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Analice Nicolau
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Transplante de fígado: Paraná é o segundo estado com mais procedimentos realizados pelo SUS

O estado realizou 558 cirurgias para transplante de fígado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em dois anos

Analice Nicolau

02/03/2023 15h30

Atualizada 03/03/2023 11h17

O Paraná é um dos estados brasileiros que mais realiza transplantes de fígado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com dados divulgados pelo DataSus, entre os anos de 2021 e 2022, foram realizadas 558 cirurgias no estado, sendo 249 em 2021 e 301 em 2022, ficando em segundo lugar no ranking de estados brasileiros que mais realizaram essa cirurgia, atrás apenas de São Paulo, que realizou 1.013 procedimentos.

Segundo informações do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT) da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), o Paraná possui oito instituições que realizam esse tipo de transplante. Do total de cirurgias realizadas, 42 foram feitas com doação da parte do órgão de um paciente vivo.

O Dr. Eduardo Ramos, cirurgião especialista em fígado e pâncreas do Instituto de Cirurgia Robótica do Paraná, ressalta que esse é um procedimento de alta complexidade. “Estudos apontam que é uma das mais complexas da cirurgia moderna, pois é necessário realizar a ressecção do órgão e soltá-lo de todas as demais estruturas antes do transplante, em um procedimento demorado e que interfere em muitas funções do organismo no pós-operatório”.

O transplante de fígado é necessário para pacientes que não possuem mais função adequada do órgão, o que é mais comum em casos de cirrose hepática (independente da causa), câncer, doenças hereditárias como a Doença de Wilson e, nas crianças, a atresia biliar.

O Instituto de Cirurgia Robótica do Paraná tem utilizado a plataforma robótica em alguns procedimentos de transplante de fígado. O uso do robô tem como benefício aumentar a segurança e a precisão de uma cirurgia, realizando movimentos em 360º que a mão humana não é capaz, além de oferecer ao cirurgião uma visão ampliada e em 3D da área a ser tratada, o que permite melhor visualização de pequenas estruturas.

O fígado do doador vivo é capaz de se regenerar após a cirurgia de hepatectomia parcial, que remove parte dele. “Geralmente, o indicado é fazer a doação de metade do fígado do paciente, porém, esse cálculo é feito de forma individualizada através de programas de computador, levando em consideração uma série de fatores. A parte mantida do fígado é capaz de crescer e retomar o tamanho original do órgão, a regeneração começa logo após a cirurgia e o retorno ao tamanho normal é esperado em um período de quatro a seis semanas”, explica Ramos.

Câncer de fígado é uma das principais causas de transplante de fígado, principalmente quando são dos tipos carcinoma hepatocelular, tumor neuroendócrino. Além do risco do câncer em si, quase a totalidade dos pacientes (90%) com hepatocarcinoma possuem a cirrose associada, comprometendo ainda mais a saúde hepática.

Apenas no Paraná são esperados 680 diagnósticos de câncer de fígado ao longo do ano, o que representa cerca de dois diagnósticos por dia. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), são 410 casos em homens e 270 em mulheres. Em todo o Brasil devem ser diagnosticados 10.7 mil casos novos.

A previsão é de que o estado seja o sexto com maior incidência, atrás de São Paulo (2.200), Rio de Janeiro (760), Rio Grande do Sul (1.000), Minas Gerais (890) e Bahia (700).

DADOS NACIONAIS – De acordo com um levantamento realizado pelo Ministério da Saúde, o número de transplantes de órgãos no geral registrou uma queda em 2021, na comparação com o ano anterior. Entre janeiro e novembro do ano passado foram feitos 12 mil transplantes e, no mesmo período de 2022, 13 mil procedimentos.

Na comparação mundial, em números absolutos o Brasil é o segundo maior em número de operações de transplante. O país só fica atrás dos Estados Unidos.

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