O cinema sempre foi palco para representar a realidade, seja para mostrar histórias leves ou as mais brutais possíveis, essa semana estreia o novo longa de Dominik Moll, inspirado no livro de não ficção “18.3: Une Année à la PJ”, de Pauline Guéra, “A Noite do Dia 12”. O filme foi o grande vencedor do César deste ano, o Oscar francês concedeu a produção seis troféus, entre eles, o de melhor filme, melhor direção e melhor adaptação.
“Sabe por que Clara foi assassinada? Eu te digo. Clara morreu porque ela era uma mulher.” Essa frase, dita pela melhor amiga da jovem de 21 anos morta numa vila nos arredores de Grenoble, no sudoeste da França, define do que se trata a trama.
Yohan Vivès (Bastien Bouillon), é um investigador da polícia perseguido por um caso que lhe causa mais incômodo do que qualquer outro em sua carreira. Trata-se do chocante assassinato da jovem Clara Royer (Lula Cotton-Frapier) que, aparentemente, se dava bem com todos. Cada vez mais obcecado em solucionar o caso, o investigador embarca em uma espiral interminável de segredos obscuros em busca de pistas e quaisquer sinais que possam levá-lo até o culpado do crime brutal.
A importância desse filme se vale justamente por se tratar de um caso que faz parte da vida de muitas mulheres. Segundo associações feministas na França, só no ano de 2022, 149 mulheres foram vítimas de feminicídio. Já no Brasil o número é extremamente maior, 1.400 mulheres no mesmo ano, sendo que só um terço dos casos brasileiros são solucionados.
O roteiro de Dominik Moll e Gilles Marchand conseguiu adaptar de forma primorosa esse caso brutal, com todas as peculiaridades necessárias, o início da morte da personagem Clara é uma pequena parcela do que está por vir. Toda a investigação por trás do assassinato da jovem só transparece como o machismo pode ser.
Clara acaba se tornando um fantasma para o protagonista Yohan, de certa forma isso é proposital já que a violência masculina e a masculinidade tóxica estão presentes no longa, principalmente entre alguns policiais ou ex-namorados da vítima.
Um dos pontos mais fortes da trama, sem dúvida ficou para as atuações, Bastien Bouillon que vive Yohan, levou o César de melhor ator revelação, ele está magnífico, demonstra muita força em cena, seus cortes ficaram intimistas e reais, outro exemplo de grande atuação fica para Bouli Lanners que interpreta Marceaux, ele também foi laureado como melhor ator coadjuvante.
Conclusão
“A Noite do Dia 12” é um filme extremamente necessário, que mostra como o machismo, a masculinidade tóxica e o feminicídio, podem destruir uma mulher. Com atuações impecáveis o longa se torna uma das grandes estreias do ano.
Confira o trailer:
Ficha técnica:
Direção: Dominik Moll;
Roteiro: Gilles Marchand e Dominik Moll, inspirado no livro de Pauline Guéna;
Elenco: Bastien Bouillon, Bouli Lanners, Anouk Grinberg, Pauline Serieys;
Gênero: Drama, suspense, policial;
Distribuição: Pandora Filmes;
Duração: 115 minutos;
Classificação Indicativa: 16 anos;
Assistiu à cabine de imprensa a convite da Sinny Assessoria