Não há dúvida de que o filme da Barbie foi um grande sucesso. No entanto, o longa-metragem da história da boneca mais famosa do mundo também gerou muitas polêmicas. Para a terapeuta e especialista em saúde mental feminina Ana Lisboa, a superprodução de Hollywood expõe o que ela chama de “sombras das mulheres”
Segundo ela, a lição que fica é que “o tempo da guerra precisa acabar. Seja a guerra entre os sexos ou entre nós mesmas”, nas próprias palavras.
“Sombras do universo feminino são trazidas à tona no filme Barbie. Dores extremamente íntimas que temos umas em relação umas às outras e que fingimos não ver como se realmente estivéssemos vivendo em um mundo de ilusões”, opina.
E continua: “Ilusões de corpos perfeitos cheios de filtros, casais incríveis que duram semanas… Narrativas e distrações que mexem com a maior ferida de toda a mulher, o medo de não serem boas o suficiente como a Barbie e serem excluídas. Problemas reprimidos que viram comparação e frustração”.
“O que mais eu atendi nestes anos foram mulheres com medo inconsciente de prosperarem, terem saúde e uma relação feliz. O medo é tanto que o mecanismo de auto sabotagem é quase sinônimo de ‘feminino”, reitera.
“A autosabotagem acontece de muitas formas, cursos e livros comprados e não lidos, roupas com etiqueta, comparações e frustrações, tudo por necessidade de pertencer. Reforça que não aprendemos a confiar umas nas outras. E por essa razão não nos sentimos seguras entre nós”, contrapõe.
“O filme descortina a nuvem de fumaça que nos distrai de nós mesmas e nossas sombras. Revive a ferida que sustenta o patriarcado e traz uma mensagem nítida de que precisamos parar de nos ocuparmos com a guerra entre homens e mulheres e começarmos a observar o caos interno e entre nós mesmas”, conclui.
“Só com clareza e vulnerabilidade teremos uma verdadeira união que ultrapassa a soridade e se torna unidade. A empatia não é um mecanismo necessário somente para a dor. Também podemos ser empáticas e solicitas com o sucesso uma das outras”, termina.