Menu
Ciência da Psicologia
Ciência da Psicologia

Imitação inconsciente: como modelamos nossos comportamentos

Os desafios da consciência individual na sociedade moderna e a necessidade de romper com padrões enraizados.

Demerval Bruzzi (CRP 01/21380)

20/02/2024 19h42

In the man’s head, instead of a brain, a puppet is a doll. The concept of addiction, slave, controlled person, tedious employee, clerk, office plankton

Para onde estamos indo?

Esta é uma pergunta recorrente nas conversas do dia a dia nos mais diversos ambientes e também nas redes sociais.

A grande questão é que, para variar, o ser humano não se preocupa com o principal, ou seja, a pergunta subsequente, que deveria ser: – Como chegaremos lá?

A psicologia, por meio da teoria de Jung, apresenta-nos a questão da memória coletiva, onde, por exemplo, guardadas as devidas proporções, poderíamos inferir que advém da ideia de uma propensão mimética que temos enquanto sociedade. Tendemos a expressar uma ação imitativa para facilitar, ou melhor, para aprimorar ainda mais a expansão de ações comportamentais exitosas. Desta forma, a habilidade de cada um se tornaria a capacidade de todos.

A persona dramática incorpora a sabedoria comportamental da história, como, por exemplo, o comportamento dos pais dramatiza a história mimética acumulada para os filhos.

Neste sentido, a fala do atual presidente a respeito de Israel e o holocausto abre espaço para o surgimento de uma narrativa, que contém muito mais informações do que explicitamente apresentou, da mesma forma que desincorpora o conhecimento que existe na latência dos padrões comportamentais envolvidos no evento citado.

Atualmente, a convivência entre gerações com diferentes conhecimentos gera o que podemos classificar como um campo fértil para as mais diversas formas de dissonância cognitiva e/ou ancoragem, como geraram, no passado, a fome e a miséria.

Quando temos figuras referenciais, seja pela autoridade, seja pelo fascínio, tendemos a permitir, enquanto indivíduos, o desenvolvimento de uma narrativa cuja abstração do conhecimento é desincorporada da memória, sendo incorporada em novo comportamento. Ou seja, tendemos a seguir voluntária e cegamente comandos nunca antes imaginados, de forma que a ação da outra pessoa se torna rapidamente algo a ser imitado e, na pior das hipóteses, também ritualizado.

Assim, após o rito compartilhado, temos a modificação do comportamento de uma pessoa pela simples imitação do comportamento de outra. Dessa forma, e a depender da cultura da população, esse processo de modificação pode fazer com que, no decorrer das mudanças sugeridas, haja uma ausência da consciência.

Assim, não seria incorreto pensar que, uma vez estabelecido o ritual social, podemos descrever sua estrutura com o passar dos anos, e consequentemente a modificação da sociedade e seus ritos, como sendo a fundamentação da nova moral. Assim, nasceu o nazismo e, consequentemente, o holocausto.

O sistema por si só provê e se constitui na memória do comportamento. Tal memória inclui a representação imitativa de comportamentos que vão sendo gerados de maneira espontânea no curso da ação individual, cujas circunstâncias originárias exatas se perderam nas brumas da história narrada e não vivida, sendo assim, facilmente integradas como um novo padrão comportamental a ser seguido, travestido de um novo caráter culturalmente determinado. Afinal, o sonho do oprimido é se tornar opressor.

Pensem nisso, pois a psicologia social há tempos nos ensina que: os planos e os fins adquirem importância comparativa, e são organizados em conformidade com a realidade desejada por quem está no poder. Assim, como chegar perde a importância dependendo de até onde se está disposto a ir.

Até a próxima!

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado