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Ciência da Psicologia
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Teoria da Janela Quebrada e seu encaixe na sociedade

Tese pode explicar comportamentos como vandalizar um carro abandonado, sonegar impostos ou até participar de esquemas fraudulentos mais complexos

Demerval Bruzzi (CRP 01/21380)

06/06/2023 10h13

Teoria da Janela Quebrada

Foto: Mali Maeder/Pexels

Em 1969, o psicólogo da Universidade de Stanford Philip Zimbardo, juntamente com sua equipe, deixou dois carros idênticos, da mesma marca, modelo e cor, abandonados na rua. Um veículo ficou no Bronx, bairro localizado em uma zona pobre e conflituosa de Nova York, e o outro em Palo Alto, região rica e tranquila da Califórnia.

Dois carros idênticos, abandonados em bairros com populações muito diferentes e uma equipe estudando as condutas das pessoas em cada local.

O resultado logo foi apresentado: o carro abandonado no Bronx começou a ser vandalizado em poucas horas. As rodas foram roubadas, depois o motor, os espelhos, o rádio, etc. Levaram tudo o que era aproveitável, e aquilo que não puderam levar, destruíram. Já o automóvel deixado em Palo Alto manteve-se intacto, simplesmente.

Mas a experiência não terminou aí. Os pesquisadores quebraram um vidro do automóvel de Palo Alto para ver se isto impactaria de algum modo o experimento. O carro do Bronx já estava desfeito, e o de Palo Alto estava conservado há uma semana.

Ocorreu, então, o impacto no exerimento: com a quebra do vidro do carro deixado em Palo Alto, desencadeou-se o mesmo processo de roubo, violência e vandalismo.

Por que o vidro quebrado no veículo abandonado num bairro supostamente seguro foi capaz de desencadear todo um processo de delitos? Evidentemente, não foi devido à pobreza.

Baseada nessa experiência, nascia a Teoria das Janelas Quebradas.

A Teoria das Janelas Quebradas começou a ser desenvolvida em 1982, quando o cientista político James Q. Wilson e o psicólogo criminologista George L. Kelling publicaram um estudo na revista Atlantic Monthly. Para os autores, a janela quebrada fomenta uma impressão de impunidade, de desleixo, que favorece o criminoso e sua ação, como o ditado popular que diz que “a ocasião faz o ladrão”.

Para Wilson e Kelling, é possível ampliar o cenário da janela quebrada para comunidades mais amplas. É a partir das pequenas brechas que a desordem e a criminalidade podem infiltrar-se numa comunidade, causando a sua decadência e a consequente queda da qualidade de vida.

Partindo desta premissa, não é muito difícil entender alguns comportamentos criminosos de nossa população, que vão desde pequenas sonegações tributárias até complexos esquemas fraudulentos vistos nos últimos anos. O comportamento se justifica, em especial, se pararmos para pensar que, há anos, as janelas do Executivo e Legislativo de nosso país estão “quebradas”, nos restando apenas a esperança no Judiciário. Judiciário este que, por sua vez, no último ano, apresentou-se com seus vitrais estilhaçados…

Até a próxima!

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