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Analice Nicolau
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Prestes a completar 10 anos de cirurgia, médico que atendeu André Marques fala sobre o controle prolongado da doença obesidade

Dr Cid Pitombo destaca que após uma década de procedimento é possível que algumas pessoas voltem a ganhar peso. Por isso, o comprometimento com o tratamento e os cuidados com a saúde mental, alimentação e atividade física precisam ser constantes

Analice Nicolau

25/01/2023 17h00

Dr Cid Pitombo destaca que após uma década de procedimento é possível que algumas pessoas voltem a ganhar peso. Por isso, o comprometimento com o tratamento e os cuidados com a saúde mental, alimentação e atividade física precisam ser constantes

O ator André Marques foi recentemente perguntado em uma de suas redes sociais sobre o médico que fez o procedimento de cirurgia bariátrica que lhe garantiu a saúde há 10 anos. O artista fez questão de agradecer o médico responsável, o especialista no tratamento da obesidade Dr Cid Pitombo. André Marques é um excelente exemplo de como o procedimento pode ser uma alternativa nos casos de obesidade mórbida – sobretudo diante do crescente número de pessoas nessa condição no Brasil e no mundo, levando a Organização Mundial da Saúde a falar, inclusive, em epidemia.

“Eu estava diabético, com problemas de saúde e optar pela cirurgia me fez muito bem. Tive medo, tive vontade de desistir, mas deu tudo certo”, disse André Marques, em uma postagem, lembrando que o procedimento o levou a perder mais de 70 quilos. O ator foi responsável também por convencer o amigo Leandro Hassum; o humorista também operou com o médico Cid Pitombo.

“Sei o quanto é difícil para um paciente portador de obesidade tomar a decisão pela cirurgia. Mas o André Marques mostrou que o empenho e a dedicação no cuidado com a saúde, atividade física, saúde mental são fundamentais para todo o processo de tratamento. A cirurgia ajudou muito, mas se não fosse pelos cuidados diários, nestes 10 anos, ele não estaria tão saudável como está hoje”, destaca o dr Cid Pitombo.

Dados da última pesquisa Vigitel, realizada pelo Ministério da Saúde e divulgada este ano, mostram que os números relacionados à obesidade e ao sobrepeso não param de crescer no país. Quase seis em cada 10 brasileiros estavam com sobrepeso em 2021, um aumento de cerca de 2% em relação a 2019. Já o índice de obesidade ficou em 22,35% em 2021, também superior aos anos anteriores e o dobro do registrado há 15 anos. A maioria das pessoas acima do peso são homens, mas as mulheres lideram entre os obesos.

Reconhecida pela Organização Mundial de Saúde como uma doença crônica, a obesidade também é considerada um dos principais problemas de saúde pública atualmente no mundo. Isso porque a doença tem potencial de causar e agravar diversas outras como diabetes, inflamações no fígado, hipertensão arterial, problemas respiratórios, além de aumentar o risco de infarto, AVC e de alguns tipos de câncer.

“Ainda existe muito preconceito e estigma em relação à obesidade e esse paciente precisa justamente do oposto, que é apoio e compreensão, seja de médicos, da família, do seu ciclo social e da sociedade em geral. Por isso, é fundamental abordarmos a obesidade como o que ela é: uma doença que precisa ser tratada com acompanhamento profissional”, lembra o cirurgião bariátrico Cid Pitombo.

Assim como a maior parte das doenças, a obesidade tem tratamento e um dos mais eficazes para os portadores de obesidade mórbida – aqueles que apresentam índice de massa corporal acima de 40kg/m2 ou de 35kg/m2 associado a comorbidades como hipertensão, diabetes, dentre outras – é a cirurgia bariátrica.

“O paciente candidato à bariátrica precisa ser muito bem avaliado por um médico, já que somente esse profissional pode definir qual é a melhor forma de abordar e tratar cada tipo de obesidade. É fundamental entender as condições clínicas e também psicológicas do paciente para sabermos se a indicação é mesmo a bariátrica e se é o melhor momento para fazê-la”, ressalta Pitombo.

Vale lembrar que a cirurgia bariátrica também já tem sua eficácia reconhecida para o controle do diabetes tipo 2. Isso porque, após o procedimento, o alimento passa a chegar mais rapidamente ao intestino, promovendo a liberação de diversos hormônios, entre eles o GLP1. Esse hormônio age sobre o pâncreas, que, por sua vez, passa a produzir mais insulina, fazendo com que o açúcar no sangue diminua.

Conheça os principais tipos de cirurgia bariátrica:

  • Bypass: um dos procedimentos mais realizados no país para tratamento da obesidade mórbida, costuma ser feito por videolaparoscopia, técnica minimamente invasiva. Uma grande parte do estômago é desconectada e, em seguida, a porção restante é ligada ao início do intestino. Nenhuma parte dos órgãos é retirada nessa cirurgia, sendo possível a reversão. Essas alterações levam o paciente a ter menos fome, sentindo-se saciado com pouca ingestão de alimentos. Também diminui a quantidade de calorias absorvidas pelo intestino, levando ao emagrecimento rápido.
  • Banda Gástrica Ajustável: procedimento muito pouco realizado no Brasil, consiste na colocação de uma anel que possuí um balão, no alto do estômago. Tem por objetivo diminuir a ingestão de alimentos, mas tem pior resultado em perda de peso quando comparada a outros métodos.
  • Sleeve: cirurgia autorizada no país há pouco mais de 10 anos somente, consiste em retirar grande parte do estômago deixando em formato de um tubo. Possui perda de peso e resultado no controle da doença metabólico menores que o Bypass.

Perfil do especialista – O médico Cid Pitombo é especialista em tratamentos de obesidade e cirurgia bariátrica por videolaparoscopia, tendo se tornado referência nacional em seu segmento de atuação, com 30 anos de experiência, sendo 22 com bariátricas. Ao longo de sua carreira, realizou cerca de 5,5 mil cirurgias. Entre elas, 3,5 mil foram pelo Programa Estadual de Cirurgia Bariátrica do Estado do Rio de Janeiro entre 2010 e 2020, coordenado pelo médico. É proprietário da Clínica Cid Pitombo, onde realiza atendimento multidisciplinar para tratamento de obesidade, com acompanhamento psicológico e nutricional para cerca de 100 pacientes por mês, de todo o Brasil. Tornou-se ainda mais conhecido ao operar os atores André Marques e Leandro Hassum, que contribuíram fortemente para disseminar a importância da cirurgia bariátrica. Tem mestrado e doutorado em temas ligados a obesidade e é editor do livro Obesity Surgery: Principles and Practice. Mais informações podem ser obtidas pelo site da clínica.

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