O documentário “Memória Sufocada” retrata a ditadura militar e as torturas que militantes sofreram no Brasil por meio do ponto de vista atual, contando com a primeira equipe de cinema a filmar dentro do DOI-CODI de São Paulo (órgão que tinha como objetivo garantir a segurança nacional a partir do controle das informações e da repressão aos opositores do regime militar). Com direção de Gabriel Di Giacomo, o longa conta com um rico material buscado na internet que se tornou uma regra para a produção, que só usava conteúdos que estavam disponíveis para todos.
“Memória Sufocada” chega aos cinemas nesta quinta-feira (30), véspera do aniversário do Golpe Militar no Brasil. O Cine Brasília receberá, na quinta (30), às 20h30, uma sessão especial do documentário “Memória Sufocada”, com participação do diretor Gabriel Di Giacomo que realizará um debate com o público após a exibição do longa.
O Coronel Brilhante Ustra foi o primeiro militar condenado por tortura no Brasil, apontado como um dos principais agentes da tortura no período da ditadura. Ao declarar o seu voto no processo de golpe contra a ex-presidente Dilma Rousseff em 2016, o então deputado federal Jair Bolsonaro homenageou a memória do Coronel, morto em 2015 aos 83 anos. Para alguns, ele é considerado um torturador, para outros, um herói. O elogio planejado e sádico realizado pelo ex-presidente é sintomático. O documentário se debruça sobre o passado de Carlos Brilhante Ustra, fazendo uma ligação onde o passado do Brasil tropeça no presente.
Um dos pontos mais fortes do documentário são justamente as imagens de propagandas e as entrevistas da época, onde é possível observar como tudo foi orquestrado com perversidade e mentiras para culpar a população por acontecidos como o aumento da inflação, que chegou perto dos 40% ao ano. Também nota-se a forma com que os militantes eram vistos como terroristas. As entrevistas com os presidentes do golpe, como João Figueiredo, o último governante da ditadura (1979-1985), deixam claro qual era a proposta e como tudo foi arquitetado.
As falas atuais também chamam atenção com os militantes que eram contra o golpe, relembrando as atrocidades que aconteciam dentro do DOI-CODI sob os comandos do Coronel Brilhante Ustra, que também foi ouvido e negou os assassinatos e estupros que aconteceram na época.
O documentário ainda aborda os últimos anos da ditadura, fazendo correlatos entre o golpe de 1964 e as eleições de 2018 aos anos de Bolsonaro como presidente da República, com imagens de entrevistas de grandes jornais, onde ele sempre defendia a ditadura e saudava o Coronel Brilhante Ustra como um herói nacional. São quase 60 anos do golpe militar, e muito sobre aquele período obscuro do país ainda é desconhecido. “Memória Sufocada” reconta como esses 21 anos foram violentos e terríveis para a história do povo brasileiro.
Confira o trailer:
Ficha técnica:
Direção: Gabriel Di Giacomo;
Roteiro: Gabriel Di Giacomo;
Gênero: Documentário;
Distribuição: Embaúba Filmes;
Duração: 76 minutos;
Classificação Indicativa: 12 anos;
Assistiu à cabine de imprensa a convite da Sinny Assessoria