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Além do Quadradinho
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Isabella de Andrade lança o livro “Baixo Paraíso”

Obra traz um tema muito atual: a pressão estética sobre o corpo da mulher e a busca desenfreada por um corpo mais magro

Thaty Nardelli

22/01/2024 12h40

Foto: Divulgação

“Foi o teatro durante a infância que ajudou a despertar meu interesse pela leitura. Antes de iniciar as montagens de espetáculos, sempre tinha o momento de ler as peças em grupo, estudar o texto, personagens. Eu adorava. Acredito que o encanto pelos livros chegou aos poucos. Eu era apaixonada pelas revistinhas da Turma da Mônica, lia muito e adorava essa sensação de mergulhar em uma história”, conta a escritora e jornalista Isabella de Andrade.

“Lembro de achar em casa um livro chamado ‘O Menino no Espelho’, do Fernando Sabino. Li e fiquei emocionada de um jeito diferente, aquela experiência me mostrou que um livro podia me levar para outros lugares”, conta. Nessa época, ainda criança, Isabella escreveu dois livros, um deles já lançado. “Escrevi dois livrinhos, o primeiro em papel e caneta, se chamava ‘Minha Vida’, o segundo, já impresso, se chamava ‘Minha História’”, relembra, nostálgica, Isabella.

Após se formar em Jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB) e passar por redações da capital, Isabella hoje mora em São Paulo e trabalha com comunicação na área cultural. Mas a paixão pela vontade de ser escritora nunca foi esquecida. “Meu primeiro livro veio como resultado de um processo que estava se desenvolvendo na escrita. Comecei a arriscar poemas na adolescência e a experimentar as narrativas e pequenos textos em blogs e na internet”, conta ela. “Até que vi uma autora e jornalista brasiliense que tinha mais ou menos a minha idade, a Juliana Motter, e que tinha publicado um livro pela Patuá. Aquilo me despertou a ideia de que era possível, de que se alguém da minha cidade, com uma experiência e trajetória parecida pudesse publicar um livro, seria possível pra mim também”, completa.

Isabela então começou a escrever seu primeiro livro, ‘Veracidade’, publicado em 2015, ainda em prosa poética, dando os primeiros passos nesse novo espaço de criação. Após finalizar seu primeiro livro, ela teve a certeza que gostaria de seguir nesse caminho. “Lançar o primeiro livro, com 25 anos, rodeada de pessoas queridas, me disparou uma sensação de certeza e pertencimento muito forte”, revela a escritora.

Seu segundo lançamento, “Pelos Olhos de Ver o Mar”, foi em 2019. “Foi um processo mais solto e experimental, como se fosse um primeiro aprendizado com a escrita, com a narrativa em prosa que vai se desenvolvendo em mais páginas, mesmo que de forma não linear”, conta a brasiliense. Para Isabella, a publicação tem um ar de novela, uma primeira história onde ela aprendia a desenvolver o contorno das cenas, a relação entre as personagens.

Processos e ideias

“É sempre difícil falar de processo criativo, mas tenho entendido melhor o meu próprio caminho nos últimos anos. Gosto de resgatar paisagens que gosto e me permitir explorar esses lugares”, conta Isabella. Já seus personagens, segundo ela, começam da relação com um determinado espaço.

Para Isabella, a leitura ajuda muito na construção de suas histórias, como o se fosse o “aquecer das máquinas, uma forma de ligar as turbinas”. Para além da escrita, Isabella exalta que ler é como se fosse, ainda, para para aquecer o corpo, para colocar seu estado de espírito naquele estado de criação.

“Sempre tenho meu caderno ao lado. Aos poucos as ideias começam a ser anotadas de forma solta. São parágrafos diversos, situações aleatórias”, revela. Grande parte de suas personagens começam a ganhar vida em situações específicas e, depois dela mergulhar um em suas anotações para, então, começar a construí-las. ”Gosto de abrir um arquivo e colocar um título, mesmo que provisório. Isso me dá a sensação de que o livro ganhou vida, de que aquele é o novo espaço para a história começar a se desenrolar”, explica a escritora.

No próximo sábado (27), Isabela lança na capital seu terceiro livro na Livraria Circulares, na 103 Norte, às 16h, “Baixo Paraíso”, que traz um tema muito atual: a pressão estética sobre o corpo da mulher e a busca desenfreada por um corpo mais magro. “Esse é um tema muito presente na minha vida. Já engordei e emagreci muitas vezes, sempre em busca de dietas, como numa luta eterna contra o próprio corpo”, revela. “Então posso dizer que já vivi muito dessa pressão estética  e sempre foi um tema que me tocou bastante. Eu colocava a pontinha do pé na água e agora, em ‘Baixo Paraíso’, consegui mergulhar de vez”, adianta a escritora.

 

Elas na Escrita

Isabella também é idealizadora do projeto “Elas na Escrita”, um espaço criado especialmente para mulheres debater e refletir sobre o que escrevem. Ela começou a acompanhar a #leiamulheres e, como gosta de criar conteúdo e escrever também além da literatura, foi instigada a criar esse novo espaço.

“Olhei para a minha estante em busca de referências e livros preferidos e percebi que, assim como grande parte das livrarias, bibliotecas e estantes naquele tempo, ela estava quase que completamente ocupada por homens”, conta sobre o surgimento do projeto.

Para ela, essa questão tem melhorado nos últimos anos, com o reconhecimento de prêmios e mais mulheres ocupando espaços na literatura. Atualmente o projeto conta com site, página no Instagram e Podcast. Para conferir, basta acessar o site www.elasnescrita.com. “A gente contribui para uma literatura e forma de ver o mundo mais plural. Mas o ideal é que essa diversidade se amplie cada vez mais, trazendo para as prateleiras mais mulheres negras, indígenas, de diferentes regiões e trajetórias”, finaliza Isabella.

Acompanhe mais da escritora e jornalista Isabella de Andrade:
Instagram | site oficial

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