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Professor M.

O Cisne Negro das Organizações

O Cisne Negro surgiu quase que inesperadamente para organizações, gestores públicos e privados, profissionais, trabalhadores, cidadãos e sociedade.

Prof. Manfrim

12/04/2020 22h09

Atualizada 13/04/2020 13h46

 

Por muitas décadas, acreditava-se que existiam apenas Cisnes Brancos na natureza. Em 1697 houve o primeiro avistamento de um Cisne Negro, na Austrália, algo até então improvável. Em 2007 o ensaísta e pesquisador libanês radicado nos EUA, Nassim N. Taleb, publicou um livro com o mesmo nome, um paralelismo a eventos raros e difíceis de previsão pelas organizações.

“Nassim Nicholas Taleb define no livro que cisne negro é um acontecimento improvável, e […] que é impossível tentar antecipar e prever o futuro, já que aquilo que conhecemos é muito menor em relação ao que não conhecemos” (WIKIPEDIA, 2019).

Comenta ainda que “[…] uma pessoa deve lidar com eventos inesperados em um mundo imprevisível e que elas tenham a consciência e aceitem que esses eventos, uma hora ou outra, acontecerão” (WIKIPEDIA, 2019).

Nesse sentido, o surgimento dessa pandemia 2019/2020 pode ser considerado um evento do tipo “Cisne Negro”, até previsível, mas difícil de predizer todos os impactos que estamos vendo e vivenciando.

Vamos refletir sobre alguns aspectos desse momento:

I – Serviços x Indústria x Agropecuária.

Estão surgindo indícios de que as economias baseadas em serviços estão sendo mais afetadas negativamente pela crise do que as mais fortes na produção industrial e agrícola. Também existem projeções prevendo que elas demorarão mais tempo para se recuperar em comparação às economias que possuem mais trabalhadores na indústria e no campo.

Grande parte da área de serviços foi afetada diretamente pelo isolamento social, implicando na paralização total, ou quase a totalidade, de suas atividades. O setor de serviços respondeu por 62,6% do PIB Brasileiro em 2018.

 

O Setor de Serviços engloba atividades como comércio, turismo, serviços financeiros, jurídicos, informática, comunicação, arquitetura, engenharia, auditoria, consultoria, propaganda, publicidade, seguridade, corretagem, transporte, armazenagem, segurança, saúde e educação privada.

Não podemos esquecer de atividades relacionadas a cultura (museus, teatros, galerias, etc.), entretenimento (parques, cinemas, shows, festas, etc.) e desportivas (jogos, meeting, competições, etc.). Basta lembrar de exemplos como Orlando e Las Vegas-EUA e Paris-França.

Assim, fica límpido imaginar um espectro, ou uma régua de medida, do quanto foram impactadas pela paralização de suas atividades por conta da pandemia, da quantidade de empresas, funcionários e profissionais liberais impactados.

Afinal, será que os países vão rever seus planejamentos estratégicos econômicos de desindustrialização local?

Os setores Industrial e Agropecuário ganharão mais atenção e investimentos público-privado de seus próprios países?

Poderá crescer o ‘nacionalismo alimentar’ – a retração de exportação de alimentos dos países produtores?

Para ajudar nessas reflexões, visite os artigos ‘Serviçolização, a Megatendência Econômica’ e ‘Negócios de recorrência, a realidade da serviçolização’.

II – Terceirização da produção para outros países.

Pode ser uma tendência de retração, reversão ou revisão da estratégia das organizações de migração da produção para países com custo menor, que é o caso dos países asiáticos. Uma tendência que se consolidou nos anos 1980 e 1990 do século XX, e permanece até os dias de hoje.

Com o fechamento das fronteiras, por conta da pandemia, surge a percepção da dependência de um portfólio grande de produtos industrializados extrafronteiras, produzidos em outros países/continentes, girando um volume enorme de importações e exportações mundo afora.

A perseguição pelos baixos custos de produção e a consequente ampliação das margens de lucro, levou organizações de diversos tamanhos da América do Norte e Europa a buscarem os países asiáticos como alternativa viável a essa estratégia.

Dessa forma, outro movimento forte surgira, a Globalização, conceituada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) como: comércio e transações financeiras, movimentos de capital e de investimento, migração e movimento de pessoas e a disseminação de conhecimento globalmente.

“Essa globalização caracteriza-se por aumentos significativos no intercâmbio comercial e financeiro, dentro de uma economia internacional crescentemente aberta, integrada e sem fronteiras” (MARTINE, 2005).

“Foi na década de 1970 que a terceirização da produção manufatureira dos países centrais para as economias com baixos salários no leste asiático – Coreia do Sul, Taiwan, Hong Kong e Cingapura, seguidos depois por outros, como Malásia e Tailândia – surgiu como solução para aumentar o lucro das corporações do centro” (NUNG, 2018).

E não foi apenas a produção de bens de capital que migrou. Vale lembrar dos Call Centers que migraram também para além fronteira dos países de origem de suas organizações, com os ‘serviços’ seguindo o mesmo movimento.

Enfim, as organizações irão (ou, deveriam) rever a estratégia de terceirização da produção de bens e serviços para outros países?

Afinal, irá ocorrer uma (i) retração, (ii) reversão ou (II) revisão pelas organizações sobre a migração da sua produção de bens e serviços para outros países?

III – Phygital Business

Está ficando evidente que as organizações que dominavam ambos os ambientes (Físico e Digital) de negócios, dentro do conceito de Phygital, se adaptaram mais rapidamente às condições de comercialização on-line com a pandemia e o isolamento social.

A palavra Phygital, termo originalmente criado da contração de duas palavras do inglês, Physical (Físico) e Digital (Digital), compreende a junção do físico e do digital na experiência e jornada do cliente com uma organização.

Não apenas integrar as estratégias de negócios para o Phygital e unificar as ações de marketing, considerando o físico e o digital, o mundo virtual e material da organização precisam ser uníssonos no relacionamento com o cliente.

As organizações que conseguiram de forma plena, absoluta e ampla o Phygital conseguiram se ajustar e se moldar rapidamente ao tsunami de momento de negócios no mundo virtual. Virar a chave ficou muito mais fácil e fluído.

Vamos imaginar essa relação Físico e Digital como uma balança, onde cada qual é um peso nos extremos. Conseguimos idealizar a fluência das mudanças das atividades organizacionais para as empresas que já haviam internalizado o Phygital.

 

Definitivamente um aprendizado irá ficar: participar do universo digital é essencial no mundo dos negócios do século XXI, não importando de forma intensa ou comedida, o importante é ‘estar’.

Afinal, quantas organizações irão ficar fora do Phygital depois dessa pandemia?

Qual o peso do ‘físico’ na balança do Phygital depois da pandemia?

Para ajudar nessas reflexões, visite a os artigos ‘Phygital marketing: um desafio promissor às organizações’ e ‘Phygital Skills, o futuro do trabalho’.

E o próximo Cisne Negro?

A primeira pandemia do século XXI trouxe sensações e desejos de recomeços, reinícios, renovações e realizações pessoais, profissionais, organizacionais e sociais.

Sim, a “primeira pandemia”! Não será nenhuma surpresa outro ‘Cisne Negro’ aparecer no Planeta Socioeconômico Terrestre, em um mundo de diversidades e integração ampla.

O próximo Cisne Negro pode pousar a qualquer momento, em algum lugar do planeta terra, lá, acolá, além, aqui, aquém, cá… Quem sabe!?

Nassim N. Taleb disse que “[…] um profeta não é alguém com visões especiais, apenas alguém cego para a maior parte das coisas que os outros veem”.

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Prof. Manfrim, Luiz R.

Compulsivo em Administração (Bacharel). Obcecado em Gestão de Negócios (Especialização). Fanático em Gestão Estratégica (Mestrado). Consultor pertinente, Professor apaixonado, Inovador resiliente e Empreendedor maker.

Explorador de skills em Gestão de Projetos, Pessoas e Educacional, Marketing, Visão Sistêmica, Holística e Conectiva, Inteligência Competitiva, Design de Negócios, Criatividade, Inovação e Empreendedorismo.

Navegador atual nos mares do Banco do Brasil, UDF/Cruzeiro do Sul e Jornal de Brasília. Já cruzou os oceanos do IMESB-SP, Nossa Caixa Nosso Banco (NCNB) e Cia Paulista de Força e Luz (CPFL).

Freelance em atividades com a Microlins SP, Sebrae DF e GDF – Governo do Distrito Federal.

Contato para palestras, conferências, eventos, mentorias e avaliação de pitchs: [email protected].

? Linkedin – Prof. Manfrim

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