas terras sendo invadidas por garimpeiros, com registros de tentativa de prostituir crianças e mulheres”.

Para formar coligações

Tanto Leila quanto Ciro Gomes falaram em ampliar a base de apoio de suas candidaturas. Afinal, tanto no plano nacional quanto no distrital seu PDT está sozinho. Leila tem boas chances de receber força do PSB – o único detentor de mandato do partido no DF, Israel Batista, foi um dos poucos parlamentares a aparecer na festa de lançamento – mas no plano federal já está desenhada a aliança com Lula, inclusive com Alckmin de vice. Ciro mencionou o PSD. Só que aí também se desenha uma batalha para ambos. Em Brasília, o partido está com Lula e, no plano nacional, o deputado petista José Guimarães avisou, também nesta terça-feira, que é prioridade para a campanha de Lula fazer uma frente com o PSD já no primeiro turno. Ainda resta o União Brasil, que no Distrito Federal caminha para outra candidatura ao governo.

Aceno amplo, geral e irrestrito

Ciro Gomes, porém, não se restringe a esses partidos. Fez novo aceno ao Podemos, MDB, União Brasil, PSDB e Cidadania, registrando que os últimos quatro decidiram anunciar um candidato de consenso no dia 18 de maio. Fez também um aceno ao seu público interno, ao afirmar que a saída do ex-juiz Sérgio Moro da disputa abre caminho para as negociações. Como preveniu o presidente do diretório brasiliense do seu PDT, Georges Michel, qualquer acordo partidário que envolva Moro seria vetado pelas bases partidárias. “Ainda bem que vocês saltaram essa fogueira que estava aí”, observou Ciro Gomes ao citar o Podemos, que agora está sem candidato presidencial. Pelo sim, pelo não, Ciro Gomes fez grandes elogios ao senado Álvaro Dias, que pode substituir Moro como cabeça de chapa do Podemos, mas que deve preferir uma reeleição garantida no Paraná.

Sem Eduardo Leite

A esse respeito, o presidente do MDB, Baleia Rossi avisou também nesta terça, 19, que considera inadiável a decisão dos partidos do grupo – MDB, PSDB, União Brasil e Cidadania – marcada para o dia 18. Segundo ele, os partidos têm como chegar a um candidato único até essa data fatal. De quebra, Baleia Rossi descartou a possibilidade de que Eduardo Leite, ex-governador do Rio Grande do Sul e dissidente tucano, seja considerado para a chapa. Segundo ele, o candidato do PSDB, ratificado em prévias, é o também ex-governador João Dória que será, portanto, o interlocutor do grupo.

Tramoia no PIX rende indenização

A Picpay Serviços foi condenada a indenizar um cliente que ficou 55 dias sem poder utilizar a quantia que havia na sua conta bancária. Em uma fraude bancária, valor tinha sido transferido a terceiro mediante fraude. Ao aumentar a condenação, a 1ª turma Recursal dos Juizados do DF destacou que os transtornos afetaram a tranquilidade do consumidor. O autor conta que usava a conta para montar a reserva de emergência. Ao acessá-la para conferir o saldo, percebeu que o saldo era de R$ 7. O extrato detalhado apontava que, dias antes, havia sido realizada uma transferência, por meio de Pix, no valor de R$ 47 mil. O autor relata que entrou em contato com o banco e com a polícia para comunicar a fraude. Ele afirma que o banco só o ressarciu 55 dias depois, período em que precisou contrair empréstimos. Pede para que a instituição seja condenada a indenizá-lo pelos danos morais sofridos e a pagar os rendimentos que deixou de ganhar no período. Decisão do 1º JEC de Águas Claras concluiu que a falha na prestação do serviço causou ofensa aos direitos de personalidade do autor. Segundo o magistrado, “houve o bloqueio por longo período de toda a quantia depositada na conta mantida pelo réu, além de ter seus dados pessoais utilizados indevidamente por terceiros em virtude de negligência da empresa ao não preservar estas informações”. O banco foi condenado ao pagamento dos lucros cessantes e de R$ 3 mil por danos morais, além, claro, de recuperar o dinheiro desviado.

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